Bacia do Rio Verde Grande sofre com queda nas chuvas, redução na vazão dos rios e nas recargas dos aquíferos
Bacia do Rio Verde Grande sofre com queda nas chuvas, redução na vazão dos rios e nas recargas dos aquíferos
Estudos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) foram apresentadas, nos dias 12 e 14 de agosto, em Montes Claros (MG) e Carinhanha (BA)
Montes Claros (MG) – Os recursos hídricos na Bacia do Rio Verde Grande, na região norte de Minas Gerais e no oeste da Bahia, estão cada vez menores. É o que indica estudo realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Os resultados, do trabalho realizado ao longo de seis anos, foram apresentados nos dias 12 e 14 de agosto em seminários nos municípios de Montes Claros (MG) e Carinhanha (BA).
As conclusões fazem parte do projeto "Estudos para a Implementação da Gestão Integrada de Águas Superficiais e Subterrâneas Na Bacia Hidrográfica do São Francisco: Sub-Bacias dos Rios Verde Grande e Carinhanha". Iniciativa que propõe nortear a implementação da gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas para garantir o uso sustentável dos recursos.
“Foi constatada a redução das chuvas, das vazões dos rios e das recargas dos aquíferos. Diante desse cenário, foram propostos indicadores para a avaliação contínua de parâmetros hidrológicos e hidrogeológicos, com o objetivo de orientar a gestão e adequá-la às novas condições identificadas”, explicou a pesquisadora em geociências do SGB Viviane Cunha.
Durante os seminários, os pesquisadores do SGB apresentaram os diagnósticos e as orientações para apoiar políticas públicas. Entre as diretrizes sugeridas, estão o monitoramento contínuo do comportamento hídrico da bacia, a determinação das reservas explotáveis de água subterrânea, a identificação de áreas críticas em termos de balanço hídrico e o uso de indicadores de chuva e recarga para modular cenários de uso futuro.
Gestão integrada inovadora
A pesquisadora em geociências Maria Antonieta Mourão, assessora da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial, reforçou que o modelo de gestão proposto é inovador por permitir a flexibilização das regras de uso da água de acordo com indicadores climáticos, como chuva e recarga, associados ao armazenamento subterrâneo monitorado em dez poços com sistema de telemetria. Esses poços foram instalados pelo SGB para o estudo e permitem avaliar a relação entre águas superficiais e subterrâneas. “É um legado deixado para a bacia”, enfatizou Maria Antonieta.
De acordo com ela, os resultados evidenciam que “não há gestão de recursos hídricos sem monitoramento”. Maria Antonieta reforçou a necessidade de ampliar a rede de observação e de estimular a colaboração dos usuários locais, para que compartilhem informações e dados já disponíveis.
Os resultados apresentados fazem parte de um estudo realizado ao longo de seis anos com mais de 70 pesquisadores envolvidos: “O acervo de dados que temos é algo excepcional, poucas bacias do Brasil têm tantas informações e tratadas de forma tão criteriosa, buscando entender a dinâmica hídrica na bacia e trazer propostas que permitam a segurança hídrica para uma bacia que é quase integralmente dependente da água subterrânea”, enfatizou a assessora da DHT.
Uso sustentável da água
A Bacia do Rio Verde Grande possui forte vocação agrícola, especialmente para a produção de frutas irrigadas, e depende quase totalmente da água subterrânea. Por isso, a adoção de práticas de gestão integrada é fundamental para conciliar produção, abastecimento humano e preservação ambiental.
Com uma área de 31 mil km² e população superior a 950 mil habitantes, a bacia enfrenta um histórico de conflitos pelo uso da água desde a década de 1980. Os estudos conduzidos pelo SGB e pela ANA oferecem, pela primeira vez, um acervo robusto de dados hidrológicos e hidrogeológicos, tratados de forma criteriosa, que servirão como base para políticas públicas voltadas ao uso racional e sustentável da água.
Os seminários reuniram representantes da sociedade civil, produtores rurais, instituições públicas, organizações não governamentais, universidades e órgãos gestores federais, estaduais e municipais. O objetivo foi apresentar os resultados dos estudos e abrir o diálogo para a construção conjunta de estratégias que assegurem a segurança hídrica da região.
Realizaram apresentações nos eventos, representando o SGB, o superintendente Regional de Belo Horizonte, Marlon Coutinho, a pesquisadora Camila Mattiuzi e os pesquisadores Éber José de Andrade Pinto, Fernando Carneiro, Márcio Cândido e Roberto Kirchheim. Também participaram as especialistas em regulação de recursos hídricos e saneamento básico da ANA Márcia Gaspar e Letícia de Moraes, e o diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca.
Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
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