Depósito de ilmenita no Rio Grande do Sul é destaque em estudo internacional

23/04/2025 às 18h09
Ouvir Notícia

Resultados foram comparados com ilmenitas de outras partes do mundo, oferecendo uma visão mais ampla do potencial desse recurso brasileiro

Divulgação/SGB

São José do Norte (RS) – Um artigo publicado no Journal of South American Earth Sciences analisou a composição e o estado de alteração da ilmenita — mineral importante utilizado na produção de titânio — encontrado no depósito de São José do Norte, na Planície Costeira do Rio Grande do Sul. O estudo Mineralogical evaluation of a new global ilmenite resource from the coast of southern Brazil utilizou técnicas como microsonda eletrônica e análise de suscetibilidade magnética para compreender melhor as características desse mineral. Acesse aqui

O objetivo da pesquisa foi entender como o intemperismo — processo natural de alteração das rochas — modifica a composição e o comportamento da ilmenita. Essas mudanças interferem diretamente no processamento metalúrgico e, consequentemente, na viabilidade econômica do aproveitamento do depósito.

De acordo com Lucy Takehara, pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o grande diferencial do trabalho está na análise detalhada dos diferentes graus de alteração da ilmenita e em como isso afeta suas propriedades físicas e químicas. “Os resultados foram comparados com ilmenitas de outras partes do mundo, oferecendo uma visão mais ampla do potencial desse recurso brasileiro”, informou.

O depósito de São José do Norte é considerado um recurso de classe mundial, com grande volume e alto teor. Por isso, estudos como este são essenciais para garantir o melhor aproveitamento do minério. A implantação da atividade mineradora na região pode contribuir significativamente para o aumento da produção de titânio no Brasil, além de gerar emprego, renda e fortalecer a indústria nacional de minerais pesados.

Resultados

Entre os principais achados, os pesquisadores destacam que, quanto maior o grau de alteração da ilmenita, menor é sua suscetibilidade magnética. Isso pode dificultar processos de separação magnética, amplamente utilizados na mineração. Por outro lado, os grãos mais alterados apresentaram maior concentração de TiO₂ (óxido de titânio), o que pode exigir mudanças na rota de tratamento do minério.

Compreender essas variações permite ajustar o planejamento dos processos de beneficiamento mineral, otimizando a recuperação de titânio e evitando perdas durante o processamento.

A pesquisa foi realizada em parceria entre especialistas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Curiosidade
Embora o aumento no teor de TiO₂ pareça vantajoso, ele vem acompanhado de mudanças nas propriedades físicas do mineral, o que exige adaptações nos processos de beneficiamento e no tratamento do minério. Ou seja, mais TiO₂ não significa necessariamente mais facilidade no processamento.

Simone Goulart
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 

Outras Notícias

Rede LAMIN retoma análises de águas minerais, mas enfrenta restrições orçamentárias

Rede enfrenta cortes orçamentários, mas mantém atendimentos e negocia recomposição de recursos

10/09/2025

SGB defende importância de pesquisas para desenvolver cadeia produtiva de minerais estratégicos durante audiência no Senado

O diretor de Geologia e Recursos Minerais, Valdir Silveira, falou sobre a atuação do SGB em debate promovido pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática

10/09/2025

Guaratuba (PR) recebe pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil para estudos sobre erosões costeiras 

Trabalho faz parte da segunda fase de campo do projeto Dinâmica Costeira no município e será realizado até sexta-feira (12)

10/09/2025