Desertos
Desertos
18 agosto 2014
Pércio de Moraes Branco
Pode-se chamar de deserto qualquer região estéril que sustente poucas formas de vida. Assim definido, são desertos, por exemplo, a Antártida (Fig. 1) e a Groenlândia.
Comumente, porém, considera-se deserto uma região que é estéril por ser árida ou seca, como o deserto de Atacama, no Chile. Neles, é comum chover menos de 130 mm por ano, chuva que, além de ser pouca, cai de modo irregular.
Aproximadamente 20% da superfície continental da Terra são áreas desérticas, o que mostra a importância desse ambientes. Eles estão presentes em todos os continentes, exceto a Europa.
O clima desértico
O clima nos desertos quentes caracteriza-se por ampla variação da temperatura ao longo do dia, principalmente nos desertos situados próximo ao equador. Temperaturas acima de 38 ºC são comuns no verão e em Azizia, na Líbia, já foram registrados 58 ºC.
Nos desertos situados longe da faixa equatorial, porém, pode fazer frio no inverno. Em Luktchin, na Ásia Central, a temperatura média em julho é de 32 ºC, mas em janeiro é de apenas -10,6 ºC.
Os dias costumam ser quentes nos desertos porque não há nuvens para atenuar o calor do Sol, e as noites costumam ser frias porque a mesma falta de nuvens impede a retenção do calor que aqueceu o solo durante o dia.
Embora normalmente sejam secos, com umidade relativa do ar entre 5% e 15%, alguns têm elevado grau de umidade. Na Namíbia, por exemplo, ela varia entre 60% e 100%.
Os desertos situados longe do litoral costumam ser ventosos, obrigando os viajantes a uma luta permanente contra a areia que o vento levanta, e que penetra
nos ouvidos, garganta e olhos. Pior ainda é quando há tempestades de areia, capazes de tapar completamente o céu.
A Fig. 2 mostra, em imagem de satélite, o deserto do Saara, no norte da África, o maior deserto quente do mundo.
Fauna
Sendo os desertos regiões onde chove pouco, são neles limitadas as possibilidades de vida. Mas, essas regiões frequentemente abrigam uma fauna mais diversificado do que se imagina, porque muitos animais costumam ficar ocultos, principalmente durante o dia. Predominam ali os roedores (ratos, cangurus), répteis (serpentes e lagartos) e insetos.
O camelo é o mais útil e o mais conhecido dos animais do deserto. Sua compleição física lhe permite viajar longas distâncias sem beber água, carregando pessoas e/ou mercadorias.
Vegetação
Os desertos normalmente têm uma cobertura vegetal esparsa porém muito diversificada. O deserto de Sonora, no sudoeste americano, é o que tem a vegetação desértica mais complexa da Terra.
Poucas partes de uma área desértica são totalmente estéreis. Onde a água do solo chega à superfície, surge uma grande variedade de plantas. Após uma chuva, a vegetação nasce rapidamente, crescendo de modo descontínuo.
Para sobreviver nesse ambiente, as plantas devem ser resistentes à seca e à salinidade, tais como são as xerófitas (xerox, significa seco e phytos é planta). Sua adaptação ao clima desértico dá-se de várias maneiras: algumas dependem da chuva e, quando esta vem, florescem rapidamente, lançam sementes dentro de poucos dias e então morrem; as que dependem da água subterrânea, desenvolvem longas raízes; os cactos enrolam suas folhas, formando espinhos, de modo a não perder água por evaporação.
Solo
Geralmente, imagina-se que o solo dos desertos é arenoso, mas só nem sempre é assim. Há desertos pedregosos, como o de Atacama, no Chile, por exemplo.
Mesmo no mais arenoso de todos eles, o deserto da Arábia, as dunas ocupam só cerca de 30% da extensão.
Elas podem ser, portanto, uma feição espetacular, como no deserto da Líbia (Fig. 3), mas não são tão comuns quanto se crê.
No sudoeste dos Estados Unidos, as dunas ocupam menos de 1% da superfície.
Os solos de desertos são pobres em matéria orgânica, têm granulação grossa e são altamente mineralizados. Podem surgir grandes depósitos de sal quando ocorre repetida acumulação de água em certas
Embora usualmente árido, o solo de um deserto pode ser fértil, dependendo apenas da existência de água.
O caliche é uma rocha sedimentar típica de desertos,formada de nódulos ou grãos de nitrato de sódio (5% a 30%), com cloreto de sódio, sulfato de sódio e sais de potássio, magnésio, iodo e cálcio. É a principal fonte de iodo.
As areias, sejam de deserto, de praia ou de rios, são, na sua imensa maioria, compostas praticamente só de quartzo. Há, porém, areias de gipsita (sulfato de cálcio hidratado), como no se vê no Novo México (EUA), mostradas na Fig. 4.
Água no deserto
A vida só é possível, em desertos, onde existe água, os chamados oásis. Embora essa água possa ser obtida através de poços rasos, usualmente está a profundidades bem maiores do que nas áreas úmidas, exigindo poços profundos.
Os rios que nascem em regiões chuvosas situadas fora do deserto são os melhores fornecedores de água para irrigação. Felizmente, todos os grandes desertos, exceto o da Austrália, são atravessados por esse tipo de rio, dos quais o mais conhecido é o Nilo, no Egito. Mas, há também o Tigre e o Eufrates, no Iraque, e o Colorado, nos Estados Unidos, por exemplo.
Relevo
As áreas desérticas variam muito no seu aspecto superficial. Podem ter montanhas, platôs ou planícies, por exemplo. Grandes áreas arenosas, que parecem um mar de areia, são chamadas de ergs. Platôs rochosos são chamados de hammadas.
A erosão dá-se principalmente por ação do vento (erosão eólica).
Uso da terra e subsistência
A população humana que vive em desertos é pouco superior a 85 milhões de pessoas, o que da uma densidade populacional de apenas 3,1 habitantes por quilômetro quadrado. Somente as áreas irrigadas no baixo curso do rio Nilo têm uma densidade populacional elevada.
Os oásis são intensamente cultivados, produzindo principalmente figo, trigo, arroz, feijão e cevada. Mais recentemente, outros cultivos têm surgido, como algodão e cana-de-açúcar.
Nos Estados Unidos, os oásis são aproveitados principalmente para produção de frutas cítricas, vegetais de inverno, algodão e tâmaras.
Para isso, cada vez mais se faz necessário otimizar o aproveitamento da água, escassa e preciosa nessas áreas.
A salinização do solo é um problema sério, que tem merecido a atenção de diversas nações. Em Israel, em vez de simplesmente abandonar as terras salinizadas, busca-se introduzir o cultivo de espécies com alta tolerância ao sal.
Nas terras áridas da África e Ásia, há populações nômades, que se deslocam continuamente em busca de pastagens para o gado.
O progresso tem mudado a vida nos desertos. As lavouras irrigadas vêm sendo abastecidas por água proveniente de grandes rios, através de gigantescos sistemas de canalização. Oásis aonde antes só se chegava de camelo, hoje dispõem de aeroportos e postos de gasolina.
Outras áreas desérticas vêm sendo ocupadas para extração de petróleo, em países como a Arábia Saudita, Iraque e Irã, e gigantescas minas de cobre e de outros metais existem em desertos da América do Norte e do Sul. Além disso, há minerais que se formam exatamente em áreas desérticas, como nitrato de sódio, o mais valioso, e que é extraído em larga escala no norte do Chile.
Não se pode deixar de lembrar também, a importância dos desertos como destino turístico. O Monument Valley, nos Estados Unidos (Fig. 5) e o deserto de Atacama (Fig. 6), no Chile, são dois exemplos.
Fig. 5 - Monument Valley (EUA)
Fig. 6 - Deserto de Atacama (Chile)
Os dez maiores desertos do mundo
Deserto | Superfície(km2) |
1º Antártida | 14.000.000 |
2º Saara (África) | 9.000.000 |
3º Arábia (Ásia) | 1 300 000 |
4º Gobi (Ásia) | 1 125 000 |
5º Kalahari (África) | 580 000 |
6° Grande deserto de areia (Austrália) | 414 000 |
7° Kara kum(Ásia) | 350 000 |
8° Taklamakan shamo (Ásia) | 344 000 |
9° Deserto da Namíbia (África) | 310 000 |
10° Thar (Ásia) | 260 000 |
Curiosidades
Fig. 7 – O saguaro
O gigantesco cacto chamado saguaro (Fig. 7), que vive no deserto de Sonora, cresce lentamente, mas pode viver duzentos anos. Com nove anos de idade, ele tem apenas cerca de 15 cm de altura e só aos 75 anos desenvolve seus primeiros ramos. Quando totalmente adulto, o saguaro chega a 15 metros de altura (equivalente a um edifício de cinco andares) e pesa quase 10 toneladas.
Fontes
COMPTON’S Interactive Encyclopedia. [s.l.], Compton’s NewMedia, 1992.WIKIPÉDIA em português.
Fotos
P. M. Branco (Fig. 6) e Wikipédia (as demais)