Características e Usos das Pedras Ornamentais

Pércio de Moraes Branco



Pedras ornamentais (ou pedras decorativas) são rochas e minerais usados para decoração de interiores, na forma de objetos ornamentais (cinzeiros, porta-copos, pesos de papel, etc.) ou em acabamentos arquitetônicos (lajotas, frisos, blocos, etc. para pisos, paredes, fachadas, pedestais e outros fins).

Para a confecção de objetos ornamentais, são usados principalmente minerais: quartzo (nas suas diversas variedades, incluindo a ágata), sodalita, rodonita, dolomita, calcita, alabastro, serpentina, etc.


Para acabamentos arquitetônicos, usam-se sobretudo mármores e granitos (as duas principais categorias), bem como basaltos, quartzitos, ardósias e algumas outras rochas.


Diferem as pedras ornamentais das pedras preciosas porque estas são usadas para adorno pessoal. Há substâncias como o quartzo róseo e a ágata, porém, que podem ser usadas tanto como pedras decorativas como em adornos pessoais, embora um dos usos seja predominante.

Os termos mármore, granito e basalto têm, no mercado de pedras ornamentais, uma abrangência maior do que em Geologia. Assim, basalto designa diversos tipos de rocha que, embora tenham em comum a origem (vulcânica ) e a cor (usualmente cinza), diferem um pouco em sua composição, podendo ser basaltos propriamente ditos, riolitos, dacitos e principalmente riodacitos. Já os chamados mármores, embora tenham todos uma composição essencialmente carbonática, podem ser não apenas mármores, mas também calcários e dolomitos. Os granitos, por fim, incluem todas as demais rochas passíveis de polimento e abrangem, além de granitos, riolitos, sienitos, gnaisses, migmatitos, monzonitos, charnockitos, etc.


Para obter blocos de granito, a rocha deve ser cortada em três direções. Os basaltos, quartzitos e ardósias, por ocorrerem na natureza em estratos, necessitam de corte apenas em duas direções.
Ardósias não são adequadas para polimento, por sua baixa dureza. Alguns quartzitos também não admitem polimento por serem muito friáveis. Ambos, porém, podem ser envernizados.


As características que determinam a qualidade da pedra ornamental são a resistência, a resposta ao polimento e obviamente a beleza.


Ao se falar em resistência, deve-se avaliar o comportamento que a rocha tem quando submetida a alterações químicas, congelamento, calor e risco.
A alteração química é fácil em rochas que contêm sulfetos (pirita, calcopirita, marcassita e outros), minerais que sofrem oxidação, alterando a cor da rocha e promovendo o aparecimento de manchas escuras.


A resistência ao congelamento é importante em regiões onde as temperaturas chegam a 0 oC. Rochas porosas podem armazenar água que, por congelamento, sofre dilatação, originando fraturas.


A resistência ao calor é importante porque as rochas se dilatam quando aquecidas e, ao resfriar, contraem-se mas sem voltar às dimensões originais. Há, portanto, uma dilatação permanente que a leva a expandir-se cada vez mais, podendo vir a se fraturar.

Peças de diferentes rochas com 50 cm de espessura, quando aquecidas de 0 oC a 100 oC e depois resfriadas à temperatura original, mostram as seguintes dilatações permanentes:


Granito e mármore 0,22 mm

Calcário dolomítico 0,17 mm

Arenito 0,11 mm.


Quando o aquecimento é levado a 800 oC e é seguido de brusco resfriamento, os quartzitos e arenitos resistem bem, mas alguns granitos fraturam-se.


A resistência ao risco depende da dureza dos minerais que compõem a rocha. É muito baixa, por exemplo, em ardósias e alta em quartzitos compactos. Depende também do grau de coerência dos cristais que a formam.


Considerando-se todas as variáveis citadas, pode-se dizer que as rochas mais resistentes são os granitos e quartzitos, que resistem às intempéries por mais de 200 anos. Mármores de granulação fina duram 50 a 100 anos, calcários fossilíferos podem durar apenas 20-40 anos e certos arenitos de cimento ferruginoso alteram-se já após cinco anos de exposição ao tempo.


O grau de resistência das rochas pode impedir seu uso em decoração de exteriores mas ser aceitável, por exemplo, para paredes internas. Tal é o caso de rochas porosas em regiões de clima frio.

O quartzo róseo não é adequado para revestimentos externos porque sua cor enfraquece sob a ação do Sol; para uso em interiores, também há problemas, pois costuma ter arestas cortantes e o seu polimento é excessivamente oneroso.


Podem sofrer alteração de cor também granitos vermelhos, rochas ricas em sulfetos, mármores negros e ardósias de cores verde e vermelha.


Os quartzitos micáceos (os comercialmente chamados de Pedra Caxambu e Pedra São Tomé, por exemplo) são maus condutores de calor, o que recomenda seu uso nas calçadas em torno de piscinas. O diabásio, ao contrário, em dias bem quentes concentra muito calor, podendo tornar impossível o trânsito de pedestres descalços.

Os basaltos com dendritos são, muitas vezes, de grande beleza, mas não podem ser polidos porque os dendritos são finas películas superficiais. A alternativa é o uso de verniz.