Terra Indígena Yanomami: Serviço Geológico do Brasil divulga resultados de pesquisas que contribuem para promoção da saúde

09/08/2023 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Levantamentos geoquímicos ambientais revelam informações sobre a presença de metais pesados nas águas e sedimentos fluviais e nos solos

 Amostragem de águas fluviais no igarapé Ariabu. A tonalidade avermelhada já é indicativa do caráter naturalmente ácido das águas (Foto: SGB)

Estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelam dados sobre a presença de metais pesados em áreas específicas da Terra Indígena Yanomami, nos estados do Amazonas e Roraima. As pesquisas, realizadas em 2022 e 2023, buscaram identificar principalmente contaminações por mercúrio, devido aos relatos de existência de garimpo de ouro na região. Os resultados dos trabalhos são apresentados nos relatórios do “Levantamento Geoquímico Ambiental no Entorno das Comunidades Indígenas Maturacá e Ariabu” e do “Levantamento Geoquímico Ambiental na Bacia do Rio Mucajaí”, ambos disponíveis no Repositório Institucional de Geociências (RIGeo). Com as pesquisas, o SGB gera subsídios importantes para elaboração de políticas públicas voltadas à saúde da população indígena e ao meio ambiente. A partir dos dados, é possível identificar a concentração de metais pesados no solo, nas águas fluviais e em sedimentos de fundo de rios e lagos, além de apontar a possível origem dos eventuais contaminantes. O consumo de água e alimentos contaminados, como os peixes, afeta a saúde das pessoas, prejudicando principalmente rins, fígado, sistema digestivo e sistema nervoso. “À medida que o mercúrio vai se acumulando na cadeia trófica alimentar, o nível de exposição humana e ambiental vai aumentando, e os efeitos da exposição aguda e crônica começam a ser observados”, conforme mencionado no relatório técnico do Levantamento Geoquímico Ambiental na Bacia do Rio Mucajaí. A Terra Indígena Yanomami é o território com maior número de indígenas do Brasil (27.152 pessoas), o equivalente a 4,36% do total de habitantes em comunidades tradicionais, de acordo com o Censo 2022 Indígenas, divulgado na segunda-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o país, são 1,6 milhão de indígenas.
Principais resultados

Os estudos na Bacia do Rio Mucajaí, realizados entre 8 e 16 de outubro de 2022, indicam a existência de mercúrio metálico nos sedimentos de fundo de trechos dos rios Mucajaí, Jacaré e Guximaí. Os valores anômalos encontram-se na região da Cachoeira da Fumaça e são provavelmente provenientes dos garimpos no Alto Mucajaí, indica o relatório. Esse trabalho é referente à participação dos pesquisadores em geociências do SGB Eduardo Viglio e Patrícia Duringer Jacques no projeto “Impacto do Mercúrio em Áreas Protegidas e Povos da Floresta na Amazônia Oriental: Uma Abordagem Integrada Saúde-Ambiente”. A iniciativa foi liderada pelo pesquisador da Fiocruz Paulo Cesar Basta.
 Aspectos da coleta, peneiramento e acondicionamento de amostras de sedimentos de fundo no rio Cauaburi e nos igarapés Marié-Mirim e Manguari (Foto: SGB)
No levantamento geoquímico ambiental, feito entre 26 de janeiro e 1º de fevereiro, no entorno das comunidades indígenas Maturacá e Ariabu, não foi identificada degradação química, seja de origem natural ou antrópica, nas águas ou sedimentos fluviais da bacia do rio Cauaburi, na área de estudo. A única exceção diz respeito a um igarapé da margem direita do Cauaburi, que registrou concentração de mercúrio em suas águas pouco acima do valor máximo permitido pela legislação. Essa anomalia de mercúrio, porém, não está associada à atividade garimpeira, mas é devida à existência de um local, na margem do igarapé, onde foi extraída piçarra (cascalho laterítico) para recapeamento de pista. “O revolvimento do solo nesse local facilitou os processos de dissolução química dos elementos metálicos do meio sólido e seu posterior transporte dissolvido para as águas do igarapé”, indica relatório. A pesquisa – que englobou áreas dos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Santa Izabel do Rio Negro – foi realizada pelo pesquisador do SGB José Luiz Marmos. Os levantamentos são desenvolvidos no âmbito do Programa de Geoquímica Ambiental, conduzido pelo Departamento de Gestão Territorial da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DEGET/DHT). Ademais, esses resultados podem ser aplicados em produtos da área de geologia médica.
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