Serviço Geológico do Brasil sugere monitoramento constante em Gramado (RS), após deslizamentos e rastejos
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Serviço Geológico do Brasil sugere monitoramento constante em Gramado (RS), após deslizamentos e rastejos
06/12/2023 às 00h00
| Atualizado em: 01/03/2024


Dos dias 11 a 18 de novembro, o volume acumulado de chuvas alcançou cerca de 291 mm, montante que corresponde a mais que o dobro da média histórica de chuvas do mês de novembro, que é 144,5 mm. Somente no sábado (18), choveu 98 mm, volume que representa 67% da quantidade média de chuvas para o mês, indica o relatório do SGB, com base nos dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As causas
“A partir da avaliação feita em campo pelos pesquisadores que estiveram no local, é possível indicar que dois dos eventos (nas ruas Ladeira das Azaleias e Augusto Orlandi) foram caracterizados por rastejos – movimentos extremamente lentos do terreno –, e o outro (na Estrada Pedreira) foi um movimento mais rápido, do tipo deslizamento. As causas estão relacionadas ao somatório das condições geológicas e geotécnicas da região, alinhadas às fortes chuvas que atingiram a área no mês de novembro”, explica o coordenador-executivo do Departamento de Gestão Territorial do SGB, Julio Cesar Lana.
O rastejo é um movimento de difícil previsibilidade, que pode ocorrer em áreas planas, e é caracterizado pelo movimento lento do solo. Pode ocorrer de forma sazonal ou contínua. Esse movimento se manifesta a partir de trincas e deformações em superfície. O deslizamento é um fenômeno rápido, caracterizado pelo movimento descendente do solo em encostas íngremes.

Ações preventivas
Diante do cenário, o SGB sugere medidas que podem ser adotadas pelo poder público local para reduzir o impacto de eventos geológicos, evitar que os casos evoluam e prevenir novas ocorrências. Uma das ações é o monitoramento contínuo da região, principalmente nos períodos de chuvas intensas. “O monitoramento é fundamental para avaliar se novas trincas estão surgindo e se as trincas que já existem continuam em evolução, ou seja, estão se movimentando ou continuam abrindo”, explica Lana. Segundo ele, a população também precisa ser orientada quanto à possibilidade de ocorrência dos fenômenos e saber como agir para identificar sinais. Alguns indícios de alerta após chuvas são: deformações no solo, nas casas ou cercas; inclinação de postes e árvores; ou trincas no asfalto. Para garantir a segurança da população, o SGB recomenda que se espere o período de estiagem para o retorno da população às residências localizadas no entorno de áreas críticas. Outra sugestão é a criação de rota segura das ruas do Bairro Três Pinheiros para evitar a Estrada da Pedreira por hora, até que seja feita uma avaliação geotécnica por profissional habilitado dos taludes neste ponto da estrada. O SGB também recomenda avaliar a possibilidade e viabilidade de execução de obras estruturais, como a contenção de encostas, e obras de drenagem pluvial para reduzir os impactos de eventos hidrológicos. O coordenador-executivo do DEGET explica que grande parte dos movimentos de massa – como deslizamentos, rastejo e fluxo de detritos – são deflagrados pelo excesso de água no solo: “Quando são feitas obras de drenagem na cidade, e especialmente em áreas de risco, é possível evitar que um grande volume de água se infiltre naquele terreno, que é naturalmente instável. Assim, atenua-se a possibilidade de ocorrência de movimentos de massa”.
Estudos complementares
Em um esforço para prevenir novos desastres, o SGB e a prefeitura de Gramado já iniciaram os diálogos sobre a possibilidade do desenvolvimento de estudos complementares a partir de 2024, conforme sugerido no relatório. O objetivo é realizar investigações mais detalhadas para identificar áreas de risco, subsidiar o planejamento territorial e evitar a expansão urbana para áreas de risco. Uma das ações que podem ser realizadas é a elaboração da Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização. O estudo, realizado nas áreas de expansão urbana, a partir da análise dos tipos de solo do município, gera informações sobre as características do solo, identificando as fragilidades, como explica Julio Lana: “Com as Cartas Geotécnicas, é possível identificar quais são os locais mais frágeis e passíveis de desenvolver um determinado fenômeno geológico, como o rastejo. O estudo pode indicar as regiões onde há maior possibilidade de o solo colapsar devido ao excesso de água, por exemplo”. Outros projetos que poderão ser realizados são a atualização do mapeamento de áreas de risco – que indica os setores urbanizados, com potencial de sofrer danos – e as Cartas de Perigo Geológico – que buscam distinguir áreas com possibilidade de ocorrência de deslizamentos, fluxos de detritos e quedas de blocos de rocha, além de indicar o provável alcance máximo desses processos geológicos. Além disso, é prevista a realização do Curso de Capacitação em Percepção e Mapeamento de Áreas de Risco Geológico, voltado para o treinamento de agentes da defesa civil, oferecido pelo SGB. “Estou extremamente gratificado pelo papel que o Serviço Geológico do Brasil desempenha nesse contexto global, oferecendo nossa expertise para ajudar as comunidades locais em momentos críticos como este”, destacou o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo. Acesse aqui o relatório completo.
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