Seca se intensifica na região amazônica, e Rio Negro pode ficar abaixo dos 12 m em Manaus (AM)
Seca se intensifica na região amazônica, e Rio Negro pode ficar abaixo dos 12 m em Manaus (AM)
39º Boletim de Monitoramento da Bacia do Rio Amazonas, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil nesta terça-feira (24), indica que rio chegou à marca de 13,73 m na capital – a 4ª menor da história
Manaus (AM) – O Rio Negro atingiu 13,73 m em Manaus (AM), nesta sexta-feira (13) – essa é a 4ª menor cota da série histórica, iniciada em 1902, atrás das marcas de 13,64 m em 1963; de 13,63 m em 2010; e 12,7 m em 2023. Com descidas médias diárias de 19 cm, o rio pode registrar, na próxima semana, a mínima recorde na capital amazonense, conforme projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
As informações sobre o cenário na Bacia do Rio Amazonas são apresentadas no 39º Boletim de Monitoramento do SGB e foram divulgadas na Sala de Crise da Região Norte, promovida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
“As descidas estão muito acentuadas em Manaus e, se continuar com essa média de descida de 19 cm por dia, em uma semana poderemos ultrapassar a marca histórica – que é de 12,7 m registrada em 2013 – e, nas próximas semanas, o Rio Negro pode ficar abaixo dos 12 m”, alertou o pesquisador em geociências Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB. Ainda segundo Matos, o Negro pode permanecer por mais dois meses abaixo da cota de 16 m em Manaus, considerando o que foi observado no ano passado e que se assemelha ao cenário atual.
Na maior parte da Bacia do Amazonas, os rios estão abaixo da faixa da normalidade para o período e, em algumas delas, as cotas já chegaram aos níveis mais baixos da história. Nesta sexta-feira (27), foi registrada a mínima histórica de 37 cm no Rio Solimões, em Itapéua (AM); de 7,38 m no Solimões, em Fonte Boa (AM); e de 4 m no Rio Purus, em Beruri (AM). O Rio Solimões, em Manacapuru (AM), pode também registrar a mínima histórica nos próximos dias. A cota atual é de 3,47 m – a 2ª menor da história, atrás da marca de 3,11 m em 2023.
Estiagem deve avançar
As projeções apresentadas indicam que a tendência é de que os níveis continuem a cair. “As chuvas abaixo da média em setembro devem se refletir nos níveis dos rios em outubro e vamos continuar a verificar cotas mais baixas ao longo do próximo mês”, acrescentou Matos. Nos rios Madeira e Tabatinga, as cotas devem ter pequena elevação, influenciada por chuvas nas regiões de cabeceiras. No entanto, o volume previsto não é suficiente para uma recuperação. Após os repiques, as cotas devem voltar a cair.
Confira as estações da Bacia do Rio Amazonas que já registram as mínimas históricas neste ano:
Rio | Município | Cota mínima recorde |
Solimões | Tabatinga (AM) |
-2,29 m |
Solimões | Fonte Boa (AM) |
7,38 m |
Solimões | Itapéua (AM) |
37 cm |
Acre | Rio Branco (AC) |
1,23 m |
Purus | Beruri (AM) |
4 m |
Madeira | Porto Velho (RO) |
25 cm |
Madeira | Humaitá (AM) |
8,07 m |
Tapajós | Itaituba (PA) |
85 cm |
Apoio aos municípios
Além dos Sistemas de Alerta Hidrológico, o SGB disponibiliza aos gestores públicos o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Esse é o principal repositório de dados de poços no Brasil, que pode ser usado para identificar fontes de abastecimento.
O SGB também realiza o mapeamento de áreas de risco geológico, identificando e caracterizando porções do território municipal sujeitas a perdas e danos por eventos de natureza geológica. Esse trabalho é uma importante ferramenta para a tomada de decisões sobre redução de riscos, prevenção de desastres e ordenamento territorial.
Parceria
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.
As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) e, em seguida, apresentadas na plataforma SACE.
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