Rio Negro pode registrar cota mínima em torno de 18 m em 2025, segundo projeções do Serviço Geológico do Brasil

17/09/2025 às 19h49
 | Atualizado em: 17/09/2025 às 20h01
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Nota técnica indica que a cota deve permanecer entre 60 e 85 dias abaixo de 20 m

Foto: Divulgação/SGB


Brasília (DF) – O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou, nesta quarta-feira (17), uma nota técnica com projeções de níveis mínimos para o rio Negro, em Manaus (AM), em 2025. Segundo a análise, o cenário mais provável aponta para uma seca de intensidade fraca, com níveis previstos entre 17,70 m e 18,90 m. O período de estiagem abaixo da cota de 20 m deve ser de 60 a 85 dias – essa é uma cota de referência usada para o monitoramento da navegação, ainda que não necessariamente implique restrições a essa atividade. Atualmente, a cota é de 24,9 m (observada em 16/09). 

O SGB ressalta que a comunidade de Manaus começa a sentir impactos mais severos para a navegação em torno da cota de 16 m e entra em alerta em torno da cota de 17 m. Ou seja, não se prevê impactos significativos a partir dos cenários traçados para a vazante de 2025. A nota técnica foi elaborada pelos pesquisadores do SGB Andre Martinelli Santos, Artur Matos, Bruna Gomes Amancio e Marcus Suassuna Santos. 

As análises apresentadas mostram que, em um cenário hipotético mais severo – com descidas mais intensas e atraso no início da estação chuvosa, o rio Negro poderia se aproximar da cota de 17,3 m. O SGB reforça que essa é uma possibilidade pouco provável considerando a situação atual na bacia e que, mesmo que ocorra, ainda estaria dentro da faixa de normalidade para o período. 

As projeções usam dados da série histórica do rio Negro (1903–2024), que reúne 122 anos de registros, e informações sobre os fenômenos El Niño e La Niña (ENSO), que influenciam os padrões de chuva na Amazônia. Para 2025, a expectativa é de neutralidade climática, o que sugere condições próximas à média histórica. Esse comportamento contrasta com as secas extremas de 2023 e 2024, associadas a um dos episódios mais intensos de El Niño já registrados.

Tendência de agravamento

A análise da série histórica  confirma uma tendência significativa de agravamento das secas na estação de Manaus ao longo das últimas décadas. “Desde o início do século passado, as mínimas anuais tiveram flutuações de longo prazo, contudo é observada uma redução média de 4,3 cm por ano desde 1970, o que indica que as vazantes têm sido cada vez mais severas”, afirma o pesquisador do SGB Marcus Suassuna. Em 2024, o rio Negro atingiu 12,13 m, o menor nível já registrado, durante a seca extrema que impactou severamente a região.

Além disso, foi identificada forte correlação entre as cotas mínimas e a duração das estiagens: quanto mais baixos os níveis, mais tempo leva para o rio se recuperar. “Essa relação é importante para qualificar a gestão dos recursos hídricos, uma vez que não só o mínimo é importante, mas também o tempo em que alguma restrição de uso pode ser observada”, indica a nota técnica.

O SGB também chama atenção para a variação dos níveis dos rios ao longo do ano, ou seja, a diferença entre níveis mínimos e máximos em um mesmo ano, que tem aumentado nas últimas décadas. Suassuna explica: “A diferença entre as máximas e mínimas cotas anuais era de cerca de 8,6 m em 1970 e atualmente essa amplitude média é de 12,8 m, um aumento estimado de 4,2 m. As diferenças entre os níveis máximos e mínimos anuais nos anos de 2023 e 2024 foram de 15,6 e 14,7 m, respectivamente, as máximas variações de nível de todo o histórico de monitoramento em Manaus”. 

Essa oscilação cada vez mais intensa amplia os desafios para o manejo dos recursos hídricos e para a segurança das populações que dependem e vivem às margens dos rios na Amazônia.

ANO MÍNIMA ANUAL (M)
2024 12,13
2023 12,70
2010 13,63
1963 13,64
1906 14,20
1997 14,34
1916 14,42
1926 14,54
1958 14,74
2005 14,75

 

Confira aqui a nota técnica.

O monitoramento em Manaus é realizado a partir de estação que faz parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e operada pelo SGB. As informações estão disponíveis na plataforma SACE e são atualizadas diariamente. 

Todas às terças o SGB divulga o Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas na plataforma do Sistema de Alerta Hidrológico.

Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 

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