Projeto pioneiro do Serviço Geológico do Brasil contribui para a gestão costeira
Projeto pioneiro do Serviço Geológico do Brasil contribui para a gestão costeira
Com o projeto Dinâmica Costeira, o SGB amplia o conhecimento sobre a dinâmica e o monitoramento costeiro das praias brasileiras
Brasília (DF) – O Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolve um projeto pioneiro, que contribui para gerir nossa costa litorânea. Por meio do projeto Dinâmica Costeira, são feitos estudos que apoiam o planejamento urbano, considerando as condições naturais do local, as mudanças climáticas e as alterações da linha de costa. O trabalho está alinhado às metas do Plano Plurianual (PPA 2024-2027) do governo federal.
Atualmente, há estudos em andamento em São Vicente (SP), Maricá (RJ) e Guaratuba (PR). O projeto busca entender a dinâmica costeira ao longo de dois anos, permitindo identificar áreas mais sujeitas à perda de faixa de areia por eventos de ressaca, por exemplo, ou trechos de acúmulo de sedimentos.
“O objetivo principal é gerar documentos que orientem os órgãos gestores, entendendo quais processos causam prejuízos em suas praias, qual a velocidade desses fenômenos, urgência ou não de interferências, quais áreas devem ser priorizadas e qual será o cenário no futuro”, explica o pesquisador do SGB Marcelo de Queiroz Jorge, coordenador do projeto.
Fragilidades na região costeira
As regiões costeiras são consideradas ambientes naturalmente frágeis devido à dinâmica complexa associada à ação das marés, ventos e ondas, além dos impactos provocados por atividades humanas, como urbanização, poluição e exploração dos recursos naturais. Esse cenário impacta diretamente a vida da população.
“Nas áreas em que ocorrem erosão, ou seja, em que a areia é levada pela força do mar e dos ventos, há a perda da faixa de areia, com diminuição da área da praia. Isso pode causar destruição de moradias e infraestrutura urbana”, detalha Jorge.
Já nos casos em que há tendência de acumular sedimentos, onde o mar avança e deposita areia e detritos, são formados novos terrenos, que podem ser indevidamente ocupados. Ainda segundo Jorge, “Esses terrenos são instáveis e sujeitos a uma série de problemas ambientais”.
Metodologias inovadoras
O projeto Dinâmica Costeira atua de forma multimetodológica para entender esses fenômenos costeiros e as consequentes deposições de sedimentos, a fim de serem criados documentos que atendam órgãos gestores, sociedade civil e de pesquisa.
A chefe da Divisão de Gestão Territorial, Maria Adelaide Mansini Maia, detalha que, durante os estudos, são usadas novas tecnologias que complementam as metodologias tradicionais: “Além do uso de geoindicadores, análise granulométrica de sedimentos e estudos multitemporais de alteração da linha de costa, a iniciativa incorporou, de forma inovadora, a tecnologia de levantamentos topográficos para determinação de perfis de praia, utilizando drones equipados com sensores LiDAR”.
Estudos em andamento
O município de São Vicente (SP) foi o primeiro a receber o projeto Dinâmica Costeira, a pedido da defesa civil municipal. Já está em fase final a elaboração do relatório do trabalho, com previsão de entrega no 1º semestre deste ano. Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Santa Cecília (Unisanta).
Em novembro de 2024, o SGB iniciou os estudos em Maricá (RJ), como parte do projeto Monitoramento Integrado da Hidrodinâmica e Morfodinâmica da Região Costeira em Maricá (RJ). Esse trabalho é realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O acordo de cooperação técnica está em fase final de tramitação para assinatura.
Neste ano, começam os estudos nas praias Central e do Brejatuba, no município de Guaratuba (PR). Em dezembro de 2023, o SGB assinou Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a troca de dados e informações técnico-científicos.
O coordenador do projeto Marcelo Jorge ressalta a importância desse intercâmbio com instituições de ensino: “As universidades nos fornecem dados atualizados sobre ondas e correntes, além de histórico sobre pesquisas anteriores, o que otimiza um grande trabalho que precisamos realizar e podem ainda dar suporte a informações adicionais, já que normalmente já possuem pesquisas em andamento nas regiões em que atuamos”. Em contrapartida, o SGB oferece apoio para o desenvolvimento de novas informações e publicações.
Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
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