Estudo sobre a Elevação do Rio Grande detalha ambiente costeiro do passado
Estudo sobre a Elevação do Rio Grande detalha ambiente costeiro do passado
Entre os resultados, destaca-se a grande quantidade de fósseis de algas vermelhas, organismos que vivem predominantemente em águas rasas
Brasília (DF) - A Elevação do Rio Grande (ERG) é tema do artigo publicado na Social Science Research Network. Essa formação submarina tem grandes dimensões e seu topo atualmente se encontra, em média, a 650 metros abaixo do nível do mar, com a porção mais rasa estando a 543 metros de profundidade.
No passado geológico, a ERG – que fica a cerca de 1.300 km e 1.500 km dos litorais do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, respectivamente – já esteve emersa, funcionando como uma ilha vulcânica. O estudo apresenta um modelo de reconstrução paleoambiental de uma antiga plataforma carbonática rasa associada a essa ilha, que existiu entre 30 milhões e 5 milhões de anos atrás, no período Oligoceno-Mioceno/Plioceno.
O diferencial do trabalho está no fato de ser o primeiro a descrever, em detalhes, o ambiente costeiro raso dessa ilha oceânica atualmente submersa. Essa antiga ilha seria comparável a outras do Atlântico Sul, como Fernando de Noronha e Trindade, porém com dimensões muito maiores, semelhantes às da Islândia, porém em um clima tropical.
Entre os resultados mais importantes, destacam-se a grande quantidade de fósseis de algas vermelhas, organismos que vivem predominantemente em águas rasas, e de corais associados a elas. Outro achado relevante foi a alteração fosfática nas rochas carbonáticas, evidenciando a interação da ilha com correntes oceânicas que existiram no Mioceno.
A importância da pesquisa é sobretudo científica, pois revela uma fase única da evolução da Elevação do Rio Grande. Durante o período em que esteve acima do nível do mar, a deposição de sedimentos carbonáticos interagiu com as extrusões vulcânicas da ilha. Esse cenário fornece uma valiosa "janela" para observar o futuro das ilhas oceânicas do Atlântico Sul, que tendem a afundar em relação ao nível do mar, assim como ocorreu com a ERG.
O artigo foi elaborado por pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com colaboração dos pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB) Eugênio Frazão, Mauro Lisboa, Heliásio Simões e Victor Lopes. Além disso, contou com a participação de especialistas da Petrobras.
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Simone Goulart
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
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