Saiba Mais - Estudos de Bacias Representativas da Mata Atlântica Fluminense

O projeto "Estudos Integrados em Bacias Experimentais e Representativas – EIBEX: Mata Atlântica Fluminense" teve início no ano de 2007 e surgiu com a finalidade de apoiar financeiramente o “Projeto EIBEX-I – Estudos Integrados de Bacias Experimentais – Parametrização Hidrológica na Gestão de Recursos Hídricos das Bacias da Região Serrana do Rio de Janeiro”, aprovado em 2006 e financiado pelo MCT/FINEP/CT-HIDRO (ARAÚJO et al.,2007). Com o término do projeto financiado pela FINEP, em 2010, o SGB continuou a operação da rede e prosseguiu com os estudos relacionados às suas atividades.

O projeto tem como objetivo a avaliação do comportamento hidrológico em região com bioma natural Mata Atlântica e em áreas de ocupação agrícola e urbanizada. Visa desenvolver pesquisa e estudos na área de hidrologia, com ênfase em climatologia, qualidade da água, solos e GIS, através do uso de diferentes tecnologias de medição de dados com base em uma rede de monitoramento hidrometeorológica.

Bacias representativas são aquelas consideradas representativas de uma região hidrológica e são utilizadas para investigações intensivas de problemas específicos do ciclo hidrológico. Recomenda-se que o monitoramento seja de longo termo e, se possível, combinado com o estudo das características climatológicas, pedológicas, geológicas e hidrogeológicas (TOEBES et OURYVAEV, 1970). Elas representam a realidade social, econômica, física e ambiental, possibilitando, em princípio, a extrapolação dessa realidade para uma região de maior abrangência (Pimentel da Silva et al., 2010). São sub-bacias instrumentadas com aparelhos de observação e registro de fenômenos hidrológicos que representam bacias situadas em uma mesma região homogênea, cuja observação deve ser realizada por longos períodos de tempo, preferencialmente superiores a 30 anos (PAIVA et PAIVA, 2001).

Bacias experimentais são bacias relativamente homogêneas no que se refere à cobertura do solo. Possuem características físicas relativamente uniformes, onde são realizados estudos detalhados do ciclo hidrológico (PAIVA et PAIVA, 2001). Em alguns casos são selecionadas bacias com algumas condições naturais alteradas para estudar seu efeito sobre o comportamento hidrológico, inferindo leis e demais relações. Elas funcionam como pequenos laboratórios estabelecidos no mundo real ao contribuírem, por exemplo, para a compreensão de relações e processos envolvidos no ciclo hidrológico que determinam a ocorrência espaço-temporal dos recursos hídricos (Šraj et al., 2008; Medeiros et al., 2005 in Pimentel et al., 2010). As bacias experimentais destacam-se, ainda, no contexto da regionalização das informações, como meio de caracterizar com maior precisão as relações entre solo, água, vegetação e atmosfera, transpondo esse conhecimento, juntamente com a modelagem, para regiões “hidroclimatologicamente” semelhantes, sem monitoramento dessas relações (RODRIGUES, 2014).

O projeto é apoiado por três "pilares": integração com instituições que desenvolvem estudos na bacia, teste de equipamentos e desenvolvimento de pesquisas na área de hidrologia. A integração interinstitucional visa a troca de experiência e conhecimento entre o SGB e as diversas instituições atuantes na área da bacia. Nesses 10 anos de projeto, o SGB participou de diversos projetos de cooperação interinstitucional, dentre os quais cabe destacar os seguintes:

  • "EIBEX-I – Estudos Integrados de Bacias Experimentais – Parametrização Hidrológica na Gestão de Recursos Hídricos das Bacias da Região Serrana do Rio de Janeiro”, que teve início no ano de 2006, financiado pelo MCT/FINEP/CT-HIDRO.
  • Chamada Pública MCT/ FINEP CT- HIDRO 01/2010: Hidrograma ecológico e modelagem quantitativa de bacias, referência 1829/10, coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
  • Rede de Pesquisa em Monitoramento e Modelagem de Processos Hidrossedimentológicos em Bacias Representativas Rurais e Urbanas do Bioma Mata Atlântica, referência 1832/10, coordenado pela Universidade Federal de Santa Maria.
  • Programa “Ciência Sem Fronteiras” – Pesquisador Visitante Especial (PVE) MEC/MCTI/CAPES/CNPq/FAPs nº 71/2013, coordenado pela UFRJ.

A equipe do projeto está sempre em busca de novas tecnologias e equipamentos para serem implementados na bacia, com intuito de realizar testes nos equipamentos e capacitação da equipe. Por último, o projeto tem o intuito de desenvolver pesquisas e estudos com base nos dados oriundos da rede de monitoramento hidrometeorológica instalada na bacia e operada pelo SGB.

A área de estudo está inserida na bacia do rio Piabanha (afluente do rio Paraíba do Sul), que ocupa uma área de aproximadamente 2.050 km², a maior parte inserida na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro (Villas-Boas et al, 2011). Foi, então, definida uma bacia representativa, com cerca de 400km², que reunisse as características de uso de solo e vegetação da bacia do rio Piabanha para que os resultados pudessem ser utilizados na gestão de recursos hídricos, tendo como seção de controle a estação Pedro do Rio. Dentro desta área, foram definidas três bacias experimentais, onde predominam os diferentes usos do solo existentes: em área de mata Atlântica preservada, em área predominantemente de uso agrícola e em área de ocupação urbana, respectivamente, com as seguintes áreas: 47 km2, 30 km2 e 13km2.

Na bacia representativa foi estabelecida uma rede de monitoramento hidrometeorológico que, atualmente, conta com 13 estações, conforme apresentado abaixo. Atualmente, as estações contam com medições convencionais - pluviômetro (P) e réguas limnimétricas (P) - e com equipamento automático (r). Há duas estações climatológicas na bacia (C) que fazem as seguintes medições: pressão atmosférica, umidade relativa do ar, temperatura do ponto de orvalho, velocidade e direção do vento, radiação solar incidente, radiação líquida, evaporação, potencial matricial, fluxo de calor e umidade do solo, temperatura do solo e precipitação. Há 5 estações que são telemétricas (T). Em todas as estações fluviométricas são realizadas medições de vazão (D) a cada dois meses e medições de qualidade de água (Q) com frequência variável de acordo com o estudo. Os dados de monitoramento ainda não estão sendo disponibilizados on-line, mas podem ser requeridos neste portal.

Informações das estações de monitoramento do projeto EIBEX

A estação começou apenas pluviométrica em 2007 e, em 2016, foi transformada em climatológica
Localização das estações de monitoramento do projeto EIBEX


 

Referências

  • VILLAS-BOAS, M.D., BASTOS, A.O., ARAÚJO, L.M.N., SILVA, F.J., MONTEIRO, A.E.G.C., 2011. Manejo do uso do solo como mecanismo regulatório da gestão da qualidade da água - estudo de caso: a bacia do rio Piabanha. In: XIVth IWRA World Water Congress, Porto de Galinhas.
  • PIMENTEL da SILVA, L.; ROSA, E. U.; SILVA, C. P. P.Caracterização de parâmetros físicos e do saneamento ambiental de bacia experimental-representativa localizada na Baixada de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Brasil. Ambi-Agua, Taubaté, v. 5, n. 3, p. 232-244, 2010.
  • GOLDENFUM, J.A. Pequenas bacias hidrológicas: conceitos básicos. In: PAIVA, J.B.; PAIVA, E.M.C.D. Hidrologia aplicada à gestão de pequenas bacias hidrográficas. Porto Alegre: ABRH, 2001. p. 3-14.
  • RODRIGUES, L. N. Instrumentação e monitoramento de uma bacia hidrográfica experimental da Rede AgroHidro, 2014. In: SEMINÁRIO DA REDE AGROHIDRO, 1., 2012, Rio de Janeiro. Água: desafios para a sustentabilidade da agricultura: anais. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2014. 83 p. (Embrapa Solos. Documentos, 167).
  • TOEBES, C., V. OURYVAEV (1970). Representative and Experimental Basins, A International Guide for Research and Practice. Studies and Reports in Hydrology, 4. UNESCO, Paris. 348 pp.
  • ARAÚJO, L. M. N.; MORAIS, A.; VILLAS-BOAS, M.D. et al Estudos Integrados de Bacias Experimentais Parametrização Hidrológica na Gestão de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Piabanha. In: XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 11., 2007, São Paulo. Anais.