Dinossauros
Dinossauros
18 agosto 2014
Pércio de Moraes Branco
Atualizado em 11/2018
O Que Eram
Os dinossauros formam um grande grupo de répteis terrestres que dominaram a Terra a partir do Triássico Superior (231 milhões de anos atrás), durante todo o Jurássico, até o fim do Cretáceo, há 65 milhões de anos. Viveram em todos os continentes e até julho de 2005 eram conhecidas mais de mil espécies desses animais. Seis a dez gêneros novos são descritos a cada ano.
Eram animais muito diversificados, havendo desde pequenos carnívoros, como o campsonagnathus, de apenas 1,0 m de comprimento, até o seismosaurus, que media 50 m. As principais diferenças estavam nos ossos da bacia e dos membros posteriores.
Porém eles possuíam algumas coisas em comum. Eram todos terrestres, não havendo dinossauros marinhos ou voadores, como muitos creem. Os pterossauros (voadores), plessiosauros e ictiossauros (marinhos) eram répteis, mas não eram dinossauros.
Outra característica comum a esses animais era o metatarso elevado. O metatarso constitui os ossos logo atrás dos dedos do pé. Ao contrário do que acontece com o ser humano, que caminha com esses ossos apoiados no chão, os dinossauros caminhavam com eles elevados, apoiando-se apenas nos dedos.
Uma terceira característica comum a todos os dinossauros era a postura ereta. Enquanto os outros répteis tinham as pernas ao lado do corpo (como os lagartos) ou inclinadas em relação a ele (semieretos, como os crocodilos), os dinossauros as tinham abaixo do corpo. Isso lhes permitia ficar bem acima do chão, uma grande vantagem em relação aos demais répteis.
Quando saíam do ovo, os filhotes não tinham ossos, apenas cartilagem, o que os devia fazer caminhar cambaleando. Mas em algumas horas apenas o esqueleto já devia endurecer. Os cientistas chegaram a essa conclusão com a notável descoberta feita na Patagônia argentina, desde 1998, de centenas de milhares de ovos de dinossauros, distribuídos em milhares de ninhos, em vários quilômetros quadrados. Em alguns desses ovos está preservada até a pele dos animais.
Os filhotes nasciam com apenas 30 cm, mas cresciam muito depressa. Em 2004, o paleontólogo Greg Erickson, da Universidade da Flórida, calculou que um Tyrannosaurus rex ganhava 2,1 kg por dia dos 15 aos 18 anos. Um ser humano na mesma faixa de idade ganha apenas 7,7 gramas por dia.
Essa região da Patagônia, chamada de Auca Mahuida, mostra, na distribuição dos ninhos, que os dinossauros tinham uma organização social muito complexa, andavam em manadas e as fêmeas cuidavam bem dos filhotes. Auca Mahuida era provavelmente um refúgio natural para desova e procriação. Na Mongólia foram encontrados ninhos comunais, onde todas as fêmeas de um grupo depositavam seus ovos.
A maioria dos cientistas acredita que as aves são um grupo de dinossauros. Os que acham que elas evoluíram a partir dos dinossauros ainda não sabem ao certo se répteis como o velociraptor são mesmo dinossauros ou se já devem ser considerados aves. O archaeopterix, a mais antiga ave conhecida (150 milhões de anos de idade), tinha pés de dinossauro. Isso e alguns detalhes do crânio tornam difusa a distinção entre aves e dinossauros raptores (os deinonicossauros).
Alguns autores propõem dividir as aves em dois grupos: num deles estariam aquelas mais primitivas, como o archaeopterix, e no outro, o velociraptor e as aves atuais. Para Max Langer, paleontólogo da USP, se o archaeopterix for considerado ave não há como deixar de assim considerar também o velociraptor, aquele dinossauro pequeno e veloz do filme “O Parque dos Dinossauros”.
Para complicar mais ainda o assunto, em junho de 2007 foi descrito o Gigantoraptor erlianensis, um dinossauro emplumado com 5 m de altura, 8 m de comprimento e 1.400 kg, o maior animal com penas já descrito. Ele viveu há 70 milhões de anos onde é hoje a Mongólia, na China. Pertence ao grupo dos ovirraptores, dinossauros bípedes predadores que são os parentes mais próximos das aves modernas, mas são 300 vezes mais pesados que seus parentes.
Além disso, tem anatomia mais semelhante à das aves do que os membros do seu grupo. É o maior dinossauro sem dentes que se conhece, mas suas dimensões exageradas levantam dúvidas se sua dieta seria apenas de ovos.
Em 1915, o ornitólogo e explorador norte-americano William Beebe propôs que os ancestrais das aves teriam sido animais com quatro asas que não voavam, mas planavam entre as árvores, como faz hoje o esquilo-voador. Em janeiro de 2003, 88 anos depois, paleontólogos chineses apresentaram ao mundo o Microraptor gui, um dinossauro esquisito, de 130 milhões de anos e 77 cm de comprimento, que é uma evidência da hipótese lançada por Beebe. Ele tinha penas tanto nas patas dianteiras quanto nas traseiras e ficou preservado nas cinzas vulcânicas da província de Liaoning.
Isso não significa, porém, que todas as aves tenham evoluído a partir de um dinossauro assim, segundo Max Langer, paleontólogo da USP. O desenho abaixo mostra como era o Microraptor gui, mas estudo divulgado em janeiro de 2007 mostrou que a posição de voo não era essa. Ele voava com as patas traseiras encolhidas para frente.
O mais famoso dos dinossauros é o Dinossauros do Triássicotyranosaurus rex, popularmente chamado de T-rex, carnívoro, bípede e muito feroz. Tinha até 6 m de altura e 10 m de comprimento. Até 1995, acreditava-se ter sido o maior animal a ter vivido na história da Terra. Em artigo publicado em 2008, na revista Science, cientistas
dizem que ele tinha mais genes em comum com os avestruzes do que com répteis atuais, como os jacarés.
O maior dos dinossauros conhecidos é o argentinosaurus, descoberto em 1990, na Argentina, que tinha 30 m de comprimento e quase 100 toneladas. O segundo maior é o Paralitian stromeri, herbívoro de 60 t, que viveu há 90 milhões de anos onde é hoje o Egito, no deserto do Saara. Em 2007, cientistas brasileiros e argentinos anunciaram a descoberta do Futalognkosaurus dukei, encontrado no sul da Argentina. Com 32 a 34 m de comprimento e cerca de 13 m de altura, deve ser um dos três maiores já encontrados no planeta.
O maior dinossauro europeu foi descrito em dezembro de 2006. É o Turiasaurus riodevensis, que viveu há 150 milhões de anos onde é hoje a Espanha. Tinha 30 a 37 m de comprimento e é o mais primitivo dos saurópodes conhecidos. Ele inaugurou um novo grupo, os turiassaurídeos.
Em maio de 2007, anunciou-se a descoberta de uma trilha de dinossauros com 12 pegadas consecutivas, que, por ser subaquática, é a evidência definitiva de que alguns dinossauros nadavam. A trilha tem 15 m de comprimento e está em La Virgen del Campo, no norte da Espanha. As pegadas são das patas traseiras de um terópode (bípede predador).
No final do mesmo ano, paleontólogos apresentaram nos Estados Unidos o primeiro fóssil de dinossauro com traços de pele e músculos. Isso permitiu calcular sua massa muscular e concluir que o animal, um hadrossauro, era mais musculoso do que se pensava. O dinossauro viveu há 67 milhões de anos e teve preservados também ligamentos, tendões e possivelmente alguns órgãos internos. Não foi possível determinar a cor de sua pele, mas o desenho das escamas tem um padrão que costuma estar associado a mudança de cor.
Quando Viveram
Os dinossauros e outros répteis surgiram no Triássico, primeiro período da era Mesozoica, há aproximadamente 245 milhões de anos. Dominaram o planeta nos períodos Jurássico e Cretáceo e extinguiram-se no final deste último, há 65 milhões de anos, numa extinção em massa de espécies animais e vegetais que marca o fim da era Mesozoica e o início da era Cenozoica.
Como Se Classificam
A classificação dos dinossauros é assunto controvertido e está sendo continuadamente revisada, em razão de novas descobertas que são feitas constantemente e de reinterpretações de dados já existentes. Além disso, há diferentes maneiras pelas quais esses animais podem ser classificados. Uma nova e ampla classificação, anunciada em maio de 2002, foi feita a partir da análise de 277 gêneros. (Os gêneros são reunidos em famílias e divididos em espécies.) Segundo essa classificação, o velociraptor seria uma ave, não um dinossauro, o que mostra como esse assunto é complexo.
A classificação a seguir coloca todos os dinossauros no grande grupo dos archosauria. Mas, considerando-se as características que cada grupo tem e que não aparecem em nenhum outro grupo.
Os archosauria dividem-se em cinco grandes grupos:
1. Proterosuchia
2. Erytrosuchia
3. Euparkeria
4. Crurotarsi
5. Ornithodira
Os quatro primeiros grupos são os arcossauros primitivos. Já os crurotarsi compreendem seis subgrupos:
4.1 Parasuchia
4.2 Ornitosuchidae
4.3 Aetosauria
4.4 Rauisuchia
4.5 Poposauria
4.6 Crocodylomorpha
Os ornithodira dividem-se em três subgrupos:
5.1 Pterosauria
5.2 Dinosauria
5.3 Lagosuchus
Os dinosauria são os dinossauros verdadeiros e também se subdividem em três grupos:
5.2.1 Herrerasauria (Dinossauros carnívoros; compreendem dois gêneros, herrerasaurus e staurikosaurus, que são os mais antigos dinossauros conhecidos.)
5.2.2 Saurischia (Dinossauros com ossos da pelve semelhantes aos dos répteis; ancestrais diretos das aves atuais.)
5.2.3 Ornitischia (Dinossauros com ossos da pelve semelhantes aos das aves; apesar disso, têm uma relação distante com as aves.)
Os saurischia podem ser assim subdivididos:
5.2.2.1 Therapoda (Carnívoros, comiam répteis menores, inclusive outros dinossauros, principalmente saurópodes.)
5.2.2.1.1 Ceratousauria (Com cinco espécies.)
5.2.2.1.2 Tetanurae
5.2.2.1.2.1 Carnosauria (Com nove famílias.)
5.2.2.1.2.2 Coelurosauria (Com três famílias.)
5.2.2.1.2.3 Aves (com a família archaeopterygidae.)
5.2.2.1.2.4 Deinonychosauria (Com três famílias.)
5.2.2.1.2.5 Ornithomimosauria (Com três famílias.)
5.2.2.1.2.6 Oviraptosauria (Com três famílias.)
Há ainda a família halticosauridae, que não pertence a nenhum dos grupos acima:
5.2.2.2 Segnosauria (Com três famílias.)
5.2.2.3 Sauropodomorpha
5.2.2.3.1 Prosauropoda (Com cinco famílias.)
5.2.2.3.2 Sauropoda (Com nove famílias de herbívoros gigantescos.)
Os ornitischia, também importantes, mas menos numerosos que os saurischia, dividem-se em:
5.2.3.1 Cerapoda
5.2.3.2 Thyreophora
Pisanosaurus (É gênero.)
Os cerapoda subdividem-se conforme se vê a seguir:
5.2.3.1.1 Ornithopoda (Com seis famílias.)
5.2.3.1.2 Marginocephalia
5.2.3.1.2.1 Ceratopsia (Com três famílias.)
5.2.3.1.2.2 Pachycephalosauria (Com três famílias.)
Lesothosaurus (É gênero.)
Os tyreophora compreendem:
5.2.3.2.1 Stegosauria (Com duas famílias de animais gigantescos.)
5.2.3.2.2 Ankylosauria (Com duas famílias.)
Scelidosaurus (É gênero.)
Scutellosaurus (É gênero.)
Em maio de 2005, o Museu Infantil de Indianápolis (EUA) anunciou a descoberta de um dinossauro tão estranho que mereceu do paleontólogo Robert Bakker o seguinte comentário: "Quando meus colegas viram os exames por imagem do fóssil, rasgaram seus diagramas com a ordem da evolução e disseram: 'de volta à prancheta'. Nunca suspeitamos que tal criatura existisse".
Esse dinossauro (foto ao lado) tem crânio achatado e chifres pontiagudos. Ele foi incluído no grupo dos paquicefalossauros, animais com crânio semelhante à de um dragão e que chegam a ter 25 cm de espessura.
Evolução
O período Triássico, que começou 248 milhões de anos atrás e durou 40 milhões de anos, é o início da era Mesozoica, a Era dos Dinossauros. Nessa fase da história da Terra, os continentes estavam todos unidos num só, o qual os geólogos chamam de Pangeia, palavra que significa todas as terras. O único oceano que havia então recebeu dos geólogos o nome de Pantalassa (todos os mares). As plantas com flores ainda não existiam nesse período.
Os primeiros dinossauros apareceram na face da Terra há cerca de 230 milhões de anos, mais ou menos na metade do Triássico. Foram os gêneros herrerasaurus e staurikosaurus. Em outubro de 1991, um estudante descobriu na Argentina o eoraptor, dinossauro de 225 milhões de anos, 90 cm de comprimento e 11 kg. Ele mostra que os dinossauros eram inicialmente pequenos, carnívoros e bípedes. O herrerasaurus foi descoberto no mesmo local e tem idade semelhante, mas o eoraptor tem características mais primitivas.
Quando o Triássico terminou, os dinossauros já dominavam a Pangeia. Como havia um só continente, os dinossauros desse período, como o allosaurus, ocuparam toda a Terra.
O período seguinte, o Jurássico, começou 208 milhões de anos atrás e terminou há 144 milhões de anos (durou, portanto, 64 milhões de anos). Nesse período, aquele continente único dividiu-se em dois: Laurásia (compreendendo América do Norte, Europa e Ásia) e Gondwana (América do Sul, África, Austrália, Oceania, Antártica e Índia). O oceano que os separava é hoje chamado de Tétis.
O nível das águas subiu e alagou grandes extensões de terras baixas. O clima era quente e úmido e surgiram as primeiras plantas com flor. Apareceram as sequoias, árvores gigantescas que existem até hoje.
Com essa riqueza de vegetais, dinossauros herbívoros, como os sauropoda e os stegossauria, também proliferaram. Mas os carnívoros continuaram a se expandir sobre a Terra.
No Cretáceo, iniciado há 144 milhões de anos, a Laurásia e o Gondwana se fragmentaram, dando origem aos continentes atuais, com forma semelhante à que têm hoje. O clima continuava úmido, mas com estações do ano mais definidas.
Os dinossauros exibiam enorme diversidade e havia diferenças entre os do hemisfério sul e os do hemisfério norte. Os do sul tendiam a ser maiores e mais primitivos que seus contemporâneos do norte. Mais de metade das espécies conhecidas viviam nesse período, porém há 65 milhões de anos eles desapareceram completamente, junto com muitas outras espécies. Essa extinção em massa é o evento usado pelos geólogos para marcar o fim do período Cretáceo e da Era Mesozoica.
Dinossauros do Triássico
Dinossauros do Jurássico
Saltassauro, dinossauro do Cretáceo, que viveu onde é hoje a Argentina
Outros Dinossauros do Cretáceo
Como Desapareceram
Foram aventadas já mais de cem possíveis causas para o abrupto desaparecimento dos dinossauros, como alterações do nível do mar, mudanças climáticas, aumento da atividade vulcânica e, a mais aceita, a queda de um enorme meteorito na Terra. Por que se acredita na hipótese de extinção pela queda de um meteorito? Em 1980, o físico norte-americano Luiz Alvarez e seu filho, o geólogo Walter Alvarez, estudando camadas de calcário de Gubbio na Itália, verificaram que entre duas delas havia uma delgada camada de argila marrom-avermelhada com apenas 2 cm de espessura. Nela constataram uma concentração de irídio 30 vezes maior que a habitualmente encontrada na Terra. E o irídio é milhares de vezes mais abundante nos meteoritos do que na Terra.
A rocha em que acharam esse teor anômalo de irídio tem 65 milhões de anos. Posteriormente, concentrações anômalas de irídio (até 160 vezes maior que a normal) foram encontradas em mais de 50 lugares espalhados pelo mundo, sempre em rochas de 65 milhões de anos, fato que indica que a origem do metal estava associada a um evento de alcance planetário. Como a data coincide com o desaparecimento dos dinossauros, deduziu-se que esse desaparecimento tenha decorrido da queda de um grande meteorito.
Os dois cientistas fizeram cálculos e concluíram que o meteorito, que viajava a 100 mil km/h, devia ter 10 km de diâmetro. Foi só dez anos depois, porém, em 1990, que se encontrou a cratera onde ele teria caído. Chamada de Chicxulub, ela fica perto da península do Yucatán, no Golfo do México. O diâmetro dessa cratera (200 km) é exatamente aquele previsto pelos Alvarez. A profundidade deve ter alcançado na ocasião da queda 13 km aproximadamente (alguns autores falam em 40 km).
A razão isotópica de dois isótopos de irídio encontrada na camada argilosa de Gubbio mostrou-se igual à que existe no nosso sistema solar, indicando que o meteorito originou-se do nosso próprio sistema solar. A queda do meteorito deve ter gerado chuva ácida, incêndios monumentais e tsunamis com ondas de 1 km de altura. Isso jogou na atmosfera mais de 49 mil km³ de poeira, uma nuvem que bloqueou a luz do sol por três meses em toda Terra, fazendo com que sua cobertura vegetal desaparecesse quase completamente por falta de luz, necessária à fotossíntese. Os dinossauros (primeiro os herbívoros e depois os carnívoros, que deles se alimentavam) e cerca de 60% das espécies existentes no planeta foram extintos. Nos oceanos, 80% das espécies pereceram, em razão da acidez das águas. Só os animais com menos de 50 kg - pois comiam pouco, como os mamíferos - sobreviveram.
Segundo Luís Alvarez, a queda do meteorito causou "com certeza a escuridão, sem dúvida o frio, talvez a chuva ácida e possivelmente um aquecimento global". O impacto foi tão enorme que mudou a forma da crosta terrestre e Chicxulub foi o primeiro local em que se constatou deformação da base da crosta em uma cratera de impacto. A energia liberada foi equivalente a cerca de 100 milhões de megatons. Para comparar, a bomba jogada sobre Hiroshima tinha 15 quilotons.
Cálculos feitos com uso de computadores em 2007 levaram à conclusão de que há 90% de chance de que esse meteorito, um condrito carbonáceo, tenha sido um dos fragmentos resultantes de um choque de asteroides ocorrido há 160 milhões de anos e do qual resultou a família de asteroides chamada Baptistina. Há 70% de certeza de que outro fragmento caiu na lua e formou a cratera Tycho, bem visível da Terra com o uso de um bom binóculo. Marte e Vênus muito provavelmente também foram atingidos por meteoritos resultantes desse choque.
Entre os animais que sobreviveram à queda desse enorme meteorito estavam os mamíferos, que eram muito pequenos, do tamanho de camundongos. O mais primitivo deles que se conhece é o Eomaia scansoria (desenho ao lado), que tinha 16 cm, vivia em árvores e existiu há 125 milhões de anos. É um animal tão primitivo que não se sabe bem como encaixá-lo na árvore genealógica dos mamíferos. Talvez ele nem tenha deixado descendentes. A vida nas árvores pode ter sido a razão de ele ter sobrevivido, enquanto espécies que viviam em tocas desapareceram.
Nem todos os mamíferos, porém, eram assim pequenos. Em janeiro de 2005, a equipe liderada pelo paleontólogo chinês Yaoming Hu, do Museu Americano de História Natural, descobriu um mamífero cretáceo de 130 milhões de anos, o Repenomanus giganticus, que tinha o tamanho de um cachorro: 1 m de comprimento e peso estimado em 14 kg. E mais: descobriu que ele comia filhotes de dinossauros, como o psittacosaurus.
Embora a queda de um grande meteorito seja, como foi dito, a explicação mais aceita para a extinção dos dinossauros, é preciso lembrar que muitas outras espécies animais desapareceram no final do Cretáceo, além disso essa extinção nem sempre seguiu o padrão daquela que acabou com os dinossauros. Os répteis marinhos, por exemplo, desapareceram alguns milhões de anos antes do fim do Cretáceo. Ademais, o número de espécies de dinossauros já vinha diminuindo havia vários milhões de anos quando sobreveio a grande catástrofe que acabou de vez com esses animais.
Com a deriva dos continentes, acentuada no Cretáceo, mudaram-se as correntes marítimas e o regime dos ventos. Isso deu início a um esfriamento constante do clima da Terra, o que pode explicar por que a extinção de algumas espécies ocorreu antes da provável queda do meteorito.
Além disso, na região central da Índia houve uma enorme atividade vulcânica que durou vários milhões de anos, gerando os derrames de lava existentes hoje no planalto do Deccan. Esse vulcanismo deve ter lançado um volume imenso de poeira e gás na atmosfera, bloqueando o calor do sol e causando uma brusca queda de temperatura na Terra, a exemplo do que viria a ocorrer de novo, de modo muitíssimo mais rápido, com a queda do grande meteorito na península do Yucatán.
Portanto, outros fatores devem ter contribuído para a grande extinção de vida que ocorreu no final do Cretáceo.
Dinossauros no Brasil
Foram descobertas até hoje no Brasil mais de 20 espécies de dinossauros, alguns deles considerados os mais antigos que se conhece. Entre eles estão: Amazonsaurus maranhensi (descoberto no Estado do Maranhão); Santanaraptor placidus e Irritator challengeri (Ceará); velociraptor, troodonte, abelisaurus e titanosaurus (São Paulo, Minas Gerais e Goiás); Unaysaurus tolentinoi, Staurikosaurus pricei, Guaibasaurus candelariensis e Saturnalia tupininquim (Rio Grande do Sul) e Pycnonemosaurus nevesi (Mato Grosso).
No início de 2005, pesquisadores do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro encontraram, no primeiro estado, pelo menos três tipos de dinossauros: carcaradontossaurídeos, abelissaurídeos e diplodocoides.
Em janeiro de 1998, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS descobriram, em Santa Maria (RS), três ossadas de um dos dinossauros mais antigos que se conhece, ainda sem nome. Ele viveu há 220 milhões de anos, pouco depois do eoraptor (225 milhões), e é considerado o mais antigo de todos os dinossauros. Media 1,5 m de comprimento e 50 cm de altura. No mesmo mês, dois dinossauros de espécie não identificada foram descobertos em Candelária (RS).
Em janeiro de 2002, Rodrigo Santucci, pesquisador da Universidade Estadual Paulista - Unesp, anunciou a identificação de quatro novos dinossauros herbívoros de grandes dimensões descobertos no Brasil, elevando para seis o número desses animais reconhecidos aqui. As novas espécies, sem nome ainda, foram descritas a partir apenas de material existente em museus do país, alguns coletados nas décadas de 1940 e 1950.
Em dezembro de 2004, foi apresentado à comunidade científica o Unaysaurus tolentinoi, o 11º dinossauro brasileiro e o primeiro prossaurópode descoberto no nosso país. Ele foi encontrado em 1998 na localidade de Água Negra, entre as cidades São Martinho da Serra e Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Viveu há 225 milhões de anos, era herbívoro, bípede e tinha 2,5 m de comprimento. Os prossaurópodes são dinossauros primitivos que deram origem aos saurópodes, aqueles de pescoço bem comprido e que são os maiores animais que já viveram na Terra. A região oMuseus brasileiros com dinossaurosnde foi descoberto, porção central do Rio Grande do Sul, é rica em fósseis e nela foram descobertos outros dois dinossauros, o Starikosaurus pricei e o Saturnalia tupininquim.
Ainda no Rio Grande do Sul, foram descobertos o Guaibasaurus (em Candelária, 1990), o Pampadromaeus (em Agudo, 2004), o Bagualosaurus em Agudo, 2007) e o Bu-riolestes (em São João do Polêsine, entre 2009 e 2010).
Em janeiro de 2006, foi anunciada a descoberta do Adamantisaurus mezzalirai, dinossauro de pescoço longo (saurópode) e herbívoro. Viveu há 70 milhões de anos, tinha 4 m de altura no dorso, 10 a 15 m de comprimento e pesava de 8 a 12 toneladas. Em abril do mesmo ano mais dois dinossauros do mesmo grupo foram apresentados à comunidade científica, o Baurutitan britoi e o Trigonosaurus pricei, que viveram onde é hoje Peirópolis, perto de Uberaba (MG).
O maior dos dinossauros brasileiros teve sua descoberta anunciada em agosto de 2006. Trata-se do Maxakalisaurus topai, de 13 m de comprimento, herbívoro, que viveu há 80 milhões de anos onde é hoje Prata, em Minas Gerais.
Outra descoberta foi anunciada em novembro de 2006. Foi o Sacisaurus agudoensis, um dos dinossauros mais antigos do mundo, que viveu há 220 milhões de anos onde é hoje o Município de Agudo, no Rio Grande do Sul. Tinha 1,5 m de comprimento. Outros dinossauros brasileiros são o Gondwanatitan fastoi, descoberto em 1985 e descrito em 1999, e o Angaturama limai.
No Município de Sousa, na Paraíba, a 400 km de João Pessoa, está o Vale dos Dinossauros, inaugurado em 1998. Ele detém três recordes mundiais: o maior número de trilhas de dinossauros (505), o maior número de espécies identificadas (51) e o maior número de camadas de rocha sedimentar com pegadas desses animais (61). Uma das trilhas com pegadas de dinossauros tem 46 m de extensão, em linha reta, mostrando rastros de mais de 50 cm de comprimento e 10 cm de profundidade (foto à direita) registrados na lama em que o animal pisou. É a maior trilha de animais pré-históricos que se conhece no mundo. No Parque dos Dinossauros, o público pode ver não só as pegadas, mas também réplicas em fibra de vidro das principais espécies desses répteis.
Há pegadas de dinossauro também no Rio Grande do Sul. Elas foram descobertas em novembro de 2001, no Município de Sant'Ana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. São quatro conjuntos de pegadas provavelmente deixados por uma família, pois dois deles deixaram pegadas menores que as dos outros dois. Elas são arredondadas e variam de 20 a 30 cm de diâmetro. No início de 2002, os mesmos pesquisadores descobriram outra trilha na mesma região, dessa vez no Município de Rosário do Sul, com pegadas de 15 a 40 cm, talvez de animais diferentes. No Maranhão e em São Paulo há igualmente rastros fossilizados de dinossauros.
A descoberta mais recente de dinossauro no Brasil foi divulgada em novembro de 2018, na revista britânica Biology Letters. Trata-se do Macrocollum itaquii, É mais um dinossauro descoberto no município de Agudo, e o mais antigo (225 milhões de anos) dinossauro de pescoço longo (daí o nome Macrocollum) desco-berto no mundo. Foram encontrados vários esqueletos, alguns deles completos, o que ainda não havia ocorrido com os dinos descobertos no Brasil.
Museus Brasileiros com Dinossauros
Acre
Laboratório de Pesquisas Paleontológicas
Rodovia BR-364, km 4 - Distrito Industrial
Rio Branco, AC
Ceará
Museu de Paleontologia de Santana do Cariri
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Rua Dr. José Augusto Araújo, 326
Santana do Cariri, CE
Museu de Paleontologia
URCariri / CE
Centro de Pesquisas Paleontológicas da Bacia do Araripe
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Crato, CE
Distrito Federal
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Instituto de Geociências
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Brasília, DF
Maranhão
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Alcântara, MA
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Rua Galdino Pimentel, 195 - Centro
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Mato Grosso do Sul
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Minas Gerais
Museu de Ciências Naturais
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Avenida Dom José Gaspar, 290 - Coração Eucarístico
http://portal.pucminas.br/museu_novo/destaques.php
Belo Horizonte, MG
Museu dos Dinossauros
Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price
Fundação Municipal de Ensino Superior de Uberaba
BR-262 (Peirópolis – Uberaba)
Peirópolis, MG
Paraíba
Vale dos Dinossauros
Sousa, Alto Sertão
A 420 km de João Pessoa
Sousa, PB
Paraná
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Ponta Grossa, PR
Piauí
Fundação Museu do Homem Americano - Fumdham
Rua Abdias Neves, 551 - Centro
São Raimundo Nonato, PI
Rio de Janeiro
Museu Nacional
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Quinta da Boa Vista, São Cristóvão
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Museu de Ciências da Terra
Av. Pasteur, 404 – Urca
Rio de Janeiro, RJ
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Museu de Itaboraí
Rio de Janeiro - RJ
Rio Grande do Sul
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Museu de Paleontologia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Geociências
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Porto Alegre, RS
Museu de Geologia da CPRM
Rua Banco da Província, 105 - Santa Teresa
Porto Alegre, RS
Museu de Ciências Naturais (Ceclimar)
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_da_Universidade_Federal_do_Rio_Grande_do_Sul
Imbé, RS
Museu de Ciência e Tecnologia - PUC
Av. Ipiranga, 6.681 - Prédio 40
Museu de Ciências e Tecnologia - PUC-RS
Porto Alegre, RS
Museu Histórico e Cultural Vicente Pallotti
Av. Presidente Vargas, 115 - Patronato
Santa Maria, RS
Santa Catarina
Museu da Terra e da Vida
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Avenida Presidente Nereu Ramos, 1.071
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https://www.unc.br/cenpaleo2013/index.php/museu-da-terra-e-da-vida/
Mafra, SC
São Paulo
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São Paulo, SP
Museu de Geociências
Instituto de Geociências - USP
Rua do Lago, 562
São Paulo, SP
Estação Ciência
Universidade de São Paulo
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Museu Geológico "Valdemar Lefèvre"
Parque Fernando Costa - Água Branca
Av. Francisco Matarazzo, 455, Prédio 42
São Paulo, SP
Museu de História Natural de Taubaté
Rua Juvenal Dias de Carvalho, 111
Taubaté, SP
Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria
Praça Pedro de Toledo, s/nº - Centro
Araraquara, SP
Instituto Pau-Brasil
Casa da Ecologia
Av. Benedito Manoel dos Santos, 369
Jardim Fazenda Rincão (Cond. Arujá 5)
Arujá, SP
Museu de Paleontologia de Monte Alto
Praça do Centenário - Centro de Artes
Monte Alto, SP
Museu de Paleontologia e Estratigrafia "Prof. Dr. Paulo Milton Barbosa Landim"
Rua 10, 2.527 - Santana
Rio Claro - SP
Coleção de Fósseis, Minerais e Rochas
UNESP
Rua Cristóvão Colombo, 2.265
São José do Rio Preto, SP
Universidade de Guarulhos
Pc. Tereza Cristina, nº 1 - Centro
Guarulhos, SP
Museu de Paleontologia de Marília
Av. Sampaio Vidal, 245 - Centro
Anexo à Biblioteca Municipal
www.dinosemmarilia.blogspot.com
Marília, SP
Museu de Ciências da Natureza - Jobas
Largo Marques de Monte Alegre, s/nº - Valongo Centro
Santos, SP
Curiosidades
- A primeira pessoa a descrever e dar nome a um dinossauro foi William Buckland, professor de geologia da Universidade de Oxford (Inglaterra), em 1824. Ele o chamou de megalosaurus. O segundo dinossauro descrito foi o iguanodon, em 1825. O nome dinossauro, porém, só foi criado em 1842, pelo paleontólogo Richard Owen. Essa palavra significa lagarto terrivel.
- O mei long, dinossauro descoberto em 2004, na China, mostrou nova evidência de que as aves descendem desses animais. Ele dormia exatamente como dormem as aves, com pescoço curvado para trás e a cabeça escondida debaixo de uma das asas.
- Oviraptor significa ladrão de ovos. Esse dinossauro recebeu esse nome porque foi descoberto em um ninho. Viu-se depois, porém, que o ninho era dele mesmo e que estava chocando os ovos, não roubando.
- Os primeiros ovos e ninhos de dinossauro foram descobertos na década de 1920, no deserto de Gobi (China).
- O tamanho dos ovos depende da espécie e pode ter desde o diâmetro de uma bola de tênis, com forma esférica, até 53 cm, com forma de elipsoide.
- Os dinossauros em geral botavam 22 a 25 ovos por ninho, muito mais que as aves atuais. Conforme os ovos de répteis e aves, eles tinham a casca porosa para permitir a entrada de oxigênio.
- O Sacisaurus agudoensis tem seu nome derivado de Saci. É que no local onde foi descoberto foram encontrados 19 fêmures, mas todas da perna direita e nenhum da perna esquerda. Ainda não se sabe a razão disso.
- O esqueleto de dinossauro mais completo que já se obteve pertence a um Rapetosaurus krausei, descoberto na ilha de Madagáscar.
- As partes dos dinossauros que mais se preservam são os dentes e os ossos. Geralmente os ossos fósseis não são expostos à visitação pública. Em lugar deles, fazem-se réplicas moldadas e fundidas.
- Dos dinossauros conhecidos, o mais comprido é o seismosaurus, com 50 m. O mais pesado é o argentinosaurus (até 100 t). O mais alto é o brachiosaurus, que tinha 12 m dos pés à cabeça. O menor é o compsognathus, que media 1 m e tinha o peso de uma galinha. O mais carnívoro era o gigantosaurus, de 14,5 m. O de maior cabeça era o pentaceratops, cujo crânio media 3 metros.
- O argentinosaurus foi o maior animal que já andou pela Terra, pelo que se sabe até agora.
- Em outubro de 1997, o maior e mais completo esqueleto de Tyranosaurus rex foi arrematado num leilão da Sotheby’s, nos Estados Unidos, por 8,36 milhões de dólares. O lance foi pago pela McDonald’s e pela Walt Disney Company, que doaram o fóssil ao Field Museum, de Chicago (EUA).
- Georges Frédéric, barão de Cuvier, um dos pioneiros nas descobertas de dinossauros, era um homem de muita fé. Quando encontrou ossos de tamanho descomunal concluiu que pertenciam a animais muito grandes e desajeitados, os quais, por isso, não puderam embarcar na Arca de Noé, morrendo no Dilúvio. E mandou rezar uma missa por eles.
- O seismosssauro era tão grande que sua cabeça ficava 10 m acima do coração. Com isso, os cientistas acreditam que ele tinha até oito corações, funcionando em série, única forma de conseguir levar o sangue até o cérebro. Como isso exigiria uma pressão sanguínea muito elevada, admite-se que eles deviam ter um sistema circulatório duplo: um de baixa pressão, que levaria o sangue aos pulmões, e outro de alta pressão, que transportaria o sangue para o restante do corpo.
- Se a história da vida na Terra pudesse ser comprimida num período de um dia (24 horas), os dinossauros teria aparecido às 22 horas e desaparecido 1 hora e 20 minutos depois. O ser humano teria aparecido às 23 horas, 59 minutos e 54 segundos.
Fontes
BARRETT, P. Dinossauros. Trad. Carlos S. M. Rosa. São Paulo, Martins Fontes, 2002. 192 p.
DINOSSAUROS. In ATLAS Visuais. Santiago, Chile: EPSA, 1995. 128 p. (Publicado pela Editora de Publicações S. A. 1995 para circular no Jornal Zero Hora Brasil.)
FISHER, A. Como a ciência descobriu o asteróide assassino. São Paulo, Popular Science, abril 1983. p. 59-61.
NOTÍCIAS de diversas fontes, principalmente os jornais Folha de S. Paulo e Zero Hora e as revistas Veja e Superinteressante, publicadas entre 1993 e 2008.