Serviço Geológico do Brasil apresenta o Atlas Geoquímico da Mesorregião Sul de Santa Catarina

20/12/2022 às 00h00
 | Atualizado em: 01/03/2024
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Segundo a pesquisa, o principal problema ambiental é a Drenagem Ácida de Mina, decorrente de mais de 100 anos de exploração de carvão na região Ponto de coleta de água, sedimento de fundo e medição de vazão
O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) lançou, na última semana, o ‘Atlas Geoquímico da Mesorregião Sul de Santa Catarina’. O estudo, elaborado pela geóloga do SGB, Melissa Franzen, tem como objetivo delinear a distribuição dos elementos químicos, disponibilizando dados e informações para subsidiar pesquisas em escalas adequadas de detalhe em meio ambiente, prospecção mineral, agricultura e saúde pública. A coleção contempla 141 mapas geoquímicos da Região Carbonífera de Santa Catarina, área de relevância ambiental e mineral, que possui 2.750 km² afetados pela mineração de carvão desde o século XIX. A pesquisa analisou uma área de 10.827 km2, nas regiões hidrográficas Sul - que abarca os rios Tubarão e Duna; e Extremo Sul - dos rios Urussanga, Araranguá, e afluentes da margem esquerda do Mampituba. De acordo com os dados, o principal problema ambiental nas regiões é a Drenagem Ácida de Mina (DAM), decorrente de mais de 100 anos de exploração de carvão, impactando não apenas o meio ambiente, como a saúde da população que habita próximo à região. Segundo a geóloga, a composição química dos sedimentos de fundo é uma contribuição inédita do Atlas para esta área, representando a composição do substrato geoquímico (rochas e solos) na área de drenagem. Este meio foi escolhido para um maior detalhamento, por ser considerado mais conservativo do que a água, e sua composição não variar tanto ao longo do tempo. Drenagem Ácida de Mina: principal problema ambiental dos rios da região

O Atlas indica que a foz do rio Araranguá é a mais impactada pelas cargas de metais dissolvidos pela drenagem ácida de mina. Neste cenário, o rio Urussanga chega à foz com a pior qualidade aquosa, em termos físicos e químicos, por conta também dos despejos urbanos e da falta de renovação das águas. A foz do rio Tubarão apresenta posição intermediária nos resultados de precariedade das águas. Porém, a pesquisa alerta que, por desaguar na laguna Santo Antônio dos Anjos, o rio apresenta condições de fragilidade do ecossistema lagunar. A DAM ocorre quando rochas com minerais sulfetados -com a presença de sulfeto - são retiradas da terra, por meio das atividades minerárias, e oxidam ao entrar em contato com a água e o oxigênio. O fenômeno caracteriza-se pelo baixo pH e altas concentrações de elementos tóxicos colocando em risco as águas subterrâneas e superficiais. Os rejeitos depositados nas baixadas ou nas margens dos córregos e rios, desde muito próximo das nascentes, em contato com o oxigênio do ar e da água, provocam a oxidação da pirita (FeS2), que produz sulfato de ferro solúvel (Fe2(SO4)3) e ácido sulfúrico (H2SO4), resultando em produção de sólidos alaranjados, acidificação do meio aquático e liberação de metais pesados (Al, Fe, Co, Mn, Ni, Zn, entre outros). Os parâmetros que rastreiam o impacto da DAM são o baixo pH das águas, as elevadas concentrações dos íons sulfato (SO42-) e dos representantes da acidez (íons combinados com H+), que se mantém altos por grandes distâncias a partir do foco de geração. No caso da Bacia Carbonífera de Santa Catarina, os rejeitos depositados nas baixadas ou nas margens dos córregos e rios - muito próximo das nascentes - provocam a oxidação da pirita (FeS2), ao entrar em contato com o ar e a água, o que produz sulfato de ferro solúvel e ácido sulfúrico. Esse processo resulta na produção de sólidos alaranjados, acidificação do meio aquático e liberação de metais pesados, como alumínio, ferro, cobalto, manganês, níquel e zinco. Ponto de coleta de solo em dois horizontes
O Atlas integra os produtos desenvolvidos pelo Departamento de Gestão Territorial (DEGET) do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), que visam a execução de estudos do meio físico, no âmbito das geociências, voltados para Gestão Territorial, Geologia Ambiental e Geologia Aplicada, como suporte aos gestores governamentais na elaboração de políticas públicas e no atendimento à sociedade em geral. Acesse o estudo completo

Maria Alice dos Santos Núcleo de Comunicação Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) Ministério de Minas e Energia imprensa@sgb.gov.br

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