Rio Negro chega a 13,05 m em Manaus (AM) e registra 2ª mínima em 122 anos

02/10/2024 às 13h19
 | Atualizado em: 02/10/2024 às 18h19
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Serviço Geológico do Brasil divulgou, nesta terça-feira (1), o 40 º Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas

Foto: Michel Dantas/AFP

Manaus (AM) – O nível do Rio Negro já se aproxima das mínimas históricas em Manaus (AM). Nesta terça-feira (1), a cota chegou a 13,05 m – a 2ª menor em 122 anos de monitoramento. A marca só está atrás do recorde de 12,7 m registrado em 2023. Os dados são apresentados no 40º Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas, publicado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

As projeções indicam que nos próximos dias o Rio Negro pode descer ainda mais e registrar uma nova mínima. “As descidas em Manaus têm sido menores, no momento, de 17 cm em média por dia. Mas a região a montante, que contribui para essa parte da bacia, ainda apresenta descidas de 10 cm e as estimativas de chuva para a região são pequenas. Neste sentido, há uma tendência de continuar o processo de recessão nesta parte da bacia nas próximas semanas”, explica a pesquisadora em geociências do SGB Jussara Cury.

A pesquisadora observa que há uma tendência de reduzir o ritmo das descidas, considerando que no alto Rio Negro já foram observas descidas menores, de 5 cm por dia, em Barcelos (AM) e até uma elevação em regiões mais ao norte da bacia. “No entanto, precisamos de um tempo para sentirmos essa estabilidade em Manaus”.

Seca extrema

Devido às chuvas abaixo da média, a região amazônica enfrenta uma das secas mais graves da história, com registros de mínimas recordes em várias estações monitoradas pelo SGB. Nesta terça-feira (1), o Rio Solimões chegou pela primeira vez a cota negativa em Itapéua (AM). Na estação, foi observado -4 cm.

O Solimões também registrou as mínimas, nesta terça (1), em Manacapuru (AM), com cota de 2,82 m; e em Fonte Boa (AM), com a marca de 7,32 m. Na estação de Tabatinga (AM), houve uma correção na régua linimétrica e foi registrada a mínima histórica de -2,54 m em 26 de setembro. O Solimões segue em recessão.

Na estação de Humaitá (AM), o Rio Madeira registrou, nesta terça (1), a cota mais baixa da história: 8 m. Em Beruri (AM), o Rio Purus chegou a mínima de 3,54 m na segunda-feira (30) e estabilizou. O Rio Amazonas em Itacoatiara (AM) chegou à segunda menor cota da história:  61 cm, atrás da marca de 36 cm observada em 2023. Em Óbidos (PA), o Amazonas registra -61 cm, também a segunda menor cota, atrás do recorde de -93 cm em 2023.

Confira as estações da Bacia do Rio Amazonas que já registram as mínimas históricas neste ano:

Rio Município Cota mínima recorde Data da mínima Mínima anterior
Solimões

Tabatinga (AM)

-2,54 m 26/09/2024

-86 cm (2010)

Solimões

Fonte Boa (AM)

7,32 m

01/10/2024

8,02 m (2010)

Solimões

Itapéua (AM)

-4 cm

01/10/2024

1,31 m (2010)

Solimões

Manacapuru (AM)

2,82 m

01/10/2024

3,11 m (2023)

Acre

Rio Branco (AC)

1,23 m

21/09/2024

1,24 m (2022)

Purus

Beruri (AM)

3,54 m

30/09/2024

4,07 m (2023)

Madeira

Porto Velho (RO)

25 cm

23/09/2024

1,10 m (2023)

Madeira

Humaitá (AM)

8 m

01/10/2024

8,10 m (2023)

 

O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. 

Apoio aos municípios

Além dos Sistemas de Alerta Hidrológico, o SGB disponibiliza aos gestores públicos o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Esse é o principal repositório de dados de poços no Brasil, que pode ser usado para identificar fontes de abastecimento. 

O SGB também realiza o mapeamento de áreas de risco geológico, identificando e caracterizando porções do território municipal sujeitas a perdas e danos por eventos de natureza geológica. Esse trabalho é uma importante ferramenta para a tomada de decisões sobre redução de riscos, prevenção de desastres e ordenamento territorial. 

Parceria

O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.  As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas na plataforma SACE.
 

Larissa Souza
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br

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