51º CBG: estudo do Serviço Geológico do Brasil destaca potencial mineral das argilas nos vales dos rios Doce e Jequitinhonha

17/10/2024 às 18h37
 | Atualizado em: 17/10/2024 às 21h08
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Trabalho visa otimizar a uso dos recursos naturais e consequente redução do impacto ambiental nas regiões

Foto: Divulgação SGB

Belo Horizonte (MG) - Trabalho realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) foi apresentado nesta quinta-feira (17), no  51º Congresso Brasileiro de Geologia (CBG), em Belo Horizonte, com o objetivo de suprir uma carência de caracterização geológica, geomorfológica e tecnológica da indústria de argila nos vales dos rios Doce e Jequitinhonha. Acesse aqui o documento completo. 

O pesquisador em geociências do SGB Luiz Paulo Pedrosa Di Salvio explicou que o estudo das argilas nos vales localizados no estado de Minas Gerais teve como foco a prospecção e avaliação de depósitos, ocorrências e áreas potenciais de argilas brancas e vermelhas. “O Vale do Rio Doce é propício para a formação de depósitos de argilas vermelhas, enquanto o Vale do Rio Jequitinhonha favorece a formação de potenciais depósitos de argila branca”, explicou.

Foto: Divulgação SGB

Di Salvio destacou que os resultados obtidos permitem uma avaliação da potencialidade mineral das argilas, representando um importante avanço no conhecimento dessa indústria para a região. “Essa caracterização visa otimizar a utilização dos recursos naturais e, consequentemente, reduzir o impacto ambiental na área”, complementou.

O pesquisador também ressaltou que foram sugeridas algumas diversificações na aplicação do material em produtos de maior valor agregado, o que pode atrair investimentos, gerar emprego e renda para a região, além de aumentar a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) para o estado.

Levantamentos geoquímicos

O tema  “Levantamentos Geoquímicos no Âmbito dos Projetos do SGB: presente e perspectivas futuras" foi abordado pelo diretor de Geologia e Recursos Minerais, Valdir Silveira.

Foto: Divulgação SGB

“A apresentação incluiu um histórico dos levantamentos geoquímicos realizados ao longo de mais de cinco décadas, destacando os protocolos seguidos, tipos de amostragens e de análises, além dos produtos desenvolvidos pelo SGB. Foram também discutidos novos desafios, uso da IA e outras ferramentas de análises aplicadas à exploração de minerais estratégicos e críticos para transição energética e segurança alimentar”, explicou Silveira.

Elementos Terras Raras (ETRs)

Durante o dia, Lucy Takehara Chemale, geóloga e coordenadora do Projeto Avaliação do Potencial de Elementos Terras Raras no Brasil, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), apresentou palestra sobre o panorama dos elementos terras raras (ETRs) no país, com os cenários e perspectivas. O trabalho intitulado  “Scenarios and Perspectives of Rare Earths in Brazil”, destacou o panorama geral do potencial brasileiro para prospecção de ETRs.

A pesquisa de elementos terras raras (ETRs) no Brasil tem se tornado cada vez mais relevante devido ao papel estratégico desses minerais em diversas tecnologias modernas. De acordo com Chemale, os elementos terras raras são considerados minerais estratégicos por serem usados na indústria de alta tecnologia, destacando-se os ímãs permanentes, presentes em diversos equipamentos. 

Foto: Divulgação SGB

“Essa nova fase do projeto tem como foco o estudo do potencial de ETR na Bahia, cujos produtos devem ser disponibilizados no final de 2025. No próximo ano também serão iniciados estudos em novas áreas, bem como serão desenvolvidos modelos prospectivos em depósitos conhecidos para serem aplicados e validados em depósitos não conhecidos. A partir daí, iremos fazer o mapa de favorabilidade para ETR no Brasil”, informou a geóloga. 

Os ETRs incluem 17 elementos químicos, como neodímio, lantânio e cério, e são fundamentais para a fabricação de uma ampla gama de tecnologias, de smartphones e computadores a veículos elétricos, assim como energias renováveis e sistemas de defesa.

Geocronologia

Estudos sobre geocronologia (idade e tempo das rochas), também tiveram destaque na programação do CBG. A pesquisadora Cristina Maria Burgos de Carvalho, da Diretoria de Infraestrutura Geocientífica, apresentou o trabalho “Aprimoramento da Técnica de Separação de Zurcão e Badeleíta para Análises Geocronológicas no SGB”. 

Foto: Divulgação SGB

Na ocasião, falou sobre a metodologia desenvolvida pelo SGB para otimizar a datação de minerais, que muitas vezes é prejudicada por falhas em processos de separações. “O aprimoramento desta técnica constitui um avanço na qualidade dos dados obtidos e tem proporcionado saltos qualitativos importantes no conhecimento da evolução geológica das áreas abrangidas pelos projetos do SGB”, destacou.

Programa de Residência de Iniciação Profissional em Ciências da Terra na Região Amazônica

Em agosto de 2023, o Serviço Geológico do Brasil (SGB), em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), lançou o edital para o Programa de Residência em Ciências da Terra, em nível de pós-graduação lato sensu, com o objetivo de oferecer uma formação complementar a recém-graduados em geologia.

Foto: Divulgação SGB

Esse tema foi apresentado durante o 51º Congresso Brasileiro de Geologia (CBG) pelo geólogo do SGB Túlio Amós Mendes. Nesta quinta-feira (17), ele relatou as atividades realizadas na região amazônica e explicou que o programa de residência em mapeamento geológico é organizado conforme três fases de um projeto: pré-campo, campo e pós-campo. Assim, os residentes em geociências selecionados para o mapeamento geológico na Amazônia podem vivenciar a execução completa de um projeto de mapeamento.

Além do desenvolvimento científico, os residentes em mapeamento geológico têm a oportunidade de adquirir experiência prática em projetos, integrando-se ao ambiente empresarial. Mendes enfatizou que, já no primeiro ano de residência, os participantes demonstram domínio das técnicas aplicadas, compreensão dos conceitos geológicos e boa adaptação ao ambiente corporativo.

SGBeduca    

No congresso, a pesquisadora Patrícia Jacques também apresentou trabalho desenvolvido pelo Programa SGBeduca para a popularização do conhecimento geocientífico: “Minerais e Rochas no Ensino Fundamental das Escolas do Brasil: Caderno Para Professor do Ensino Fundamental”.  O caderno é um guia que tem como objetivo reunir informações e dados sobre minerais e rochas, que foram publicados no site do SGBeduca, e que podem ser usados gratuitamente em salas de aula, no ensino fundamental II, em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Pôsteres 

Nesta quinta-feira (17), também foram apresentados pôsteres abordando diversas temáticas das geociências:
 

Pôster Pesquisadores (as)
Mapa geológico e de recursos minerais do estado do Amapá em ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG) Jaime dos Passos de Oliveira Barbosa
Idades U-Pb em zircões da Suíte Planalto, região Oeste do Domínio Carajás, Sudeste do Cráton Amazônico Marcos Luiz do Espírito Santo Quadros
Petrografia das rochas vulcânicas do Domínio Iriri-Xingu na região de São Félix do Xingu-PA, Sudeste do Cráton Amazônico Paulo Pereira Albuquerque
Megabloco Januária-Correntina-São Domingos: representante Paleoproterozóico do paleocontinente São Francisco Renato de Assis Barros
Metakomatito Alto da Varginha: lavas metaultramáficas peridotíticas Mesorqueanas da Borda Sul do Quadrilátero Ferrífero (MG) Márcio Antônio da Silva
Sequências metassedimentares Paleoproterozóicas na Borda Leste do Quadrilátero Ferrífero: novos dados U-Pb em zircão detrítico Marcus Paulo Sotero
New U-Pb Geochronological insights for the Santa Barbara and Guanhães Complexes, Eastern Quadrilátero Ferrífero, Brazil Raianny Carolini Ramos Ferreira
Feições de retrometamorfismo em rochas supracrustais Paleoproterozóicas da região da Serra da Lua, Roraima Brenda de Andrade Feitosa
Dados preliminares de feições de anatexia em mega xenólito de charnockitoide associado à intrusão do Corpo Vila Maravilha, Suíte da Providência, Sudeste do estado do Amazonas Bruno Silva de Souza
Mapeamento geoquímico de sedimentos de correntes no Escudo Sul-Rio-Grandense, Brasil com utilização de EDA, MAD E C-A e compartimentação geotectônica: determinação de background e anomalias e suas implicações para exploração mineral e estudos ambientais Andreia Oliveira Monteiro da S. Gross
Análises geoquímicas preliminares de amostras do substrato oceânico do Terraço do Rio Grande - RS Edlene Pereira Silva
 
Petrogênese dos granulitos máficos da Folha Ruy Barbosa 1:100.000, orógeno Itabuna-Salvador-Curaça, Cráton São Francisco, Bahia Eduardo Gonçalves de Lima
 
Caracterização do vulcanismo félsico da Formação Chapada Grande, Paleo Placa Bom Jesus da Lapa, Cráton São Francisco, Bahia

Michel Macedo Meira

 

Simone Goulart e Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 

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