Tecnologias de satélites ampliam conhecimento sobre rios da região amazônica e ajudam a compreender eventos extremos

29/10/2024 às 20h59
 | Atualizado em: 30/10/2024 às 14h40
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Serviço Geológico do Brasil destacou, durante a Conferência Internacional South America Water from Space 2024, a importância dos dados gerados

Foto: Divulgação SGB

Belém (PA) – Satélites espalhados pela órbita terrestre têm sido essenciais para monitorar os rios, especialmente em áreas de difícil acesso, como na região amazônica. É o que destacou a diretora-presidente em exercício do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Alice Castilho, durante a abertura da Conferência Internacional South America Water from Space 2024, que começou nesta terça-feira (29), em Belém (PA). 

O evento reúne especialistas internacionais para debater a aplicação das novas tecnologias e sua importância para compreendermos o ciclo da água diante das mudanças climáticas, que agravam eventos extremos, como secas e inundações. 

Na cerimônia de abertura, Alice Castilho destacou que o SGB tem a experiência de 55 anos no monitoramento hidrológico e realiza a operação da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN). Desde 2008, a empresa investe em aumentar o conhecimento na área de sensoriamento remoto aplicado à hidrologia, para ampliar o que sabemos sobre os rios. 

Além disso, o SGB tem tido um papel importante no projeto do satélite SWOT (Surface Water Ocean Topography), lançado em 2022 pelas agências espaciais da França (CNES) e dos Estados Unidos (NASA). “O SGB tem aplicado essas informações que estão sendo compartilhadas no projeto SWOT na própria operação da RHN e também nos Sistemas de Alerta Hidrológico. Nós operamos 17 sistemas no Brasil, alguns aqui nas bacias que compõem a Bacia Amazônica”, disse a diretora. 

Alice Castilho complementou que, na região, o “sensoriamento remoto aplicado à hidrologia vai impulsionar muito esse conhecimento hidrológico, dada essa dificuldade toda de logística de monitoramento”. Atualmente, há estações para monitoramento por satélite na região de Santarém (PA), no Rio Tapajós; e em Óbidos (PA) e Almeirim (PA), no Rio Amazonas.

Satélites complementam monitoramento hidrológico

Sensores instalados em satélites monitoram chuvas, níveis de rios, temperatura, estimativa de evapotranspiração, sedimentos e qualidade da água dos rios, além de avaliar a quantidade de água armazenada no solo. Essas tecnologias complementam o trabalho realizado pelo SGB, por meio de estações instaladas nos rios.

Na conferência, a chefe do Departamento de Hidrologia do SGB, Andrea Germano, apresentou as ações da empresa, com destaque para o trabalho de monitorar e prever eventos extremos ocorridos de Sul a Norte do país, em 2024. A pesquisadora ressaltou que as novas tecnologias ajudam a antecipar cenários: “Nos possibilita saber, em tempo quase real, qual a amplitude dos níveis dos rios e qual a quantidade de chuva que está acontecendo em regiões onde o monitoramento convencional não é possível”.

Missão SWOT 

A participação do SGB na equipe científica do satélite SWOT foi viabilizada por meio do  projeto Dinâmica Fluvial, realizado no âmbito de um acordo de cooperação entre o SGB e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, há 16 anos. Os dados obtidos neste trabalho são apresentados em uma plataforma lançada recentemente. Confira aqui o conteúdo.

No projeto SWOT for South America (SWOT para a América do Sul), realizado entre 2020 e 2023, o SGB validou e calibrou os dados do satélite. Agora, a missão entra em uma nova fase, com o projeto SWOT for the AMazon BAsin (SAMBA), que permitirá observações mais detalhadas sobre a Bacia Amazônica. 

O SWOT é um satélite capaz de gerar nuvens de pontos com informações detalhadas sobre os recursos hídricos, abrangendo mais de 90% dos corpos d’água do planeta, fornecendo observações em alta resolução espacial e temporal. É também a primeira missão espacial desenvolvida especificamente para esse fim.

Durante palestra na conferência, o engenheiro Daniel Moreira, que representa o SGB na equipe científica do SWOT, apresentou análises sobre a seca extrema na região amazônica.

A conferência 

Participaram da cerimônia de abertura, ao lado da diretora Alice Castilho: o representante do Brasil no IRD, Abdel Sifeddine; a gerente do programa de Hidrologia da CNES, Delphine Leroux; o diretor de coordenação da Itaipu, Carlos Carboni; o presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), Alexandre Kepler Soares; e a diretora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Belém (INPE), Alessandra Rodrigues Gomes.

A 4ª edição do evento é coorganizada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), em parceria com o Instituto Nacional Francês para o Desenvolvimento Sustentável (IRD), a Agência Espacial Francesa (CNES) e a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro). São patrocinadores o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e a Itaipu Binacional. Como apoio, estão o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Geosciences Environment Toulouse (GET).

 

Larissa Souza
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 


 

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