Retrospectiva 2024: ações ajudaram a população em ano marcado por eventos climáticos extremos
Retrospectiva 2024: ações ajudaram a população em ano marcado por eventos climáticos extremos
Durante cheias e secas históricas, Serviço Geológico do Brasil intensificou seu apoio aos municípios e às defesas civis
Brasília (DF) – Quando se trata de eventos climáticos extremos, o ano de 2024 foi um dos mais desafiadores para o país devido às cheias e secas históricas ocorridas. Nesse cenário, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) teve um papel fundamental e intensificou seu apoio à população, aos municípios, estados e defesas civis em ações para reduzir os impactos dos desastres.
Nas cidades afetadas por enchentes e secas nas regiões Sul e Norte, equipes do SGB realizaram o monitoramento contínuo dos níveis dos rios por meio dos Sistemas de Alerta Hidrológico (SAH) e enviaram boletins periódicos com previsões. Esse trabalho foi importante para antecipar cenários e ajudar gestores a tomarem decisões rápidas, como evacuação de áreas de inundação.
“Tivemos uma atuação pró-ativa, avisando com antecedência os municípios beneficiados pelos sistemas de alerta, mas também ampliando nossa atuação, incorporando novas técnicas de sensoriamento remoto. Além disso, recuperamos estações e registramos os eventos por meio de levantamentos in loco e medições”, destacou a diretora de Hidrologia e Gestão Territorial, Alice Castilho.
Em todo o país, o SGB opera 17 Sistemas de Alerta Hidrológico, nas bacias dos rios Acre (AC), Amazonas (AM), Branco (RR), Caí (RS), Doce (MG e ES), Itapecuru (MA), Madeira (RO), Mundaú (AL), Muriaé (RJ), Paraguai (MT e MS), Parnaíba (PI e MA), Pomba (RJ), São Francisco (MG e BA), Taquari (RS), Uruguai (RS), Velhas (MG) e Xingu (PA).
Desde o início do ano, o SGB começou a analisar e projetar cenários para o período de estiagem na região amazônica e no Pantanal. Além disso, intensificou trabalhos para identificar novas fontes de água subterrânea e apoiar ações para enfrentamento da escassez de recursos hídricos.
Também foram feitos atendimentos emergenciais após os desastres no Rio Grande do Sul e também em Manacapuru (AM). O objetivo desse trabalho é caracterizar as áreas afetadas e gerar informações para apoiar os gestores públicos.
Atuação no Rio Grande do Sul
No estado gaúcho, o SGB iniciou ação emergencial para mapear as áreas de risco em 93 cidades afetadas pelas inundações e movimentos de massa, como deslizamentos de terra e fluxos de detritos. O trabalho segue em 2025, com o objetivo de levantar informações para prevenir desastres e proteger a população em caso de novos eventos climáticos extremos.
Por meio de crédito extraordinário, repassado pela Casa Civil, na área de recursos hídricos, foi possível a celebração de um Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o SGB e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH). O objetivo é aprimorar a modelagem hidrológica e hidrodinâmica da bacia do rio Guaíba. Essa cooperação visa a transferência da tecnologia para incorporação dos modelos desenvolvidos pelo IPH nos Sistemas de Alerta Hidrológico operados pelo SGB no Rio Grande do Sul. O prazo é de dois anos.
Esforços também foram dedicados ao Grupo Técnico de Assessoramento (GTA) para Estudos Hidrológicos e de Segurança de Infraestruturas de Reservação e de Proteção de Cheias no Estado do Rio Grande do Sul.
A DHT ficou responsável por elaborar, em um prazo de 6 meses, vários produtos no estado, como: Curvas IDF (intensidade-duração-frequência) e a medição direta e avaliação indireta do nível máximo de rios em diversas estações hidrológicas. Tais estações são operadas pelo SGB, em parceria com a ANA, abrangendo a região central do Cais Mauá em Porto Alegre e outras 55 estações em todo o estado do RS. Além disso, apoiará o mapeamento e a disponibilização das manchas de inundação.
Prevenção de desastres
Em 2024, o SGB lançou um aplicativo inédito: Prevenção SGB. O app, disponível para os sistemas Android e IOS, permite aos cidadãos terem informações sobre áreas de risco. Além disso, as pessoas podem colaborar indicando outras áreas, ajudando assim a ampliar a base de dados.
Outro marco foi a parceria com a Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades visando elaborar Planos Municipais de Redução de Riscos para dez cidades: Bento Gonçalves (RS), Blumenau (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Maceió (AL), Paulista (PE), Teresina (PI), Rio Branco (AC), Rio do Sul (SC) e Santa Cruz do Sul (RS).
Ao longo do ano, o SGB realizou outros trabalhos de campo para mapear as áreas de risco no país e oferecer informações que ajudem a prevenir desastres. Foram publicados relatórios para 86 municípios.
O SGB atendeu, com as Cartas de Perigos, as cidades de Palmares (PE) e São Vicente (SP). Já com as Cartas Geotécnicas de Aptidão, contemplou Rio Branco do Sul (PR) e Vargem Alta (ES). Para 40 cidades também foram entregues as Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e de Inundações.
Por meio do programa de capacitação em Percepção e Mapeamento de Áreas de Risco, habilitou, neste ano, mais de mil profissionais em cursos presenciais, incluindo agentes de defesas civis estaduais e municipais. Com os cursos à distância, emitiu mais de 3 mil certificados. As capacitações EaD estão disponíveis nas plataformas da Escola Virtual do Governo e da Fundação Getúlio Vargas.
Todas as entregas são previstas no Planejamento Estratégico do SGB, alinhado ao Plano Plurianual 2024-2027 do governo federal.
Gestão das águas
Em 2024, o SGB realizou a operação e manutenção de estações da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), administrada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para gerar conhecimento sobre a hidrologia do país. As informações têm diversas aplicações e são essenciais para a gestão dos recursos hídricos, dimensionamento de estruturas hidráulicas (como hidrelétricas) e operação dos sistemas de alerta hidrológico.
As estações da RHN também coletam dados sobre as chuvas que, entre outros usos, subsidiam os estudos do projeto Atlas Pluviométrico. Os estudos ajudam os municípios a compreenderem a intensidade, duração e frequência das chuvas para adotarem medidas que fortaleçam a infraestrutura urbana. Neste ano, foram contemplados 28 municípios.
Águas subterrâneas
Além disso, houve a ampliação do número de poços da Rede Integrada de Monitoramento de Águas Subterrâneas (RIMAS) e foram cadastrados mais de 12 mil poços no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Ambos, projetos institucionais e com atividades e entregas contínuas.
Em todo o território nacional, a RIMAS possui 489 poços monitorados, enquanto o SIAGAS apresenta mais de 380 mil poços cadastrados. Esses dados são essenciais diante dos eventos extremos que afetam o abastecimento de água no país, pois as águas subterrâneas são a principal fonte alternativa de abastecimento público e urbano. Com essas ferramentas, o SGB informa sobre qualidade, quantidade e disponibilidade de água subterrânea nas regiões.
Neste ano, o SGB entregou e finalizou 12 (doze) relatórios diagnósticos sobre o cadastramento de poços e fontes naturais em municípios do Maranhão. São eles: Bacabal, Barreirinhas, Capinzal do Norte, Chapadinha, Fortuna, Magalhães de Almeida, Parnarama, Passagem Franca, Riachão, Rosário, Santa Quitéria e São Bernardo. A iniciativa é parte do projeto Segurança Hídrica no Estado do Maranhão e o principal objetivo é prover tais municípios de condições básicas para abastecimento de água à população desses locais.
Com relação à Cartografia Hidrogeológica, o objetivo é ampliar o conhecimento sobre as águas subterrâneas com a produção de mapas e produtos, principalmente em nível estadual. Nesse sentido, o SGB está elaborando os mapas hidrogeológicos de Roraima, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Sergipe.
Está em elaboração, desde 2019, o projeto Mapa Hidrogeológico da América do Sul, com interveniência da Associação de Serviços de Geologia e Mineração Ibero-Americanos (ASGMI). A iniciativa está em fase de elaboração, com a realização de reuniões técnicas bilaterais entre os países do continente, que possuem o objetivo de realizar o intercâmbio de dados/informações, além de promover a aplicação da metodologia e padronização utilizadas nos mapas produzidos pelo programa de Cartografia Hidrogeológica.
Fortalecimento do geoturismo
Para promover o desenvolvimento sustentável das regiões, com base no geoturismo, o SGB avançou com as ações do projeto Fomento ao Geoturismo. Foram realizados estudos nos parques nacionais da Serra da Canastra (MG), de Jericoacoara (MG) e da Capivara (PI), além de trabalhos de campo em diferentes estados, como Pará e Paraná.
Este ano também foi marcado pelo reconhecimento do Geoparque Uberaba – Terra dos Gigantes como Geoparque Global da Unesco. O SGB teve um papel importante no processo para essa conquista e segue realizando estudos em outras áreas potenciais para estimular a criação de geoparques.
Gestão territorial
Outra iniciativa que contribui para revelar as potencialidades e ajudar na gestão territorial é o projeto Geodiversidade. Neste ano, o SGB entregou uma série de estudos elaborados no Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, além do Mapa da Geodiversidade do Geoparque Seridó. Também foram atendidos por esse projeto os municípios de Jaciara e Juscimeira, em Mato Grosso; a região do litoral norte do Ceará; e o polo de irrigação de Petrolina e Lagoa Grande, em Pernambuco.
Para apoiar os municípios a fecharem os lixões, o SGB entregou avaliações técnicas de áreas destinadas à implantação de aterros sanitários para as cidades de Borba (AM), Óbidos (PA) e Monte Alegre (PA). Esse trabalho está alinhado à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
O SGB também avançou com o Programa Cartas Geomorfológicas Municipais e atendeu 59 municípios. Também lançou mapas inéditos de geomorfologia para Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Geoquímica ambiental
Em municípios da Bahia, o SGB realizou levantamento geoquímico de baixa densidade para identificar possíveis contaminações nos rios e solo. A área do estudo tem ao todo 80.000 km² e abrange os três principais rios da região: Carinhanha, Formoso e Corrente.
Troca de experiências
Pesquisadores do SGB estiveram em eventos importantes e puderam apresentar os projetos, além de conhecer iniciativas inovadoras, que poderão ser incorporadas às atividades. Entre os destaques está a participação no Congresso Internacional de Geologia, na Coreia do Sul, e no Congresso Mundial de Águas Subterrâneas 2024, na Suíça.
No Brasil, o SGB marcou presença e apresentou projetos no Congresso Brasileiro de Geologia, no Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, no Encontro Nacional de Desastres, no Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, entre outros. Além disso, participou da organização da conferência South America Water from Space IV, em Belém (PA). Na ocasião, foram apresentados resultados das pesquisas de sensoriamento remoto aplicado à hidrologia.
Bacia Carbonífera
Ao longo do ano, avançaram as ações para recuperação ambiental da Bacia Carbonífera de Santa Catarina. Esse trabalho envolve área aproximada de 1.700 hectares. O Plano de Monitoramento Ambiental engloba o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, do solo construído, da vegetação introduzida e da regeneração natural da fauna e o Projeto de Educação Ambiental da Bacia Carbonífera.
Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
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