Granitos antigos ajudam a contar a história do Cráton do São Francisco: estudo revela pistas sobre a ruptura de um supercontinente

30/04/2025 às 12h39
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O trabalho foi desenvolvido integralmente por pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil, a partir de dados do Projeto Áreas de Relevante Interesse Mineral

Divulgação/SGB

Brasília (DF) - Novas descobertas sobre os granitos do tipo A encontrados no noroeste do Cráton do São Francisco, entre os estados do Piauí e Bahia, é tema do artigo “A-type tonian granite in the Northwest of the gavião bloco: Record of within-plate magmatism precursor tô the continental lifting of the São Francisco paleoplate?", publicado no Journal of South American Earth Sciences. 

O estudo foi realizado pelo pesquisador do Serviço Geológico do Brasil (SGB) José Alberto Rodrigues do Vale e demais colaboradores, com foco na chamada Suíte Serra do Meio — um conjunto de rochas formadas há cerca de 930 milhões de anos, durante o Período Toniano.

Essas rochas chamam a atenção por estarem associadas a um tipo específico de atividade magmática chamada magmatismo intraplaca, que ocorre dentro das placas tectônicas, longe das bordas onde elas se chocam ou se separam. Esse tipo de magmatismo, segundo o estudo, teria ocorrido antes da abertura de um rifte continental conhecido como Rifte Santo Onofre, um processo geológico que pode ter dado início à fragmentação do supercontinente Rodínia.

Um dos diferenciais da pesquisa é a identificação de um magmatismo anorogênico (do tipo A1) em uma área pouco estudada do Cráton do São Francisco. Através de análises geoquímicas, petrográficas e datações isotópicas (método U–Pb com SHRIMP), os pesquisadores confirmaram a idade das rochas em cerca de 930 ± 2 milhões de anos. Isso reforça a ideia de que esses granitos estão ligados a um evento de rift abortado — ou seja, um processo de separação continental que começou, mas não chegou a se completar.

“Compreender a origem e a evolução desses granitos ajuda os cientistas a reconstruírem a história geológica do Cráton do São Francisco, uma das províncias geológicas do Brasil. Essa região é essencial para entender como se formou o supercontinente Gondwana, que uniu partes da América do Sul, África, Antártica e outros continentes no passado”, destacou Vale.

Além disso, os granitos do tipo A são conhecidos por estarem associados à presença de elementos raros, importantes para a indústria tecnológica. Por isso, o estudo também tem potencial para orientar futuras atividades de exploração mineral na região.

Projeto 100% brasileiro

O trabalho foi inteiramente realizado por pesquisadores do SGB, com base em dados do Projeto Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM), que avaliou o potencial mineral da região de São Raimundo Nonato, no Piauí, entre 2018 e 2021.

Uma curiosidade geológica
Os granitos tipo A eram, por muito tempo, considerados exclusivos de ambientes geológicos extensivos, onde a crosta terrestre está se afastando. Hoje, porém, os cientistas já sabem que esse tipo de rocha também pode se formar em ambientes compressivos, onde as placas estão se chocando — mostrando como a geologia está sempre em evolução.

Veja aqui o artigo completo. 

Simone Goulart
Núcleo de Comunicação

Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br 

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