Rio Paraguai já registra a 2ª menor cota da história em Ladário (MS) 

09/10/2024 às 21h05
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Na estação foi observada a cota de -60 cm, conforme indica monitoramento do Serviço Geológico do Brasil

Foto: Mairinco de Pauda/Imasul

Brasília (DF) – A seca continua intensa no Pantanal e já se configura como uma das mais graves da história. Em Ladário (MS), o Rio Paraguai registra -60 cm – a segunda menor marca em 124 anos de monitoramento. Essa cota é a mesma observada em 2021 e está apenas 1 cm acima do recorde de -61 cm em 1964. Os dados estão disponíveis no último boletim de monitoramento hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado nesta quarta-feira (9).

“O rio está com os níveis comparados com o observado em 1964, mas naquele ano a cota começou a subir no final de setembro e, neste ano, ainda está abaixo da média. Portanto, temos dois efeitos: níveis bastante baixos e o atraso no início da estação chuvosa, fazendo com que a estação seca se prolongue, gerando essa situação mais crítica que estamos enfrentando”, analisa o pesquisador em geociências Marcus Suassuna. 

Nos últimas dias, foi observada estabilização no ritmo de descida do Rio Paraguai, apesar disso as projeções indicam que a cota ainda pode reduzir em Ladário (MS) e ficar próxima de -70 cm. Isso porque o volume de chuvas não tem sido suficiente para a recuperação. No boletim, o SGB informa que é provável que a cota se mantenha abaixo de 10 cm até aproximadamente a segunda quinzena de novembro. 

O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. 

Ao longo de todo o ano, o rio esteve abaixo da faixa de normalidade na maior parte da Bacia do Rio Paraguai – exceto nos rios Cuiabá. Em Porto Murtinho (MS), foi observada, nesta quarta-feira (9), a nova mínima histórica de 62 cm. Barra do Bugres (MT) subiu para 28 cm após ter registrado a mínima histórica de 22 cm. A partir da segunda quinzena de outubro, pode haver recuperação dos níveis em Cáceres (MT), Ladário (MS), Porto Murtinho (MS) e no Forte Coimbra, no município de Corumbá (MS).

Apoio aos municípios

A situação exige atenção contínua, tanto no monitoramento quanto na adoção de medidas para enfrentar os desafios impostos pela estiagem prolongada. Desde fevereiro, o SGB vem alertando para o cenário de seca no Pantanal, devido à redução de chuvas na região. Além de monitorar, o SGB também apoia os municípios com o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), em períodos de crises hídricas.

O SIAGAS é um repositório de poços perfurados no Brasil, e sua base tem mais de 371 mil cadastrados, com 14 mil na Região Centro-Oeste. Disponível para consulta pública, apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo, permite identificar poços dos quais seja possível extrair água para usos doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades. Esse é um projeto de grande importância para a gestão de políticas públicas, tanto em nível nacional como estadual e sub-regional.

Parceria

O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas.  As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas na plataforma SACE.

Larissa Souza
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
Ministério de Minas e Energia
Governo Federal
imprensa@sgb.gov.br

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