IGC 2024: Uso de técnicas de inteligência artificial contribui para identificação de depósitos de urânio 

29/08/2024
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Nesta quinta-feira (29), pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil apresentaram trabalhos sobre recursos minerais e divulgação das geociências durante o 37º Congresso Internacional de Geologia

Foto: RHJ/Getty Images

Coreia do Sul - Nova metodologia, que utiliza inteligência artificial para a descoberta de depósitos de urânio, esteve em evidência nesta quinta-feira (29), no 37º Congresso Internacional de Geologia, que ocorre em Busan, na Coreia do Sul. Na sessão técnica “Recursos de Urânio, Tório e Minerais Relacionados à Energia Atômica”, trabalho desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) foi apresentado e reforçou o potencial brasileiro para a produção desse minério estratégico para a transição energética. 

Na ocasião, a pesquisadora em geociências Isabelle Serafim, da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), explicou que a nova metodologia geofísica permite identificar anomalias de urânio, ou seja, locais onde há concentração acima do normal e que possam indicar novos depósitos. Para isso, são usados dados adquiridos em aerolevantamentos geofísicos e, posteriormente, os resultados são validados com dados de campo adquiridos no "Projeto Urânio Brasil".

Foto: SGB/Divulgação

“Esse estudo é uma forma barata e efetiva de estudar grandes áreas que não possuem muito conhecimento prévio sobre ocorrências de urânio, como é o caso do Brasil. Apresentar esse tema em um congresso internacional é reafirmar o potencial que o Brasil possui, com uma excelente reserva de urânio, além de atrair olhares do mundo para o trabalho que vem sendo desenvolvido dentro do SGB”, disse a pesquisadora na apresentação do trabalho intitulado: “Novas Fronteiras da Exploração de Urânio em Multiescala no Brasil. Estudos de Caso: Regiões de Rio Cristalino e Itataia”. 


Potencial mineral brasileiro

 

O pesquisador do SGB Hugo Polo, da DGM, também apresentou na sessão técnica o trabalho “Sistemas Minerais de Urânio no Brasil”, que sintetiza o conhecimento atual dos depósitos em uma análise macro-regional.  “Atualmente, o Brasil possui um dos recursos de urânio mais extensos do mundo, com cerca de 245 mil toneladas de urânio contido”, enfatizou.

De acordo com os dados apresentados, o país possui 36 depósitos de urânio, em nove tipos diferentes. Polo ressaltou: “O país tem potencial para estar entre os cinco maiores recursos globais devido à sua extensão territorial, diversidade geológica, retomada de levantamentos geológicos e recursos prognosticados e especulativos de um relatório recentemente divulgado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”. 

Foto: SGB/Divulgação

Polo acrescentou ainda que as mudanças no marco legal da exploração e lavra de minerais nucleares também influenciarão positivamente a descoberta ou reavaliação de depósitos de urânio. Nos próximos anos, a equipe do SGB desenvolverá trabalhos focados na metalogênese do depósito de urânio de Rio Cristalino, no Pará, e em mapas de favorabilidade para depósitos em outras províncias minerais.
 

Estudos ampliam conhecimento geológico

 

Nesta quinta-feira (28), também foi apresentado, em sessão com o tema “Metamorfismo”, um trabalho que gera informações importantes sobre carbonatitos. “O estudo apresentado permite sugerir guias prospectivos, de cunho genético, para que novas intrusões sejam encontradas. Os carbonatitos são rochas importantes do ponto de vista econômico, já que podem conter depósitos de fosfato, nióbio, titânio, terras raras, vermiculita e outros”, detalhou a pesquisadora em geociências Cimara Monteiro, assessora da Diretoria de Infraestrutura Geocientífica (DIG).

O trabalho é intitulado “Carbonatitos Proterozóicos no Escudo Sul-Riograndense (ESRG), Sul do Brasil”. Segundo Cimara Monteiro, os dados gerados são importantes para compreender a evolução geológica da Terra: “Os carbonatitos são rochas especiais, pois ocorrem em ambientes muito específicos e, portanto, trazem importantes informações sobre o manto da Terra. Dessa forma, ao juntar essas informações com outros dados geológicos, é possível inferir qual a paleogeografia e o regime tectônico envolvidos na formação, há centenas de milhões de anos, do terreno em que hoje se encontra o sul-sudeste do Rio Grande do Sul, bem como as condições geoquímicas do manto sob tal terreno”.

Foto: SGB/Divulgação

Além desse estudo, foi apresentado, em sessão sobre “Geologia Sedimentar”, o trabalho: “Estado da Arte da Formação Juma, Grupo Alto Tapajós, Amazonas, Brasil: Observações Estratigráficas e seu Impacto no Estudo da Bacia do Alto Tapajós”. O pesquisador em geociências Rodrigo Adorno pontuou ser essa uma das bacias sedimentares intracratônicas e com menor grau de conhecimento geológico do país. 

Com essa pesquisa é possível ampliar a compreensão sobre uma região que tem grande importância econômica. “A Formação Juma é importante não somente pelo seu potencial de correlação litoestratigráfico com a Bacia do Amazonas, mas também porque esta formação abriga depósitos econômicos de fosfato sedimentar localmente importantes para o desenvolvimento do agronegócio na região do Alto Tapajós”, frisou.

Foto: SGB/Divulgação


Os estudos também contribuem para a compreensão da idade das rochas daquela bacia: “Os novos dados provenientes da análise micropaleontológica têm apontado para idades bem mais antigas do que as tradicionalmente aceitas para a Formação Juma, indicando necessidade de reposicionamento desta Formação do Siluriano para no mínimo Ediacarano, podendo ter idades ainda mais antigas”. 

O Siluriano corresponde a uma época entre 443 milhões e 416 milhões de anos atrás. Enquanto o Ediacarano é o período entre 630 milhões e 542 milhões de anos atrás. (Clique aqui para saber mais sobre o tempo geológico).

Disseminação do conhecimento geocientífico 


A atuação do Serviço Geológico do Brasil na disseminação do conhecimento geocientífico e na popularização das geociências também teve destaque no 37º IGC, na sessão com o tema: “Educação e Divulgação em Geociências para Todos: Técnicas e Tendências para Envolver Alunos não Especialistas”. Foram apresentados os trabalhos: 

  • Popularização da paleontologia brasileira através de oficinas de réplicas de fósseis no Serviço Geológico do Brasil;
  • Mapas escolares de rocha: A informação geológica traduzida para a sociedade pelo Serviço Geológico do Brasil; e
  • Divulgação das Geociências: A coleção didática de minerais e rochas do SGBeduca doada para professores.

A pesquisadora Andrea Sander, chefe do Departamento de Relações Institucionais e Divulgação (DERID), falou sobre a importância de levar esses projetos ao evento. “Apresentar estes temas no Congresso Internacional de Geologia é relevante porque destaca iniciativas de sucesso na popularização das geociências, que podem ser replicadas em outros países. Compartilhar essa experiência pode inspirar a criação de programas semelhantes em outras regiões, promovendo uma educação geocientífica mais ampla e acessível, além de fomentar a conscientização sobre o papel essencial dos minerais na sociedade”.


Balanço Social


No ICG, também foi apresentado o trabalho: “Balanço Social do Serviço Geológico do Brasil, uma Ferramenta de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa)”. A pesquisadora Patrícia Jacques, da DIG, destacou a importância desse produto. “O Balanço Social do SGB tem por objetivo prestar contas à sociedade, por meio de demonstração contábil, do quanto as ações da instituição – nos eixos social, ambiental, econômico e de governança – se refletem em melhorias efetivas para a população do país, para o desenvolvimento sustentável e para o bem comum, destacando os benefícios públicos gerados”. Clique aqui para saber mais sobre a 3ª edição do Balanço Social.


Acordos internacionais


A importância dos acordos internacionais e trocas de experiências entre o Brasil e outros países ganhou destaque na sessão: “Mineração Responsável de Minerais Críticos e a Importância da Justiça Ambiental”. Na ocasião, a pesquisadora Deborah Mendes, da Assessoria de Assuntos Internacionais (Assuni), apresentou o trabalho: “Serviço Geológico do Brasil: Revelando um Mundo de Geodiversidade e Conhecimento Científico para Colaboração Global”. 

“No artigo apresentamos a estratégia de internacionalização do SGB, destacando informações geocientíficas consolidadas e sua relevância para trocas de expertises com outros países. Estamos abertos a parcerias que fomentem o intercâmbio científico, em prol da sustentabilidade e do uso racional dos recursos naturais em todo o mundo, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030”, detalhou Deborah Mendes.


Comitiva do SGB no maior evento internacional das geociências 

O 37º Congresso Internacional de Geologia (IGC) é o maior evento científico da área e ocorre a cada quatro anos, sendo promovido pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS).  A próxima edição será realizada no Canadá.

Foto: SGB/Divulgação

A comitiva do SGB que participa do 37º Congresso Internacional de Geologia (IGS) é formada pelos pesquisadores Diogo Rodrigues, chefe do Departamento de Gestão Territorial da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DEGET/DHT); Tiago Antonelli, chefe da Divisão de Geologia Aplicada (DIGEAP/DEGET/DHT); Maria Adelaide Mansini, chefe da Divisão de Gestão Territorial (DIGATE/DEGET/DHT); Guilherme Troian, chefe do Núcleo de Apoio de Criciúma; Marlon Hoezel, da DHT; Carlos Eduardo Mota, coordenador do Núcleo de Data Science da Diretoria de Infraestrutura Geocientífica (DIG); Cimara Monteiro, assessora da DIG; Patrícia Jacques, da DIG; Luciana Felício Pereira, da Diretoria de Geologia de Recursos Minerais (DGM), Deborah Mendes, da Assessoria de Assuntos Internacionais (Assuni); Hugo Polo, da DGM; Isabelle Serafim, da DGM; Rodrigo Adorno e Oderson Sousa, do Centro de Geociências Aplicada (CGA); e a técnica Daiana Sales, da DIG.

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