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Falésias de Porto Seguro, BA
Porto Seguro -
BA , Lat.:
-16.530593872 Long.:
-39.081161499
Última alteração: 20/11/2023 07:19:35
Última alteração: 20/11/2023 07:19:35
Status: Em análise
Geossitio de Relevância Internacional
Valor Científico:
320
Valor Educativo:
345 (Relevância Nacional)
Valor Turístico:
330 (Relevância Nacional)
Risco de Degradação:
195 (Risco Baixo)
Identificação
Designação
Nome do Sítio: | Falésias de Porto Seguro, BA |
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Título Representativo: | Um sítio geológico e histórico do Brasil |
Classificação temática principal: | Geomorfologia |
Classificação temática secundária: | Estratigrafia |
Registro SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) com o Nº com o Nº: | 071 |
Sítio pertence a um geoparque ou proposta de geoparque: | Não |
Localização
Latitude: | -16.530593872 |
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Longitude: | -39.081161499 |
Datum: | WGS 84 |
Cota: | 0-25 m |
Estado: | BA |
Município: | Porto Seguro |
Distrito: | Arraial D'Ajuda |
Local: | Praia da Pitinga |
Ponto de apoio mais próximo: | Arraial D'Ajuda |
Ponto de referência rodoviária: | Centro do Distrito de Arraial D'Ajuda |
Acesso: | A partir do centro do Vilarejo de Arraial D'Ajuda, pega-se a rua Mucugê e depois a estrada para a Praia da Pitinga. Ao final da Estrada, a partir do estacionamento das barracas de praia, caminha-se para sul. Ao falésias podem ser vistas nas imediações do estacionamento e se prolongam por quilômetros para sul. O melhor local para visitação e caminhadas são os cânions da Lagoa Azul, o cânion após a Lagoa da Pitinga, o mirante de saltos de parapente e toda a falésia ao longo da prais, até as imediações do campo de golfe do ClubMed. |
Imagem de identificação
Resumo
Resumo |
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A costa sul da Bahia, um paraíso repleto de riquezas naturais, guarda uma região para um potencial geossítio de rara beleza cênica e importância ambiental descomunal. Entre as cidades de Arraial D'Ajuda e Trancoso, a natureza se desdobra em um espetáculo de falésias inativas e altiplanos costeiros, conhecidos como "tabuleiros", que proporcionam vistas panorâmicas de tirar o fôlego. Nesta região, professores e pesquisadores têm à disposição um vasto laboratório natural para explorar os segredos da terra. Isso porque ela guarda elementos estratigráficos, sedimentológicos e paleoclimáticos que são verdadeiramente únicos, relacionados ao Grupo Barreiras e às glaciações globais que moldaram o mundo durante o Neógeno. O registro geológico local nos fala sobre a existência em um passado remoto, de rios caudalosos que transportavam muita lama, areia e cascalho para as regiões baixas. Durante as cheias, as planícies eram recobertas por lamas. Sobre elas, nos períodos mais secos, os arbustos e as ervas voltavam a crescer, desenvolvendo solos secos e enriquecidos em ferro. Mas a beleza vai muito além do que os olhos podem captar. Este pedaço de paraíso encerra ecossistemas únicos, relacionados à Mata Atlântica, incluindo a rara mussununga e a floresta de tabuleiros. Para os amantes da natureza, a região é um oásis. Suas paisagens impressionantes, trilhas desafiadoras e vastas praias oferecem um playground perfeito para atividades esportivas ao ar livre. Desde caminhadas e passeios de mountain bike, até mergulhos nas águas oceânicas, as opções são infinitas. Não bastasse os elementos naturais, a história se entrelaça com a paisagem, pois a região foi avistada e descrita na carta de Pero Vaz de Caminha, em 1500, durante a invasão portuguesa do território. A região é habitada muito antes da chegada dos europeus, conforme atesta os sítios arqueológicos próximos. Essa ligação com a história do Brasil coloca uma camada adicional de importância cultural e histórica ao geossítio. No entanto, a sombra da destruição paira sobre este tesouro natural. O território enfrenta ameaças ambientais crescentes, principalmente decorrentes da expansão urbana, da especulação imobiliária e do turismo predatório de massa. Portanto, é imperativo que se tome medidas para preservar e proteger este local excepcional, promovendo o turismo sustentável, a pesquisa científica, a educação ambiental e a valorização de seu legado histórico para garantir que as futuras gerações também possam desfrutar dessa maravilha natural única. |
Abstract |
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The southern coast of Bahia, a paradise filled with natural riches, holds a region with the potential for a geosite of rare scenic beauty and immense environmental importance. Between the cities of Arraial D'Ajuda and Trancoso, nature unfolds in a spectacle of inactive cliffs and coastal plateaus, known as "tabuleiros," providing breathtaking panoramic views. In this region, teachers and researchers have at their disposal a vast natural laboratory to explore the secrets of the earth. This is because it preserves stratigraphic, sedimentological, and paleoclimatic elements that are truly unique, related to the Barreiras Group and the global glaciations that shaped the world during the Neogene. The local geological record informs us of the existence, in a distant past, of mighty rivers that transported a lot of mud, sand, and gravel to low-lying regions. During floods, the plains were covered with mud. On them, during drier periods, shrubs and grasses would grow again, developing dry and iron-enriched soils. But the beauty goes far beyond what the eyes can capture. This piece of paradise harbors unique ecosystems related to the Atlantic Forest, including the rare "mussununga" and the "floresta de tabuleiros." For nature lovers, the region is an oasis. Its stunning landscapes, challenging trails, and vast beaches offer a perfect playground for outdoor sports activities. From hiking and mountain biking to diving in the ocean waters, the options are endless. Beyond the natural elements, history intertwines with the landscape, as the region was sighted and described in Pero Vaz de Caminha's letter in 1500 during the Portuguese invasion of the territory. The region has been inhabited long before the arrival of Europeans, as evidenced by nearby archaeological sites. This connection to Brazil's history adds an additional layer of cultural and historical importance to the geosite. However, the shadow of destruction looms over this natural treasure. The territory faces increasing environmental threats, mainly stemming from urban expansion, real estate speculation, and predatory mass tourism. Therefore, it is imperative to take measures to preserve and protect this exceptional site, promoting sustainable tourism, scientific research, environmental education, and the appreciation of its historical legacy to ensure that future generations can also enjoy this unique natural wonder. |
Autores e coautores |
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Caio Vinícius Gabrig Turbay Violeta de Souza Martins Tatiana Pinheiro Dadalto |
Contexto
Geológico
Enquadramento Geológico Geral: |
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Unidade do Tempo Geológico (Eon, Era ou Período): |
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Eon Fanerozóico; Era Cenozóica; Período Neógeno; Épocas: Mioceno e Plioceno |
Ambiente Dominante: |
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Tipo de Unidade: | Unidade Litoestratigráfica |
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Nome: | Grupo Barreiras |
Outros: | Waque quartzoso |
Rocha Predominante: | Arenito conglomerático |
Rocha Subordinada: | Lamito |
Tipo e dimensões do afloramento, contato, espessura, outras informações descritivas do sítio. : |
O sítio é composto por uma série de falésias mortas, com aproximadamente 25 metros de altura, a partir das quais se estendem para o interior, os altiplanos costeiros (tabuleiros). Alguns trechos curtos continuam a ser retrabalhados pela erosão marinha, no entanto, grande parte das antigas frentes de erosão são hoje protegidas por vegetação de restinga ou de floresta de tabuleiros. As falésias são interrompidas por saídas de drenagens e rios intermitentes, a partir das quais se desenvolvem pequenos cânions com cachoeiras ao fundo, como na Lagoa Azul. Essas drenagens sulcam o relevo profundamente e frequentemente encontram-se encaixadas em lineamentos estruturais, frequentemente associados à falhas. Do ponto de vista estratigráfico e sedimentológico, a região é onde se expõem os mais completos afloramentos do Grupo Barreiras na região. A partir dessas exposições ao menos cinco sequências sedimentares foram identificadas, separadas por discordâncias angulares e erosivas (Turbay et al. no prelo). A Sequência 1 é caracterizada por pelo menos duas fácies. A fácies que ocorre com maior distribuição em área é composta por arenito maciço, de granulometria fina, coloração esbranquiçada, com arcabouço quartzoso bem selecionado, relativamente coeso. Associado a ela, podem correr intercalações centimétricas de lamitos bioturbados, contendo icnofósseis do icnogênero ophiomorpha. Essa sequência aflora com espessuras que vão de 0,5 metros a até 1,5 metros. A maturidade textural relativamente boa, a intercalação com lâminas pelíticas e a presença de ophiomorpha traduzem possível ambiente costeiro (nearshore) associado à variações de marés. Essa abordagem já havia sido dada por (Dominguez e Bittencourt 2012), que interpretaram a fácies Sfm como associadas à deposição em frentes deltaicas. A Sequência 2 assenta-se em discordância angular sobre a Sequência 1. É composta por conglomerados e arenitos conglomeráticos mal selecionados, frequentemente maciços, com arcabouço composto por grânulos e seixo de quartzo. Quando litificados apresentam-se cimentados por cimento ferruginoso e eventualmente silicoso. Essa fácies varia para conglomerado com as mesmas características texturais e composicionais, exibindo estratificação cruzada acanalada. Sua espessura pode variar de 0,4 metros a até 2,5 metros. A associação de fácies da Sequência 2 pode representar depósitos aluvionares medianos, relacionados à carpetes de tração e migração de barras laterais em sistemas entrelaçados de alta energia, capazes de transportar grande quantidade de cascalho. A Sequência 3 ocorre em discordância erosiva sobre a segunda. É composta por wackes quartzosos, eventualmente quartzo arenitos imaturos com matriz caulinítica, maciços, de coloração geral avermelhada. Exibem marcas de raízes preservadas por concreções de petroplintita e outras feições pedogenéticas, como a presença de estrutura em agregados grandes, além de colunas, denotando a formação de paleossolos. As espessuras variam de 1 metro a 1,5 metros. Ela pode ser interpretada como formada em um ambiente aluvionar proximal, associado a fluxos de detritos coesivos. A Sequência 4 ocorre em discordância erosiva e angular sobre a 3. É composta por arenitos conglomeráticos quartzosos, grano-suportados, de coloração amarelo-alaranjada, moderadamente a mal selecionados, com granulometria variando de areia média e areia muito grossa e matriz caulinítica, esbranquiçada a acinzentada. Apresenta variações que vão de fácies com estratificação cruzada acanalada, até fácies maciças. A arquitetura deposicional ocorre como feições de corte e preenchimento de canais, que se intercalam com lentes e camadas de argilitos maciços e argilitos laminados. As feições de canais exibem níveis conglomeráticos maciços, apresentando gradações normais para os arenitos maciços. Apresenta espessura aflorante que varia de 2 a até 7 metros. A associação de fácies da Sequência 4 representa depósitos fluviais, relacionados à sistemas entrelaçados de alta energia, capazes de transportar grande quantidade de areia e cascalho, conjugado à planícies de inundação. A Sequência 5 assenta-se em discordância erosiva sobre a Sequência 4. Apresenta ciclos deposicionais com predominância de fácies constituída por lamito argiloso a argilo-siltoso bioturbado, eventualmente intercalada com níveis decimétricos a métricos de wacke quartzoso. Possui espessura que pode variar de 1 metro a até 5 metros. Ela pode ser interpretada como formada em um ambiente aluvionar proximal, associado a fluxos de detritos coesivos, que transacionam para fluxos de lama. Essas sequências e suas associações de fácies denotam, da base para o topo, uma gradação de ambientes distais para proximais, que pode estar associado a eventos de reativação de áreas fontes. As fácies mais distais, representadas por associações que denotam ambientes costeiros que passam a fácies de ambientes aluvionares medianos a distais, representados por arenitos e conglomerados maciços a relativamente bem estruturados, com geometria deposicional em canais, até ambientes aluvionares proximais, representados por fácies aluvionares maciças, de maturidade textural baixa, associadas à fluxos de detritos e fluxos de lama (lamitos bioturbados e wackes). Sobrepondo as sequências do Barreiras ocorre a Sequência Pós-Barreiras (Turbay et al. no prelo). Ela abrange grande área geográfica, recobrindo em discordância erosiva as anteriores. Com espessura média de 2 metros, possui coloração característica alaranjada-ocre. São conglomerados maciços (GmpB), com arcabouço predominantemente suportados por matriz lamosa a areno-lamosa de composição variada, onde podem ser vistos grão de quartzo policristalino, quartzo de veio, litoclastos de petroplintita do Grupo Barreiras e raros litoclastos de rochas alteradas do embasamento, como granito a duas micas. Possui fábrica mal selecionada, com granulometria variando de grânulo a seixos, exibindo inversão textural dada por seixos de quartzo bem arredondados, seixos de petroplintita subarredondados e grânulos quartzosos angulosos a subangulosos. As características composicionais e texturais da Sequência Pós-Barreiras denota sedimentação aluvionar proximal, associada a fluxos gravitacionais de alta energia, capazes de erodir e retrabalhar materiais do Grupo Barreiras. Em trabalho recente, Santiago et al (2023) identificaram na área, através de zircões detríticos, que o intervalo das seções 3 a 4 é marcado por possível reativação tectônica e(ou) exposição do embasamento mais antigo. Até a seção 3, os zircões indicam proveniência a partir de rochas predominantemente Neoproterozóicas. A partir da seção 4, surgem zircões do Arqueano e Paleoproterozóico. A proximidade das falésias mortas com o nível do mar atual e suas relações com os outros elementos geológicos costeiros (beachrocks, bermas abandonadas e recifes fósseis), sugerem que essas feições de relevo foram provavelmente esculpidas no ápice da última elevação eustática, por volta de 5500 anos (Martin et al. 2003). |
Paleontológico
Local de ocorrência |
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Ramos da Paleontologia: |
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Taxons conhecidos: |
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Caracterização Geológica
Rochas Sedimentares
Ambientes Sedimentares: |
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Ambientes: | Antigos |
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Tipos de Ambientes: |
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Descontinuidades Estratigráficas: |
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Disconformidade – intervalo de erosão ou não deposição entre camadas sedimentares, com ou sem ravinamento |
Rochas Ígneas
Categoria: | Não se aplica - Não se aplica |
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Aspectos Texturais: |
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Estruturas: |
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Rochas Metamórficas
Metamorfismo: |
Facie Metamorfismo: |
Texturas: |
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Estruturas: |
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Deformação das Rochas
Tipo de Deformação: | Rúptil |
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Regime Tectônico: | Extensional |
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Estruturas Lineares: |
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Estruturas Planas: |
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Feições de Relevo
FR1c - Rampas de colúvio | |
FR1d - Leques Aluviais | |
FR2f - Praias | |
FR2h - Recifes | |
FR4a - Falésias ativas | |
FR4b - Paleofalésias | |
FR5c - Vales encaixados | |
FR5e - Cachoeiras | |
FR7c - Escarpas | |
FR10a - Tabuleiros | |
FR13a - Cangas e crostas lateríticas | |
FR11i - Cabeceira de drenagem |
Ilustração
Interesse
Dados
Pelo Conteúdo |
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Interesse associado |
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Pela sua possível utilização |
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Observações
Observações Gerais |
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A unidade sedimentar Barreiras abrange grande parte da costa brasileira, estendendo-se desde o Estado do Amapá, no Norte do Brasil, até o Estado do Rio de Janeiro (Arai, 2006). Embora a fixação de uma idade absoluta para essa unidade seja desafiadora, sua história se enquadra entre o Mioceno e o Plioceno (Bezerra et al. 2001; Arai, 2006). As divergências na classificação do Barreiras como Grupo ou Formação são consideráveis. Bigarella e Andrade (1964) a consideram como Grupo devido à grande heterogeneidade litológica e faciológica. Autores como Ferraz e Valadão (2005) e Arai (2006) também adotam a denominação Grupo Barreiras, identificando uma Sequência Inferior e uma Sequência Superior, diferenciadas por uma grande discordância erosiva Tortoniana (11,6 – 7,2 Ma). No entanto, cerca grande parte dos trabalhos utilizam a denominação “Formação Barreiras”. Os autores que adotam esse termo, baseiam-se na ausência de subunidades descritas, que poderiam compor o Grupo. Outro fator que contribui para isso é o desconhecimento pormenorizado da geologia. A despeito da ampla distribuição geográfica do Grupo Barreiras, a escassez de estudos detalhados e de métodos analíticos elaborados, como geocronologia e geoquímica, dificulta a caracterização e a elaboração de modelos paleoambientais e estratigráficos. Na região de Porto Seguro, Turbay et al. (no prelo), estão empreendendo esforços para separação de sequências sedimentares e definição de formações, a partir de dados de campo e geoquímica de elementos imóveis. A gênese dos depósitos do Barreiras, em geral, é considerada continental, atribuída à deposição em ambiente fluvial entrelaçado, com associação de depósitos de fluxo de detritos, leques aluviais e de planícies de inundação (Bigarella et al., 1964; Vilas-Boas, 2001; Morais et al. 2005; Morais et al. 2006; Furrier et al. 2006; Dominguez e Bittencourt, 2012; Santiago et al. 2023; Turbay et al. no prelo). A influência marinha é verificada através de associações de fácies contendo icnofósseis marinhos, sugerindo ambiente transicional a plataformal, dominado por correntes de maré. (Arai, 2006; Rosseti et al. 2013; Sanabria et al. 2015; Dominguez e Bittencourt, 2012; Santiago et al. 2023; Turbay et al. no prelo) Evidências de tectônica ativa durante o processo deposicional foram observadas em diferentes regiões, como no litoral Sul da Bahia, onde se descreve um maior espessamento do pacote sedimentar do Barreiras em baixios estruturais, indicando falhas ativas durante a sedimentação (Dominguez e Bittencourt, 2012; Santiago et al. 2023; Turbay et al. no prelo). A preservação descontínua dos depósitos do Barreiras é atribuída a armadilhas tectônicas que protegeram partes da unidade da erosão ao longo da costa, elevada no Cenozoico. As estruturas rúpteis, como falhas e juntas, são interpretadas como pós-deposicionais (Lima et al. 2017; Dominguez e Bittencourt, 2012; Turbay et al. no prelo), embora possam existir falhas de crescimento. Em trabalho recente, Santiago et al (2023) identificaram na área proposta para o geossítio, possível reativação tectônica e(ou) exposição do embasamento mais antigo, definindo duas grandes sequências. Na sequência inferior os zircões indicam proveniência a partir de rochas predominantemente Neoproterozóicas. Na sequência superior surgem zircões do Arqueano e Paleoproterozóico. O Geossítio “Falésias de Porto Seguro” está incluído na antiga proposta SIGEP 71 (Dominguez et al. 2002), onde também estão descritos as rochas e sedimentos quaternários. |
Bibliografia |
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ARAI, M. 2006. A grande elevação eustática do Mioceno e sua influência na origem do Grupo Barreiras. Geologia-USP Ser.Cient., (6 )2:1-6. ARAI, M.; NOVAIS, L.C.C. 2006. Microflora de Comandatuba-BA: novos reforços para a idade miocênica do Grupo Barreiras. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Paleontologia, 21(53): 9. BEZERRA, F.H.R.; AMARO, V.E.; VITA-FINZI, C.; SAADI, A. 2001. Pliocene-Quaternary fault control of sedimentation and coastal plain morphology in NE Brazil. J. South Am. Earth Sci, 14: 61-75. BIGARELLA, J.J. & ANDRADE, G.O. Considerações sobre a estratigrafia dos sedimentos cenozóicos em Pernambuco (Grupo Barreiras). Arq. Inst. Ciências da Terra, 2:2-14. 1964. DOMINGUEZ, J.M.L.; MARTIN, L.; BITTENCOURT, A.C.S. 2002. A Costa do Descobrimento, BA: A geologia vista das caravelas. In: Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil, Ministério de Minas e Energia, 1, p. 233-241, 2002. DOMINGUEZ, J. M. L.; BITTENCOURT, A.C.S. 2012. Tabuleiros costeiros. In: Geologia da Bahia: pesquisa e atualização. 1o ed. Vol. 2. 2 vols. III. Salvador: CBPM. FERRAZ, C.M.L.; VALADÃO, R.C. 2005. Barreiras: Formação ou Grupo? Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 10, Guarapari (ES). FURRIER, M.; ARAÚJO, M.E.; MENESES, L.F. 2006. Geomorfologia e tectônica da Formação Barreiras no Estado da Paraíba. Geologia USP - Série Científica, 6(2): 61-70. LIMA, J.C.F.; BEZERRA, F.H.R.; ROSSETTI, D.F.; BARBOSA, J.A.; MEDEIROS, W.E.; CASTRO, D.L.; VASCONCELOS, D.L. 2017. Neogene-Quaternary fault reactivation influences coastal basin and landform in the continental margin of NE Brazil. Quaternary International, 438: 92-107. MARTIN, L., DOMINGUEZ, J.M.L., BITTENCOURT, A.C.S.P. 2003. Fluctuating Holocene sea levels in eastern and southeastern Brazil: evidence from multiple fossil and geometric indicators. Journal of Coastal Research, 19(1): 101–24. MORAIS, R.M.O.; MELLO, C.L.; COSTA, F.O.; RIBEIRO, C.S. 2005. Estudo faciológico de depósitos terciários (formações Barreiras e Rio Doce) aflorantes na porção emersa da Bacia do Espírito Santo e na região emersa adjacente à porção norte da Bacia de Campos. Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 10, Guarapari (ES). MORAIS, R.M.O.; MELLO, C.L.; COSTA, F.O.; SANTOS, P.F. 2006. Fácies sedimentares e ambientes deposicionais associados aos depósitos da Formação Barreiras no Estado do Rio de Janeiro. Geologia USP - Série Científica.(6): 19-30. ROSSETTI, D.F.; SANTOS JR., A.E. 2004. Facies architecture in a tectonically influenced estuarine incised valley fill of Miocene age, northern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 17: 267 – 284. ROSSETTI, D.F., BEZERRA, F.H.R., DOMINGUEZ, J.M.L. 2013. Late Oligocene–Miocene transgressions along the equatorial and eastern margins of Brazil. Earth-Science Review, 123: 87-112. SANABRIA, L.L.O.; PEREIRA, E.; ANTONIOLI, L.; 2015. Revisão estratigráfica dos depósitos miocênicos aflorantes na região do Alto de Olivença, litoral Sul do estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, 18: 475-488. SANTIAGO, R.; MARIN, F. B.; CAXITO, F.A.; NEVES, M.A.; RANGEL, C.V.G.T.; CALEGARI, S.S.; LANA, C. 2023. Detrital zircon U–Pb analysis indicates a provenance shift on the Neogene Barreiras formation, Atlantic coast of Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 131: 04626. SUGUIO, K.; NOGUEIRA, A.C.R. 1999. Revisão crítica dos conhecimentos geológicos sobre a Formação (ou Grupo?) Barreiras do Neógeno e o seu possível significado como testemunho de alguns eventos geológicos mundiais. Geociências, 18(2): 461-479. TURBAY, C.V.G.; MARIN, F.B; .NEVES, M.A. No prelo. Unveiling the geochemical mosaic of Neogene sedimentary formations in Espírito Santo and Southern Bahia, Brazil: The Barreiras Group. VILAS BÔAS, G.S.; SAMPAIO, F.J.; PEREIRA, A.M.S. 2001. The Barreiras Group in the Northeastern coast of the State of Bahia, Brazil: depositional mechanisms and processes. An. Acad. Bras. Ci., 73(3): 417-427. |
Imagens Representativas e Dados Gráficos
Conservação
Unidade de Conservação
Nome da UC | Tipo da UC | Unidade de Conservação | Situação da Uc |
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Proteção Indireta
APP (Área de Proteção Permanente): | |
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Área Indígena: | Aldeia Velha |
Corredor Ecológico: | Corredor PARNA Pau Brasil x Estação Veracel |
Mosaico de UCs: | APA Caraíva-Trancoso; |
Zona de Amortecimento: | PARNA do Pau-Brasil |
Relatar: | |
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A área é circundada por mosaico de unidades de conservação públicas (Parques, áreas de proteção ambientais) e privadas (reservas particulares do patrimônio natural), no entanto, tem sofrido fortes pressões decorrentes principalmente da expansão urbana, da especulação imobiliária e do turismo predatório. A administração pública municipal têm sido conivente com a expansão dos empreendimentos imobiliários, com pouco ou nenhum controle ambiental. |
Uso e Ocupação
Propriedade do Terreno | ||||
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Público / Federal |
Area Rural |
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Area Urbana |
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Fragilidade |
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Elevada |
Dificuldade de Acesso e aproveitamento do solo: |
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A área possui poucas vias para veículos e o acesso é feito principalmente a partir da praia. Os contrafortes das falésias, sobre os tabuleiros, normalmente são áreas particulares com acesso limitado. Muitas estão sob ameaça de ocupação para construção de condomínios de luxo e hotéis. Há, em alguns setores, construções nas APPs, dentro dos 100 metros as bordas das escarpas. |
Quantificação
Valor Científico (indicativo do valor do conteúdo geocientífico do sítio ou do elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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A1 - Representatividade | 30 | O local ou elemento de interesse é o melhor exemplo, atualmente conhecido, na área de trabalho, para ilustrar elementos ou processos, relacionados com a área temática em questão (quando aplicável) | 4 |
A3 - Reconhecimento científico | 5 | É um sítio já aprovado pela SIGEP e/ou existem artigos sobre o local de interesse em livro, em revistas científicas internacionais... | 4 |
A4 - Integridade | 15 | Os principais elementos geológicos (relacionados com a categoria temática em questão, quando aplicável) estão muito bem preservados | 4 |
A5 - Diversidade geológica | 5 | Local de interesse com 5 ou mais tipos diferentes de aspectos geológicos com relevância científica | 4 |
A6 - Raridade | 15 | O local de interesse é a única ocorrência deste tipo na área de estudo (representando a categoria temática em questão, quando aplicável) | 4 |
A7 - Limitações ao uso | 10 | Não existem limitações (necessidade de autorização, barreiras físicas, etc.) para realizar amostragem ou trabalho de campo | 4 |
A2 - Local-tipo | 20 | Não se aplica. | 0 |
Valor Científico | 320 |
Risco de Degradação (dos valores geológicos retratados no sítio ou no elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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B1 - Deterioração de elementos geológicos | 35 | Possibilidade de deterioração dos elementos geológicos secundários | 2 |
B2 - Proximidade a áreas/atividades com potencial para causar degradação | 20 | Local de interesse situado a menos de 1000 m de área/atividade com potencial para causar degradação | 2 |
B3 - Proteção legal | 20 | Local de interesse situado numa área sem proteção legal, mas com controle de acesso | 3 |
B4 - Acessibilidade | 15 | Local de interesse sem acesso direto por estrada mas situado a menos de 1 km de uma estrada acessível por veículos | 1 |
B5 - Densidade populacional | 10 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
Risco de Degradação | 195 |
Potencial Valor Educativo e Turístico (indicativo de interesse educativo e turístico associado ao valor científico do sítio, sujeito à análise complementar dos setores competentes)
Ítem | P.E | P.T | Resposta | Valor |
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C1 - Vulnerabilidade | 10 | 10 | Possibilidade de deterioração de elementos geológicos secundários por atividade antrópica | 3 |
C2 - Acesso rodoviário | 10 | 10 | Local de interesse sem acesso direto por estrada, mas situado a menos de 1 km de uma estrada acessível por veículo | 1 |
C3 - Caracterização do acesso ao sítio | 5 | 5 | O local de interesse é acessado sem limitações por estudantes e turistas | 4 |
C4 - Segurança | 10 | 10 | Local de interesse com infraestrutura de segurança (vedações, escadas, corrimões, etc.), rede de comunicações móveis e situado a menos de 10 km de serviços de socorro | 4 |
C5 - Logística | 5 | 5 | Existem restaurantes e alojamentos para grupos de 50 pessoas a menos de 15 km do local de interesse | 4 |
C6 - Densidade populacional | 5 | 5 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
C7 - Associação com outros valores | 5 | 5 | Existem diversos valores ecológicos e culturais a menos de 10 km do local de interesse | 4 |
C8 - Beleza cênica | 5 | 15 | Local de interesse habitualmente usado em campanhas turísticas do país, mostrando aspectos geológicos | 4 |
C9 - Singularidade | 5 | 10 | Ocorrência de aspectos únicos e raros no país | 4 |
C10 - Condições de observação | 10 | 5 | A observação de todos os elementos geológicos é feita em boas condições | 4 |
C11 - Potencial didático | 20 | 0 | Ocorrência de elementos geológicos que são ensinados em todos os níveis de ensino | 4 |
C12 - Diversidade geológica | 10 | 0 | Ocorrem mais de 5 tipos de elementos da geodiversidade (mineralógicos, paleontológicos, geomorfológicos, etc.) | 4 |
C13 - Potencial para divulgação | 0 | 10 | Ocorrência de elementos geológicos que são evidentes e perceptíveis para todos os tipos de público | 4 |
C14 - Nível econômico | 0 | 5 | Local de interesse localizado num município com IDH inferior ao se verifica no estado | 1 |
C15 - Proximidade a zonas recreativas | 0 | 5 | Local de interesse localizado a menos de 5 km de uma zona recreativa ou com atrações turísticas | 4 |
Valor Educativo | 345 | |||
Valor Turístico | 330 |
Classificação do sítio
Relevância: | Geossítio de relevância Internacional |
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Valor Científico: | 320 |
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Valor Educativo: | 345 (Relevância Nacional) |
Valor Turístico: | 330 (Relevância Nacional) |
Risco de Degradação: | 195 (Risco Baixo) |
Recomendação
Urgência à Proteção global: | Necessário a médio prazo |
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Urgência à Proteção devido a atividades didáticas: | Necessário a médio prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades turísticas: | Necessário a médio prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades científicas: | Necessário a médio prazo |
Unidade de Conservação Recomendado: | UC de Proteção Integral - Monumento Natural |
Justificativa: | Pressão imobiliária e expansão urbana. Turismo predatório |
Coordenadas do polígono de proteção existente ou sugerido
Ponto 1: | Latitude: -16.518702155133155 e Longitude: -39.07947018742561 |
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Ponto 2: | Latitude: -16.516151204200973 e Longitude: -39.07848313450814 |
Ponto 3: | Latitude: -16.514587701499412 e Longitude: -39.07925561070443 |
Ponto 4: | Latitude: -16.513929380787907 e Longitude: -39.07916978001595 |
Ponto 5: | Latitude: -16.513106476744912 e Longitude: -39.07818272709847 |
Ponto 6: | Latitude: -16.51524601996827 e Longitude: -39.07655194401742 |
Ponto 7: | Latitude: -16.516809517343216 e Longitude: -39.0764231979847 |
Ponto 8: | Latitude: -16.521499933555063 e Longitude: -39.07796815037728 |
Ponto 9: | Latitude: -16.5253262413751 e Longitude: -39.079126864671714 |
Ponto 10: | Latitude: -16.527630218117817 e Longitude: -39.07994225621224 |
Ponto 11: | Latitude: -16.532978629563633 e Longitude: -39.08131554722787 |
Ponto 12: | Latitude: -16.55774395595812 e Longitude: -39.08552125096322 |
Ponto 13: | Latitude: -16.557414869484088 e Longitude: -39.08672288060189 |
Ponto 14: | Latitude: -16.556057381838816 e Longitude: -39.08745244145394 |
Ponto 15: | Latitude: -16.55457647532123 e Longitude: -39.087366610765464 |
Ponto 16: | Latitude: -16.551244394058024 e Longitude: -39.08715203404427 |
Ponto 17: | Latitude: -16.545731935655493 e Longitude: -39.08625081181527 |
Ponto 18: | Latitude: -16.539437667359966 e Longitude: -39.084705859422684 |
Ponto 19: | Latitude: -16.529728458732084 e Longitude: -39.0822596848011 |
Ponto 20: | Latitude: -16.52125307238307 e Longitude: -39.08050015568733 |
Justificativas e explicações sobre a delimitação sugerida para o sítio: |
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Responsável
Nome: | Caio Vinícius Gabrig Turbay Rangel |
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Email: | actaterrae@gmail.com |
Profissão: | Geólogo, Professor Pesquisador |
Instituição: | Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB |
Currículo Lattes: | http://lattes.cnpq.br/5332804895294756 |
Comentários (1)
Comentários enviados.
O sítio, juntamente com outros pontos de interesse geológico na região, foi cadastrado anteriormente no SIGEPE(número 71). O texto publicado, tem o título "A Costa do Descobrimento, BA: a geologia vista das caravelas". É importante salientar que a denominação "Costa do Descobrimento" tem sido fortemente combatida no território, pois entende-se que o evento se tratou de uma invasão e que, insistir nessa denominação é um desrespeito aos povos originários. Outro ponto importante é o fato de haver diversos locais próximos, com qualidades para se constituírem como geossítios (beachrocks, recifes costeiros, recifes mesofóticos, derrames de lavas, grabens, etc) e que, em conjunto, poderiam formar um geoparque.