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A Gruta da Igrejinha: uma caverna em mármore dolomítico Paleoproterozoico da Bacia Minas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais
Ouro Preto -
MG , Lat.:
-20.450101852 Long.:
-43.704177856
Última alteração: 26/11/2020 11:06:59
Última alteração: 26/11/2020 11:06:59
Status: Consistido
Geossitio de Relevância Internacional
Valor Científico:
340
Valor Educativo:
270 (Relevância Nacional)
Valor Turístico:
200 (Relevância Nacional)
Risco de Degradação:
180 (Risco Baixo)
Identificação
Designação
Nome do Sítio: | A Gruta da Igrejinha: uma caverna em mármore dolomítico Paleoproterozoico da Bacia Minas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais |
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Título Representativo: | |
Classificação temática principal: | Espeleologia |
Classificação temática secundária: | |
Registro SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) com o Nº : | Não |
Sítio pertence a um geoparque ou proposta de geoparque: | Sim (Quadrilátero Ferrífero - MG) |
Localização
Latitude: | -20.450101852 |
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Longitude: | -43.704177856 |
Datum: | SIRGAS2000 |
Cota: | m |
Estado: | MG |
Município: | Ouro Preto |
Distrito: | Hargeaves |
Local: | Próximo a Estação de Hargreaves |
Ponto de apoio mais próximo: | Ouro Preto |
Ponto de referência rodoviária: | Cachoeira do Campo |
Acesso: | A gruta localiza-se próximo à antiga estação de Hargreaves, distrito de Miguel Bournier, município de Ouro Preto. A entrada principal da caverna, que atualmente encontra-se entulhada, possui coordenadas 43°42’27,4”W e 20° 26' 47,7"S. Sua altitude está próxima de 1.158 metros (Zeferino et al., 1986). Atualmente é utilizada a “Janela”, uma fratura subvertical estreita, para entrar na caverna. O acesso é feito a partir de Cachoeira do Campo por duas vias em estrada de terra. Tomando-se a estrada para D. Bosco por 11 km, chega-se ao Morro São Gabriel (18 km). Entrando-se à direita da capela desta localidade chega-se à Hargreaves (21 km). O outro acesso se faz a partir de Santo Antônio do Leite (6 km), Engenheiro Correia (17 km) e Miguel Bournier (30 km), a partir daí toma-se a estrada da esquerda, defronte a cancela da Cia. Mineração Brasileira. Após 2 km, toma-se novamente à esquerda e percorre-se mais 7 km até Hargreaves. O acesso à gruta faz-se pela antiga janela da mesma, caminhando cerca de 3 km para leste da estação de Hargreaves. A entrada fica a norte da surgência. |
Imagem de identificação
Resumo
Resumo |
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A Gruta da Igrejinha está inserida em uma sequência composta, principalmente, por mármores dolomíticos ricos em Fe e Mn pertencentes à Formação Gandarela do Grupo Itabira, porção média da bacia Minas. Em escala regional a caverna é condicionada por uma megaestrutura sinformal, com eixo aproximado E-W, denominada de Sinclinal Dom Bosco, nucleada durante o evento Transamazônico. Os principais controles estruturais da caverna são falhas reversas, falhas normais e duas famílias de fraturas correlacionadas ao evento Brasiliano, ao relaxamento crustal pós-Brasiliano e/ou Cretáceo. Os maiores condutos da caverna possuem alinhamento principal ESE-WNW e os menores tem direção NNE-SSW. Apesar da obstrução da entrada principal da caverna, que modificou as características do ambiente, ainda são registradas atividades de circulação de água e precipitação de espeleotemas, tais como, cortinas, escorrimentos, travertinos, pérolas, estalactites e estalagmites. A atividade biológica na caverna ficou prejudicada com a diminuição da presença de seres vivos no interior da caverna. (Teixeira-Silva et al. 2020) |
Abstract |
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The Igrejinha Cave occur in dolomitic marbles sequence belonging to the Gandarela Formation of the Itabira Group, middle portion of the Minas basin. On the regional scale, the cave is conditioned by a sinformal mega structure, with an approximate E-W axis, called Sinclinal Dom Bosco, nucleated during the Transamazonian event. The main controls of the cave are reverse faults, normal faults and two families of fractures that were correlated to the Brasiliano event, crustal relaxation post-Brasilian and/or Cretaceous event. The largest conduct of the cave are ESE-WNW alignment and the smallest are NNE-SSW direction. Despite the obstruction of the main entrance to the cave, which changed the characteristics of the environment, there are still water circulation and the precipitation of speleothems, such as flowstones, travertines, pearls, stalactites and stalagmites. The biological activity in the cave was impaired, with a decrease in the presence of living inside the cave. (Teixeira-Silva et al. 2020) |
Autores e coautores |
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Cláudio Maurício Teixeira da Silva (Sociedade Excursionista e Espeleológica - SEE) Kenji de Sousa (Consultor Independente, ex-SEE) José Adilson Dias Cavalcanti (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH, ex-SEE) Frederico Moreira Freitas (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH, ex-SEE) Avaliação Quantitativa: José Adilson Dias Cavalcanti (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH) |
Contexto
Geológico
Enquadramento Geológico Geral: |
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Unidade do Tempo Geológico (Eon, Era ou Período): |
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Paleoproterozoico |
Ambiente Dominante: |
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Tipo de Unidade: | Unidade Litoestratigráfica |
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Nome: | Formação Gandarela |
Outros: | |
Rocha Predominante: | Dolomito |
Rocha Subordinada: | Itabirito |
Tipo e dimensões do afloramento, contato, espessura, outras informações descritivas do sítio. : |
DESCRIÇÃO DO GEOSSÍTIO Litoestratigrafia Os principais litotipos descritos na caverna foram dolomitos e itabiritos anfibolíticos. Essas rochas foram correlacionadas a Formação Gandarela do Grupo Itabira. O mármore dolomítico é uma rocha cristalina de textura fanerítica muito fina, coloração rosa acinzentada a cinza rosado, maciça e compacta, com níveis milimétricos de hematita, às vezes alterada para limonita. Em certos locais exibe foliação milonítica caracterizada pelos planos orientados de sericita. À medida que a rocha vai se alterando ela se torna mais friável, enriquecendo-se em óxidos de Fe e Mn e exibe coloração marrom acinzentada a marrom avermelhada escura. O itabirito anfibolítico está muito intemperizado e ocorre nas cores: marrom amarelado médio, laranja amarelado escuro e laranja amarelado claro. Exibe bandamento com espessuras de 2 a 15 mm. As bandas são compostas por [quartzo + magnetita + calcita] e [quartzo + calcita + anfibólios]. A textura das bandas enriquecidas em quartzo, magnetita e calcita é granoblástica, enquanto nas faixas enriquecidas com anfibólio é nematoblástica. Os anfibólios apresentam-se nas cores amarela acinzentada clara e laranja amarelado claro com dimensões de 2 a 3 mm e agrupam-se em feixes orientados e, às vezes, com hábitos radiais. São comuns cristais flogopita amarelo ocre e magnetita neoformada com hábito bipiramidal. Os níveis carbonáticos cristalinos, quando frescos, ao se alterarem decompõem-se numa massa argilosa friável de cor marrom moderado. Às vezes apresenta fibras de sílica amorfa (branca) orientadas nos planos de foliação metamórfica. Geologia Estrutural Foram descritas na caverna quatro tipos de estruturas planares: falhas inversas, falha normal, fraturas e foliação metamórfica coincidente, localmente, com o acamamento. E as estruturas lineares observadas foram: lineação de estiramento mineral eixos de dobras, rods e slicken sides. As falhas inversas (sinistral) possuem uma lineação de estiramento mineral associada, com orientações desde E-W até NW e mergulhos para N e NE. Anomalamente, ocorrem valores com direções NE e mergulho para NW. A principal zona de cisalhamento associada a essas falhas localiza-se na extremidade oeste da gruta. Essas marcam, também, o contato entre o mármore e itabiritos anfibolíticos descritos anteriormente. A falha normal possui direções WSW e ESE na metade leste e oeste da gruta, respectivamente, com mergulhos para o sul com valores de 70 a 85. O movimento é dextral, observado em dobras de arrasto. O par de fraturas cisalhantes tem direção NE e NW sendo normalmente subverticais. A componente normal da compressão (3), que originou esse par cisalhante, situa-se na bissetriz do ângulo agudo dessas fraturas e tem direção coincidente com a lineação mineral medida entre 80 a 95. A foliação metamórfica mostra uma variação nas medidas que podem estar relacionadas a uma refração sofrida pela mesma, quando passa de camadas menos competentes (mármore) para camadas mais competentes (itabirito) ou nas intercalações dessas litologias. Essa foliação muda de direção quando associada à falha normal e as fraturas cisalhantes. Todas essas estruturas descritas podem ser correlacionadas ao evento deformacional Brasiliano, que atuou em E para W na região (Endo et al. 1992), com exceção da falha normal dextral (E-W) que pode ser uma reativação das fraturas cisalhantes, cuja movimentação pode ter ocorrido com o relaxamento crustal pós-Brasiliano ou no Terciário. Essa movimentação tectônica, relativamente recente, tem sido observada em outras partes do Quadrilátero Ferrífero (Alkmim, com. verbal). Temos, portanto, que a estruturação tectônica das rochas encaixantes da gruta aconteceu em dois eventos distintos. Sendo que o principal deles durante o Brasiliano (500 a 600 Ma) e o último, uma reativação de estruturas relacionadas ao fim do Cretáceo e início do Terciário ( 65 Ma). A gruta é totalmente controlada por essas estruturas. A galeria maior desenvolve-se no mármore acompanhando o falhamento normal. O grande salão está controlado pelas falhas sinistrais inversas, enquanto as galerias menores são controladas pelo par de fraturas cisalhantes. Espeleologia A caverna possui duas entradas secas separadas por uma distância de 170 metros e seu desnível é de aproximadamente 50 metros. As duas entradas foram designadas de “entrada principal” e “janela”. A caverna possui direção de desenvolvimento principal WNW-ESE, seguindo paralelamente a encosta do maciço rochoso. A rocha hospedeira da caverna apresenta variação de cor ao longo de toda a caverna. Em certos pontos ocorrem camadas intercaladas de material escuro, poroso, macio ao tato, de fácil desagregação, deixando traço típico de manganês. Em outros, as camadas aparecem pintalgadas de branco e buchos de material manganífero e ferruginoso. A partir da entrada principal, a gruta pode ser dividida em dois domínios (Oeste e Leste). O domínio Oeste constitui-se basicamente de um grande salão com alguns pequenos condutos superiores. O domínio Leste pode ser resumido como uma extensa galeria com níveis superpostos, onde lagos e o rio se alternam com cascas finas, pequenos condutos e salões. Ao final desta galeria se encontra uma pequena janela onde, com muito esforço, pode-se chegar ao exterior, sendo esta a segunda entrada da caverna. Atualmente é a única entrada da caverna, devido ao bloqueio que a mineradora provocou com a explosão da entrada principal da caverna. O desenvolvimento da galeria principal se dá no sentido de oeste para leste, segundo fratura de mesma direção, com mergulho forte para sul. As galerias menores possuem desenvolvimento condicionado por um par de fraturas aproximadamente NE e NW. A entrada da caverna é caracterizada por um acentuado desnível no rumo ao norte, com o piso de material argiloso, oriundo do ambiente externo. Ao final desta galeria, por aproximadamente 15 metros em planta, atinge-se a galeria principal, que se desenvolve tanto para oeste quanto para leste. No extremo oeste da caverna, em uma das cotas mais altas encontra-se um imenso salão com área de aproximadamente, de 2540 m2 e altura do teto máxima de 37,3 m. A presença de numerosos e volumosos blocos caídos registram os grandes abatimentos ocorridos no teto do salão que possui forma de abóboda, podendo funcionar como um arco, distribuindo para as laterais o peso dos materiais sobrejacentes. A litologia presente neste salão são dolomitos bastante ferruginosos e itabiritos anfibolíticos de cor cinza a amarelada (limonítico), sendo consideravelmente lixiviada, já que o teto neste local encontra-se bem próximo à superfície, propiciando intensa percolação. Belíssimas cortinas são observadas ao fundo, porém, devido à pequena espessura do teto e às características litológicas do local, os fenômenos de dissolução prevalecem sobre os de precipitação. Com base nas observações geológicas e espeleológicas realizadas na caverna, Zeferino et al. (1986) propuseram o seguinte modelo de evolução da caverna: i) formação de galerias por pressão hidrostática controladas por duas famílias de fraturas (N-S e E-W) em níveis superiores, com maior energia de fluxo. Esta fase é representada pelas galerias ao sul do grande salão e por aquelas galerias que fazem contato com o exterior, no paredão dolomítico; ii) evolução da uma grande galeria por erosão e dissolução segundo fraturamento aproximadamente E-W, em níveis intermediários, de elevada energia de fluxo, representada pela galeria principal; iii) evolução de galerias secundárias estreitas por dissolução em fraturas aproximadamente N-S e E-W, nos níveis inferiores e de baixa energia de fluxo, representada pelas galerias do atual curso d'água. Teixeira-Silva & Souza (1997) propuseram outro modelo de evolução para a caverna em 4 fases, a saber: i) evolução de galerias por pressão hidrostática, de moderada energia de fluxo nos pares conjugados de fraturas cisalhantes nos níveis superiores da gruta e também no plano da falha normal (EW); ii) abertura e evolução da galeria principal por dissolução e abatimento de blocos na zona de falha normal (E-W). Fase de máximo desenvolvimento linear (E-W) da caverna; iii) ao atingir a zona de cisalhamento, os processos de dissolução (química) dão lugar aos processos físicos (incasão) com abatimento de blocos originando o grande salão. Nesta fase ocorreu o entupimento das porções mais baixas da caverna (brechas sedimentares e materiais argilosos) e também a precipitação de escorrimentos de calcita, o que produziu o nivelamento na cavidade, intercalado com debris flow (fluxo de detritos), principalmente na parte mediana da cavidade; iv) evolução das galerias inferiores (atual) com rebaixamento do nível freático, a parte mediana da galeria sofre abatimento generalizado do piso (níveis de casca fina) com fraturamento da brecha sedimentar no nível inferior e produção de slickensides nas partes argilosas por, provavelmente, peso excessivo dos escorrimentos de calcita associados aos debris flow. |
Paleontológico
Local de ocorrência |
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Ramos da Paleontologia: |
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Taxons conhecidos: |
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Caracterização Geológica
Rochas Sedimentares
Ambientes Sedimentares: |
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Ambientes: | Antigos |
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Tipos de Ambientes: |
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Descontinuidades Estratigráficas: |
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Rochas Ígneas
Categoria: | Não se aplica - Não se aplica |
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Aspectos Texturais: |
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Estruturas: |
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Rochas Metamórficas
Metamorfismo: Regional (dinamotermal) |
Facie Metamorfismo: Anfibolito |
Texturas: |
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Estruturas: |
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Deformação das Rochas
Tipo de Deformação: | Dúctil / Rúptil |
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Regime Tectônico: | Compressional |
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Estruturas Lineares: |
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Estruturas Planas: |
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Feições de Relevo
FR8d - Vales estruturais | |
FR11b - Morro | |
FR12e - Caverna | |
FR12f - Surgência e ressurgência | |
FR12n - Abrigo sob rocha |
Ilustração
Interesse
Dados
Pelo Conteúdo |
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Interesse associado |
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Pela sua possível utilização |
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Observações
Observações Gerais |
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A gruta da Igrejinha é a maior caverna em dolomito do Quadrilátero Ferrífero. É conhecida pela Sociedade Excursionista e Espeleológica dos Alunos da Escola de Minas (SEE) desde a década de 50. Nessa época a caverna já era utilizada para treinamentos e "batizados" dos novos membros da entidade. No entanto, existem poucos trabalhos publicados sobre a gruta. Salgado (1964) foi quem publicou o primeiro mapa da caverna e também os estudos de geologia, biologia, metereologia, carstologia, fotografia e topografia realizados pela equipe da SEE. Zeferino et al. (1996) apresentaram um novo mapa da caverna com maior nível de detalhe (BRCA-6D) e também a caracterização geológica e climatologia da caverna. Já, Teixeira-Silva & Souza (1997) realizaram um estudo detalhado da geologia e dos controles estruturais da caverna e apresentaram um modelo de evolução para a mesma. Na década de 1980, a Gruta da Igrejinha foi objeto de conflitos de interesse minerário devido à exploração de mármores dolomíticos no seu entorno pela empresa Antônio Marcelo Borges Nunes. Sabendo da ameaça gerada pela mineração a gruta, os membros da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE) intervieram junto ao Ministério Público Federal, em prol da proteção legal da cavidade. Esse fato culminou na explosão e obstrução da sua entrada principal pela referida empresa, na tentativa de esconder da população a existência da caverna, antes que a proteção legal por decreto estadual entrasse em vigor (Rosada et al. 2013, Meyer et al. 2013). CONTEXTO GEOLÓGICO Litoestratigrafia A caverna se desenvolveu nos dolomitos da Formação Gandarela, Grupo Itabira, Supergrupo Minas. Essa formação é constituída principalmente de rochas dolomíticas, sendo sobreposta pelos itabiritos da Formação Cauê (Salgado, 1964). O Grupo Itabira é uma sequência composta por formações ferríferas bandadas (do tipo Lago Superior), xistos carbonáticos, mármores ferruginosos e raras intercalações de rochas vulcânicas intermediárias a máficas (Formação Cauê) e por uma sequência carbonática composta predominantemente por mármores dolomitos com lentes de itabirito (Formação Gandarela) de idade em torno de 2,42Ga (Dorr 1969, Babinsky et al. 1995). Separado por uma discordância erosiva, o Grupo Piracicaba é composto por metaconglomerados e quartzitos ferruginosos, que gradam para metapelitos e xistos carbonosos, sendo representando na região do Sinclinal Dom Bosco pelas formações Cercadinho, Fecho do Funil, Taboões e Barreiro (Door 1969, Endo et al. 2020). A Formação Gandarela, na região Hargreaves onde se localiza a Gruta Igrejinha, é composta por dolomitos, dolomitos ferruginosos e manganezíferos, itabiritos puros, filitos e xistos, podendo atingir espessura máxima de 400 metros. Em termos composicionais, tem-se dolomitos puros e variedades altamente silicosas e ferruginosas (Johnson 1962). O maciço de dolomito onde se encontra a caverna foi mapeado como pertencente à Formação Gandarela e os afloramentos próximos à caverna exibem intercalações de mármores rosa e branco, gradando para um mármore cinza, ferruginoso e sericítico, com lentes de itabirito, chegando, por vezes, a constituir-se num itabirito dolomítico (Zeferino et al., 1986). Geologia Estrutural A região onde se insere a Gruta Igrejinha está inserida no domínio do Sinclinal Dom Bosco (Chemale Jr. et al. 1994). Segundo estes autores o sinclinal é definido pelo acamamento, em especial das camadas quartzíticas e itabiríticas do Supergrupo Minas, que formam uma calha sinformal de eixo E-W. A estrutura é cortada por diversas falhas de empurrões com traços arqueados, que se estendem desde a Serra de Ouro Branco até a extremidade leste do QF. Essas falhas apresentam geometria de rampas e patamares, com falhas direcionais associadas. O evento deformacional responsável por esses falhamentos provocou o desenvolvimento de três famílias de estruturas, a primeira em regime dúctil e a segunda e a terceira em regime rúptil-dúctil a dúctil-rúptil. Tais estruturas foram geradas por deslocamentos de massa de E para W durante o Brasiliano e foram descritas por Belo de Oliveira & Vieira (1987) e Marshak & Alkmim (1989) (In: Chemale Jr. et al. 1994). A primeira família de estruturas é constituída por uma foliação de orientação geral N-S e mergulhos da ordem de 10° a 40° graus E, e uma lineação mineral com valores médios de 90° a 100°. Os indicadores cinemáticos indicam movimento de E para W. As fraturas conjugadas possuem orientação principal N60E e N60W. As falhas de empurrão tendem a assumir uma direção E-W. Associadas a esta deformação dúctil verifica-se zonas de alto strain, dobras intrafoliais e dobras em bainha com eixos ESE-WNW. Ocorre também uma clivagem plano-axial de orientação média N83W/75SW. A terceira família de estruturas é constituída por mesodobras e crenulações com eixo N-S e clivagem plano axial com mergulho subvertical (Chemale Jr. et al., op. cit.). |
Bibliografia |
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Chemale Jr., F.; Rosière, C.A.; Endo, I. 1994. The tectonic evolution of the Quadrilfitero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Precambrian Research, 65: 25-64. Dorr, J.N. 2nd. 1969. Physiographic, stratigraphic, and structural development of the Quadrilatero Ferrffero, Minas Gerais. U.S. Geological Survey Profissional Paper, 641-A. 110p. Dutra, G.; Corrêa, T.; Frigo, F.; Dell’Antonio, R.; Brandi, I. 2020. Avanços da Espeleologia no Quadrilátero Ferrífero. In: Castro et al. 2020, Quadrilátero Ferrífero: avanço do conhecimento nos últimos 50 anos. 3i Editora, UFOP, p. 216-235. Endo, I.; Rosière, C.A.; Chemale Jr., F. 1992. Roteiro de Excursão Geológica no Quadrilátero Ferrífero e Regiões Adjacentes. Rev. da Escola de Minas, Ouro Preto, 45 (1 e 2): 1-69 (Adendo). Endo, I.; Machado, R.; Galbiatti, H.F.; Rossi, D.Q.; Zapparoli, A.C.; Delgado, C.A.R.; Castro, P.T.A.; Oliveira, M.M.F. 2020. Estratigrafia e evolução estrutural do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: Castro et al. 2020, Quadrilátero Ferrífero: avanço do conhecimento nos últimos 50 anos. 3i Editora, UFOP, p. 70-113. IEF - Instituto Estadual de Florestas. Parque Estadual Serra de Ouro Branco. Minas Gerais: IEF, 2009. Disponível em: http://www.ief.mg.gov.br/component/content/article/1411. Acesso em: 02 abr. 2013. Johnson, R.F. 1962. Geology and Ore Deposits of the Cachoeira do Campo Dom Bosco, and Ouro Branco Quadrangles Minas Gerais, Brazil. Geological Survey Professional Paper 341-B, USGS-DNPN. 45p. Meyer B.O.; Rosada T.R.; Lucon, T.N. 2013. Valoração da Gruta da Igrejinha, Ouro Preto (MG) para seu possível enquadramento dentro dos novos limites do Parque Estadual Serra do Ouro Branco proposto pelo projeto de lei nº 3.405/2012. Anais do 32º Congresso Brasileiro de Espeleologia. Rosada, T.R.; Meyer, B.O.; Lucon, T.N. 2013. Valoração da Gruta da Igrejinha, Ouro Preto (MG) para seu possível enquadramento dentro dos novos limites do Parque Estadual Serra do Ouro Branco proposto pelo Projeto de Lei nº 3.405/2012. Revista Espelotema, Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE, Campinas-SP. 24(1): 5-17. Salgado, F.S. 1964. Gruta da Igrejinha, Ouro Preto - MG. Rev. da Escola de Minas, 22(4): 179-184. SEE – Sociedade Excursionista e Espeleológica. 2020. A contribuição da Sociedade Excursionista e Espeleológica para os avanços do conhecimento espeleológico no Quadrilátero Ferrífero. In: Castro et al. 2020, Quadrilátero Ferrífero: avanço do conhecimento nos últimos 50 anos. 3i Editora, UFOP, p. 440-447. Teixeira-Silva, C.M.; Sousa, K. 1997. Geoespeleologia da Gruta Igrejinha. 24º Congresso Brasileiro de Espeleologia, Anais..., Ouro Preto-MG, p. 89-98. Zeferino, J.; Silva, J.C.M. da; Neto, L.S.B.; Amoré, L.; Lima, M.T.; Brunetto, W.J.. 1986. Gruta da Igrejinha, Ouro Preto - MG. Rev. da Escola de Minas, 39(3): 45-50. |
Imagens Representativas e Dados Gráficos
Figura 5 – a) Grande salão, no domínio oeste da caverna, com espeleotemas diversos e de grande porte (Foto: Reinaldo... |
Conservação
Unidade de Conservação
Nome da UC | Tipo da UC | Unidade de Conservação | Situação da Uc |
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Parque Estadual Serra do Ouro Branco (Estadual) | UC de Proteção Integral | Parque |
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Proteção Indireta
Reserva de Biosfera: | Reserva da Biosfera do Espinhaço |
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Relatar: | |
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A preservação da Gruta da Igrejinha é legalmente aparada pela Lei Municipal de Ouro Preto, nº 15 de 1986; pelo Decreto Estadual de Minas Gerais, nº 26.420, de 1986; e pelo Decreto Estadual de Minas Gerais, nº 45.180, de 2009 que criou o Parque Estadual Serra do Ouro Branco. A APP Gruta da Igrejinha localiza-se entre os municípios de Ouro Preto e Ouro Branco, entre a Estação Ferroviária de Hargreaves e a Comunidade do Morro Gabriel no Distrito de Miguel Burnier, possuindo 688 hectares. |
Uso e Ocupação
Propriedade do Terreno | ||||
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Público / Estadual |
Area Rural |
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Area Urbana |
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Fragilidade |
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Elevada |
Dificuldade de Acesso e aproveitamento do solo: |
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A dificuldade de acesso a caverna resultou da obstrução da entrada principal causada por uma detonação de explosivos pela empresa mineradora, na década de 1980. Atualmente o acesso é difícil e é realizado por uma fratura, conhecida como "Janela", que se localiza no final do conduto principal da caverna. |
Quantificação
Valor Científico (indicativo do valor do conteúdo geocientífico do sítio ou do elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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A1 - Representatividade | 30 | O local ou elemento de interesse é o melhor exemplo, atualmente conhecido, na área de trabalho, para ilustrar elementos ou processos, relacionados com a área temática em questão (quando aplicável) | 4 |
A2 - Local-tipo | 20 | O local ou elemento de interesse é reconhecido como holostratótipo ou unidade litodêmica nos léxicos estratigráficos do Brasil e da Amazônia Legal ou documentos similares, ou é a fonte de um holótipo, neótipo ou lectótipo registrado em publicações científicas, de acordo com o código (ICZN, ICBN ou ICN) vigente na época da descrição e cadastrado na Base de Dados Paleo da CPRM ou bases similares ou é um sítio de referência da IMA; | 4 |
A3 - Reconhecimento científico | 5 | Existem artigos sobre o local de interesse em revistas científicas nacionais, diretamente relacionados com a categoria temática em questão (quando aplicável) | 2 |
A4 - Integridade | 15 | Os principais elementos geológicos (relacionados com a categoria temática em questão, quando aplicável) estão muito bem preservados | 4 |
A5 - Diversidade geológica | 5 | Local de interesse com 5 ou mais tipos diferentes de aspectos geológicos com relevância científica | 4 |
A6 - Raridade | 15 | Existem, na área de estudo, 2-3 exemplos de locais semelhantes (representando a categoria temática em questão, quando aplicável) | 2 |
A7 - Limitações ao uso | 10 | É possível fazer amostragem ou trabalho de campo depois de ultrapassar as limitações existentes | 2 |
Valor Científico | 340 |
Risco de Degradação (dos valores geológicos retratados no sítio ou no elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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B1 - Deterioração de elementos geológicos | 35 | Existem reduzidas possibilidades de deterioração dos elementos geológicos secundários | 1 |
B2 - Proximidade a áreas/atividades com potencial para causar degradação | 20 | Local de interesse situado a menos de 100 m de área/atividade com potencial para causar degradação | 4 |
B3 - Proteção legal | 20 | Local de interesse situado numa área com proteção legal, mas sem controle de acesso | 2 |
B4 - Acessibilidade | 15 | Local de interesse sem acesso direto por estrada mas situado a menos de 1 km de uma estrada acessível por veículos | 1 |
B5 - Densidade populacional | 10 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
Risco de Degradação | 180 |
Potencial Valor Educativo e Turístico (indicativo de interesse educativo e turístico associado ao valor científico do sítio, sujeito à análise complementar dos setores competentes)
Ítem | P.E | P.T | Resposta | Valor |
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C1 - Vulnerabilidade | 10 | 10 | Possibilidade de deterioração dos principais elementos geológicos por atividade antrópica | 2 |
C2 - Acesso rodoviário | 10 | 10 | Local de interesse sem acesso direto por estrada, mas situado a menos de 1 km de uma estrada acessível por veículo | 1 |
C3 - Caracterização do acesso ao sítio | 5 | 5 | O local de interesse é acessado por estudantes e turistas, mas apenas ocasionalmente | 3 |
C4 - Segurança | 10 | 10 | Local de interesse sem infraestrutura de segurança (vedações, escadas, corrimões, etc.) mas com rede de comunicações móveis e situado a menos de 50 km de serviços de socorro | 2 |
C5 - Logística | 5 | 5 | Existem restaurantes e alojamentos para grupos de 50 pessoas a menos de 50 km do local de interesse | 3 |
C6 - Densidade populacional | 5 | 5 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
C7 - Associação com outros valores | 5 | 5 | Existem diversos valores ecológicos e culturais a menos de 20 km do local de interesse | 3 |
C9 - Singularidade | 5 | 10 | Ocorrência de aspectos únicos e raros na região | 2 |
C10 - Condições de observação | 10 | 5 | A observação de todos os elementos geológicos é feita em boas condições | 4 |
C11 - Potencial didático | 20 | 0 | Ocorrência de elementos geológicos que são ensinados em todos os níveis de ensino | 4 |
C12 - Diversidade geológica | 10 | 0 | Ocorrem mais de 5 tipos de elementos da geodiversidade (mineralógicos, paleontológicos, geomorfológicos, etc.) | 4 |
C13 - Potencial para divulgação | 0 | 10 | Ocorrência de elementos geológicos que são evidentes e perceptíveis para todos os tipos de público | 4 |
C14 - Nível econômico | 0 | 5 | Local de interesse localizado num município com IDH superior ao que se verifica no estado | 3 |
C15 - Proximidade a zonas recreativas | 0 | 5 | Local de interesse localizado a menos de 20 km de uma zona recreativa ou com atrações turísticas | 1 |
C8 - Beleza cênica | 5 | 15 | Não se aplica. | 0 |
Valor Educativo | 270 | |||
Valor Turístico | 200 |
Classificação do sítio
Relevância: | Geossítio de relevância Internacional |
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Valor Científico: | 340 |
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Valor Educativo: | 270 (Relevância Nacional) |
Valor Turístico: | 200 (Relevância Nacional) |
Risco de Degradação: | 180 (Risco Baixo) |
Recomendação
Urgência à Proteção global: | Necessário a longo prazo |
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Urgência à Proteção devido a atividades didáticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades turísticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades científicas: | Necessário a longo prazo |
Unidade de Conservação Recomendado: | UC de Proteção Integral - |
Justificativa: |
Coordenadas do polígono de proteção existente ou sugerido
Responsável
Nome: | Jose Adilson Dias Cavalcanti |
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Email: | jose.adilson@cprm.gov.br |
Profissão: | Geólogo |
Instituição: | Serviço Geológico do Brasil - SGB-CPRM |
Currículo Lattes: | http://lattes.cnpq.br/5968564202453915 |