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Cavernas do Vale do Rio Peruaçu
Januária -
MG , Lat.:
-15.111112595 Long.:
-44.243057251
Última alteração: 22/01/2024 10:55:34
Última alteração: 22/01/2024 10:55:34
Status: Consistido
Geossitio de Relevância Internacional
Valor Científico:
360
Valor Educativo:
345 (Relevância Nacional)
Valor Turístico:
335 (Relevância Nacional)
Risco de Degradação:
185 (Risco Baixo)
Identificação
Designação
Nome do Sítio: | Cavernas do Vale do Rio Peruaçu |
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Título Representativo: | Obra-prima do Carste Brasileiro |
Classificação temática principal: | Espeleologia |
Classificação temática secundária: | Paleoambiental |
Registro SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) com o Nº com o Nº: | 17 |
Sítio pertence a um geoparque ou proposta de geoparque: | Não |
Localização
Latitude: | -15.111112595 |
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Longitude: | -44.243057251 |
Datum: | SIRGAS2000 |
Cota: | m |
Estado: | MG |
Município: | Januária |
Distrito: | |
Local: | Rubião |
Ponto de apoio mais próximo: | Restaurante e Pousada Fabião II |
Ponto de referência rodoviária: | Januária |
Acesso: | O vale do rio Peruaçu apresenta-se como um tributário da margem esquerda do alto-médio curso do rio São Francisco, localizado no norte do Estado de Minas Gerais (Fig. 1). O acesso à região, partindo de Belo Horizonte, é feito pela BR-040 e, em seguida, pela BR-135 até o povoado de Fabião, na divisa dos municípios de Januária e Itacarambi. O referido trajeto totaliza 650 km de distância. No Fabião encontra-se instalada um escritório do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade – ICMBio, responsável pela Área de Proteção Ambiental e pelo Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. |
Imagem de identificação
Resumo
Resumo |
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As cavernas do vale do rio Peruaçu reúne um conjunto de atributos que o coloca como um dos mais importantes sítios espeleológicos e geomorfológicos do Brasil. Inicialmente é preciso destacar a monumentalidade das cavernas, que podem apresentar condutos com mais de 100 m de altura e largura, como na gruta do Janelão. No teto de algumas cavernas, em decorrência de seguidos abatimentos, abrem-se grandes clarabóias que permitem a entrada da luz e a revelação de um cenário subterrâneo de grande valor paisagístico. Sob o ponto de vista científico, as cavernas do Peruaçu apresentam-se como “janelas” para um melhor entendimento da paleohidrologia regional. Nessas galerias ocorrem inúmeros registros sedimentares (químicos e clásticos), verdadeiros arquivos para reconstituições paleoambientais do Quaternário continental brasileiro. Salienta-se, ainda, que as cavernas estão inseridas em um ambiente cárstico de grande geodiversidade, onde a dissolução da rocha carbonática e os processos de abatimento esculpiram vales cegos, canyons, torres calcárias, depressões fechadas (dolinas e uvalas) e diversas microformas (karren) sobre a rocha solúvel. Inúmeros abrigos e entradas de cavernas no Peruaçu apresentam registros da ocupação humana ocorrida em até 12 mil anos B.P., inicialmente feita por grupos de caçadores-coletores e mais recentemente por agricultores. São oficinas, espaços de rituais, habitações, silos para guardar alimentos, cerâmica etc. São locais que vêm fornecendo dados essenciais para a reconstituição dos vários aspectos do modo de vida dos homens pré-históricos do interior do Brasil. (Piló & Rubbioli 2002) |
Abstract |
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The caves of the Peruaçu river valley have a number of attributes that make them one of the most important speleological and geomorphological sites in Brazil. Firstly, the monumentality of the caves, which can have conduits more than 100 metres high and wide, as in the Janelão cave. On the roof of some caves, as a result of repeated collapses, large skylights open up, allowing light to enter and revealing an underground landscape of great scenic value. From a scientific point of view, the Peruaçu caves are "windows" to a better understanding of regional palaeohydrology. These galleries contain countless sedimentary records (chemical and clastic), veritable archives for palaeoenvironmental reconstructions of the Brazilian continental Quaternary. It should also be noted that the caves are part of a karst environment of great geodiversity, where the dissolution of the carbonate rock and subsidence processes have carved blind valleys, canyons, limestone towers, closed depressions (dolines and uvalas) and various microforms (karren) on the soluble rock. Numerous shelters and cave entrances in Peruaçu show records of human occupation dating back as far as 12,000 years B.P., initially by hunter-gatherer groups and more recently by farmers. They include workshops, ritual spaces, dwellings, silos for storing food, pottery, etc. These sites have provided essential data for reconstructing various aspects of the way of life of prehistoric men in the interior of Brazil. (Piló & Rubbioli 2002) |
Autores e coautores |
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Luís B. Piló (Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, Belo Horizonte-MG) Ezio Rubbioli (Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas, Belo Horizonte-MG) Análises Quantitativa: José Adilson Dias Cavalcanti (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH) |
Contexto
Geológico
Enquadramento Geológico Geral: |
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Unidade do Tempo Geológico (Eon, Era ou Período): |
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Ambiente Dominante: |
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Tipo de Unidade: | Unidade Litoestratigráfica |
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Nome: | Formação Sete Lagoas |
Outros: | Calcário biogênico |
Rocha Predominante: | Calcário |
Rocha Subordinada: | Dolomito |
Tipo e dimensões do afloramento, contato, espessura, outras informações descritivas do sítio. : |
O vale do Peruaçú possui, aproximadamente 18 km de extensão. As cavernas do Peruaçu estão inseridas no Planalto Cárstico do São Francisco, situado entre as altitudes 750-500m. Nesta unidade do relevo ocorrem sequências de rochas supracrustais carbonáticas (dolomitos e calcários) pertencentes ao Grupo Bambuí, do Neoproterozoico. Os calcários são constituídos por mais de 90% de CaCO3. O pacote sedimentar apresenta estratificações primárias plano-paralelas bem preservadas. Estruturas deformacionais mais evidentes têm caráter rúptil, estando mais bem representadas por fraturas e falhas de direções NNE/SSW e NW/SE com mergulhos subverticais (Piló, 1997). Mineralizações de chumbo e zinco associadas a superfícies e cavidades paleocársticas também estão presentes. Devido à presença do vale fluvial do rio Peruaçu sobre as rochas carbonáticas e injeção significativa de águas alogênicas, esta paisagem pode ser caracterizada como um típico carste fluvial, segundo a definição de White (1988). A segmentação parcial da drenagem superficial do rio Peruaçu, que comporta em um trajeto de 9 km de extensão, com diversos sumidouros e ressurgências, é ocasionada pela existência de amplas cavernas que resultaram da dissolução e do abatimento, que são integrantes de uma rota de circulação de água subterrânea, ou seja, de um aquífero cárstico (Piló & Kohler, 1991). Nesse trecho do rio, em função dos seguidos abatimentos do teto e paredes dos condutos, está sendo constituído um imponente canyon (Fig. 2). Ocorrem, também, vales secos secundários, perpendiculares ao vale do rio Peruaçu. Outras morfologias deste domínio são paredões, torres, arcos calcários, diversos tipos de lapiás, além de grandes dolinas e uvalas de abatimento. As cavernas da região podem ser classificadas, sob o ponto de vista hidrológico, em dois grupos: “cavernas drenadas pelo rio Peruaçu” e as cavernas secas já desconectadas do aquífero cárstico. Dentre as cavernas percorridas pelo rio Peruaçu tem-se, de montante para jusante, as grutas do Brejal, Cascudos, Troncos e Janelão (Fig. 2). O Arco do André também é uma caverna integrante da rota principal, sendo que nesta caverna o rio Peruaçu torna se subterrâneo em função do soterramento do piso causado pelos abatimentos. Predominam, nesse conjunto, amplas galerias, geralmente únicas e sinuosas. A gruta do Janelão, com 4.740 m de projeção horizontal, apresenta em sua galeria principal alturas e larguras que podem atingir mais de 100 m (Fig. 3). No teto da galeria abrem-se grandes claraboias que proporcionam a proliferação de formações vegetais no interior da caverna, configurando um cenário espetacular. Essas grutas podem ser classificadas, segundo o modelo de Ford & Williams (1989), como cavernas de nível freático ideal, constituídas por galerias em geral horizontais, com passagens mostrando fluxo hídrico tipicamente vadoso, podendo apresentar trechos freáticos nos períodos de maior recarga. As cavernas secas desconectadas do aquífero cárstico estão por sua vez posicionadas, principalmente, nos paredões recuados do canyon principal ou em vales secos secundários, acima do nível de base atual que é o rio Peruaçu (lapas dos Desenhos, Rezar, Cabloco, Bonita, Índios, dentre outras) (Fig. 4). Também ocorrem nos paredões laterais do canyon, como as lapas do Carlúcio, Bichos, Fóssil etc. Essas cavernas representam, principalmente, fragmentos abandonados de galerias tributárias da drenagem subterrânea preferencial. Os depósitos químicos (espeleotemas) das cavernas do Peruaçu apresentam uma grande variedade e abundância, sendo responsáveis pela colmatação parcial ou total de condutos, como na gruta do Carlúcio (Fig. 4d, e), Cabloco e Desenhos. Destacam-se as gigantescas estalactites e estalagmites do Janelão, além das “pérolas de caverna”. Na gruta Bonita tem-se helictites, “cascatas” e “canudos de refresco”. Represas de travertinos e colunas podem ser identificadas nas grutas do Carlúcio, Índios e Desenhos. Capas estalagmíticas ocorrem, ocasionalmente, nas grutas dos Cavalos, Desenhos, Amores e Brechas. Em relação a sedimentação clástica nas cavernas drenadas pelo rio Peruaçu, tem-se terraços fluviais com ampla variação textural. Brechas de fluxo de detritos também foram identificadas nas lapas dos Desenhos, Cavalos, Caboclo e Boquete. Esses depósitos são compostos de fragmentos de espeleotemas, blocos abatidos de calcário, silex e fragmentos de canga ferruginosa, suportados por uma matriz argilosa, localmente cimentada por calcita. Por último, se destacam os depósitos de blocos abatidos que possuem ocorrência generalizada nas cavernas do vale. Nos abrigos e entradas das cavernas do vale do Peruaçu estão registrados inúmeros testemunhos da ocupação humana pré-histórica. Segundo Prous (1991; 1999), a primeira ocupação, ocorreu entre 12.000 e 11.000 anos B.P., e foi reconhecida nas lapas do Boquete e da Hora. Foram identificados, para este período, níveis ricos em vestígios alimentares contendo coquinhos e ossos de animais, assim como, instrumentos de pedra. A ocupação holocênica (entre 10.000 e 7.000 anos B.P.) é caracterizada por uma mudança no instrumental lítico, composto essencialmente por lascas de rochas brutas. |
Paleontológico
Local de ocorrência |
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Ramos da Paleontologia: |
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Taxons conhecidos: |
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Caracterização Geológica
Rochas Sedimentares
Ambientes Sedimentares: |
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Ambientes: | Antigos |
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Tipos de Ambientes: |
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Descontinuidades Estratigráficas: |
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Rochas Ígneas
Categoria: | Não se aplica - Não se aplica |
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Aspectos Texturais: |
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Estruturas: |
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Rochas Metamórficas
Metamorfismo: |
Facie Metamorfismo: |
Texturas: |
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Estruturas: |
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Deformação das Rochas
Tipo de Deformação: | Dúctil / Rúptil |
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Regime Tectônico: | Compressional |
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Estruturas Lineares: |
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Estruturas Planas: |
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Feições de Relevo
FR2f - Praias | |
FR5b - Canyons | |
FR5c - Vales encaixados | |
FR7c - Escarpas | |
FR12a - Dolina | |
FR12c - Uvalas | |
FR12d - Poljés | |
FR12e - Caverna | |
FR12f - Surgência e ressurgência | |
FR12i - Maciços e paredões lapiezados | |
FR12j - Torres, humes e verrugas | |
FR11j - Depressão | |
FR12n - Abrigo sob rocha | |
FR12b - Sumidouro |
Ilustração
Figura 1 – Mapa Geológico simplificado com a área do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, com a localização das... |
Interesse
Dados
Pelo Conteúdo |
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Interesse associado |
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Pela sua possível utilização |
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Observações
Observações Gerais |
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As primeiras referências sobre as cavernas do vale do rio Peruaçu datam de 1939, na publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1939), “As Grutas de Minas Gerais”, na qual já se podia prenunciar o rico acervo espeleológico e arqueológico da região. Posteriormente, em 1957, foram realizados estudos sobre os depósitos de chumbo e zinco que ocorrem na região pelo geólogo americano Jacques F. Robertson. No entanto, o autor apresenta uma primeira caracterização das formas superficiais e subterrâneas do carste local, destacando as “espetaculares dolinas de colapso ao longo do rio Peruaçu” (Robertson, 1963). Em 1975, os trabalhos espeleológicos foram iniciados pela Sociedade Excursionista e Espeleológica da Escola de Minas de Ouro Preto (SEE), que explorou as principais cavernas ao longo do rio Peruaçu. Dois anos após a pioneira exploração dos espeleólogos de Ouro Preto, dois arqueólogos canadenses, Alan Bryan e Ruth Gruhn, do Departamento de Antropologia da Universidade de Alberta, efetuaram os primeiros levantamentos dos sítios arqueológicos inseridos nos abrigos rochosos e entradas de cavernas. Estes levantamentos incentivaram a elaboração da primeira proposta de preservação da área sob a forma de uma reserva científica. No final da década de 70, a região foi prospectada pela equipe do Museu de História Natural da UFMG. A partir de 1981, as cavernas e abrigos tornaram-se objeto de estudos arqueológicos. Neste período também foram realizados trabalhos geológicos na região (Rabelo et al., 1977 e Dardenne, 1978). Retomando os trabalhos iniciados pela SEE, o Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas (GBPE) realizou, em 1983, uma expedição ao Peruaçu com o objetivo de conhecer as cavernas já identificadas e realizar prospecções visando o descobrimento de novas ocorrências. Nos anos posteriores, os estudos concentraram-se na exploração e topografia da gruta Olhos D’água, atualmente com mais de 9 km de galerias. Nesta caverna foi registrada uma comunidade de bagres troglóbios (peixes totalmente adaptados ao ambiente subterrâneo). No ano de 1986 foi constituída uma comissão formada por técnicos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), com o objetivo de elaborar uma proposta de criação de uma unidade de conservação no vale do rio Peruaçu. Em 1988, a proposta de criação da Área de Proteção Ambiental (APA) foi entregue à Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), órgão precedente ao IBAMA, sendo homologada em 26 de setembro de 1989, através do Decreto Federal nº 98182. Ainda no final dos anos 80, foi realizada a cartografia do relevo cárstico do Peruaçu, na qual foram identificados 70 sítios espeleológicos e arqueológicos (Piló, 1989). A partir de 1991, o GBPE em conjunto com espeleólogos franceses, iniciou a topografia detalhada da Gruta do Janelão. Ainda na década de 90, somam-se os trabalhos de Moura (1997), na lapa do Boquete, que visou correlacionar sedimentos de caverna e as transformações na paisagem cárstica, como também os estudos de impacto ambiental nas principais cavernas (GBPE/FNMA, 1999). Em 1999 foi criado, pelo IBAMA, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, visando à reversão da área para o poder público e a proteção definitiva das cavernas. CONTEXTO GEOLÓGICO A área se insere no Craton São Francisco e, mais especificamente, na Bacia Sedimentar do São Francisco (BSF) que possui registro de vários ciclos sedimentares descritos como o produto do preenchimento de uma sucessão de bacias intracratônicas, dentre elas estão a bacia do Bambuí (Martins-Neto & Alkmim 2001). A tectônica Brasiliana gerou deformação nas rochas do cráton e das suas coberturas onde foram definidos três domínios estruturais, sendo os domínios deformados Leste (E) e oeste (W) e, o domínio central (C) não deformado (Alkmim & Martins-Neto 2001). O vale do Peruaçu está situado no domínio “Central” não deformado. As rochas do grupo Bambuí possuem idades entre 550 Ma (Valeriano et al. 2004; Nobre-Lopes, 2002; Paula-Santos et al. 2015) e 515 Ma (Babinsky et al. 2019) . Segundo Zalán & Romeiro-Silva (2007) as características geométricas da supersequência Bambuí, observadas nas seções sísmicas, são típicas de uma bacia intracratônica deformada pela tectônica compressional thin-skinned e thick-skinned após a sua deposição. Utilizando o conceito de estratigrafia de sequências, Reis et al. (2017) classificaram o Grupo Bambuí como uma sequência sedimentar de primeira ordem, compondo a porção superior da Bacia Sedimentar do São Francisco. Essa sequência teria se depositado no início do Ediacarano, em uma bacia tipo Foreland, gerada durante convergência, ou seja, durante a formação do Supercontinente Gondwana, em resposta à sobrecarga litosférica, causada pelo soerguimento dos cinturões Brasília e Araçuaí (Alkmim 2018). Segundo Teixeira-Silva (2011) a área do Parque Nacional Cavernas do Peruaçú encontra-se inserida em rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas (primeiro megaciclo) da megasequência Bambuí (Fig. 2). As litologias predominantes são os calcários cristalinos calcíticos laminados (litofácies CCCL) de cores cinza claro a médio e creme, com estratificações centimétricas plano-paralelas. No topo da sequência ocorre uma litofácies com estrutura de aspecto mais maciço, brechada, com fragmentos angulares de seções retangulares alongadas com comprimentos variando de 0,6 cm a 8 cm. O acamamento sedimentar é predominantemente horizontal podendo estar, também, suavemente dobrado em dobras cilíndricas abertas com comprimento de onda de cerca de 80 a 100 m e amplitude variando de 2 a 4 m. Em certos locais essa litofácies principal pode dar lugar a outra litofácies estratificada com presença de estruturas de tempestades do tipo “hummockies” (litofácies CCEH) onde essas feições possuem ondas com comprimentos variando de 7 cm a 27cm e com amplitudes variando de 1 a 2cm, nesse ponto podem ser observadas, também, feições de escape de fluidos centimétricas, superfícies estilolíticas e lentes de silexito, com seções em torno de 2 cm X 15 cm. Em alguns pontos essa última litofácies encontra-se, também, dobrada com dobra cilíndrica de 20m de comprimento de onda e 1,5m de amplitude. Essas litofácies encontram-se fraturadas onde pares de fraturas cisalhantes podem ser observadas nas direções azimutais N40-80W e N10-35E, que controlam o desenvolvimento da cavidade. O acamamento apresenta-se ora mergulhando para NE ora para NW com valores máximos de mergulho de até 200 graus. |
Bibliografia |
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Alkmim, F.F. 2018. História Geológica de Minas Gerais. In: Pedrosa-Soares et al. (Eds.): Recursos Minerais de Minas Gerais, CODENGE. http://www.codenge.com.br (Acesso em maio de 2019), p.1-25. Alkmim, F.F.; Martins-Neto, M.A., 2001. A Bacia Intracratônica do São Francisco: arcabouço estrutural e os cenários evolutivos. In: Martins-Neto, M.A., Pinto, C.P. (Eds.), Bacia do São Francisco: geologia e recursos minerais. SBG/MG, Belo Horizonte, p. 9-30. CPRM, 2014. Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, Escala 1:1.000.000. Formato Digital. Disponível em: http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa. Dardenne, M.A. 1978. Síntese sobre a estratigrafia do Grupo Bambuí no Brasil Central. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 30. Recife, 1978. Anais…, SBG, 2: 597-610. Ford. D. C. e Williams, P.W. 1989. Karst Geomorphology and Hydrology, 1a ed., London, Unwin Hyman, 601p. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – FIBGE. 1939. As Grutas de Minas Gerais. Belo Horizonte, 278p. Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas - GBPE / FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – FNMA. 1999. Levantamento espeleológico da Área de Proteção Ambiental - APA Cavernas do Peruaçu: subsídios para o plano de manejo. Belo Horizonte/Brasília, 135p. Marly Babinski, M.; Cristian Guacaneme, C.; Paula-Santos, G.M.; Caetano-Filho, S.; Amorim, K.; Leme, J.M.; Ricardo I.F. Trindade, R.I.F. 2019. Geocronologia do grupo Bambuí: rumo ao Paleozoico? Anais..., 4º Simpósio sobre o Craton São Francisco e Orógenos Marginais, SBG, p.64. Moura, M.T.T. 1997. A evolução do sítio arqueológico Lapa do Boquete na paisagem cárstica do vale do rio Peruaçu: Januária, MG. Dissertação de Mestrado, Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 208p. Nobre-Lopes, J. 2002. Diagenesis of the dolomites hosting Zn/Ag mineral deposits in the Bambuí group at Januária region-MG. Tese de Doutorado, IG-Unicamp. 229p. Paula-Santos, G.M.; Babinski, M.; Kuchenbecker, M.; Caetano-Filho, S.; Trindade, R.I.; Pedrosa-Soares, A.C. 2015. New evidence of an Ediacaran age for the Bambuí Group in southern São Francisco craton (eastern Brazil) from zircon U–Pb data and isotope chemostratigraphy. Gondwana Research, 28:702–720. Piló, L.B. 1989. A morfologia cárstica do baixo curso do rio Peruaçu, Januária-Itacarambi, MG. Monografia de Graduação, Depto. Geografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 80p. Piló, L.B. 1997. Rochas carbonáticas e relevos cársticos em Minas Gerais. O Carste, 19(3): 72-78. GBPE, Belo Horizonte. Piló, L.B.; Ezio Rubbioli, E. 2002. Cavernas do Vale do Rio Peruaçu (Januária e Itacarambi), MG: Obra-Prima do Carste Brasileiro. SIGEP 17. In: Schobbenhaus et al. (Eds.) 2002, Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil, Volume 1. SIGEP-DNPM-CPRM, p. 453-460. Piló, L.B.; Kohler, H.C. 1991. Do vale do Peruaçu ao São Francisco: uma viagem ao interior da Terra, Januária-Itacarambi. In: Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 3. Belo Horizonte, 1991. Roteiro de Excursão. Imprensa Universitária da UFMG. p. 57-73. Prous, A. 1991. Aspectos arqueológicos do vale do Peruaçu. In: Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 3. Belo Horizonte, 1991. Roteiro de Excursão. Imprensa Universitária da UFMG. p. 66-70. Prous, A. 1999. As primeiras populações do Estado de Minas Gerais. In: Tenório, M.C. (Org.) -1999- Pré-História da Terra Brasilis. 1ª Ed. Rio de Janeiro: UFRJ. p. 101-114. Rabelo, E.A; Lopes, O.F. e Costa, P.C.G. 1977. Geologia da região de Januária/Itacarambi, MG. Belo Horizonte. Projeto Bambuí Norte/METAMIG. 37p. Reis, H.L.S.; Alkmim, F.F.; Fonseca, R.C.S.; Nascimento, T.C.; Suss, J.F.; Preveatti, L.D. 2017. The São Francisco Basin. In: Heilbron, M.; Cordani, U.; Alkmim, F. (eds.) São Francisco Craton, Eastern Brazil. Regional Geology Reviews, 117-143. Robertson, J.F. 1963. Geology of the lead-zinc deposits in the município de Januária state of Minas Gerais, Brazil. Geological Survey Bulletin, 1110 - B. Washington: United States Government printing Office. 109p. |
Imagens Representativas e Dados Gráficos
Conservação
Unidade de Conservação
Nome da UC | Tipo da UC | Unidade de Conservação | Situação da Uc |
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Parque Nacional Cavernas do Peruaçú (Privado) | UC de Proteção Integral | Parque |
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APA do Peruaçú ( Federal) | UC de Uso Sustentável | Área de Proteção Ambiental |
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Proteção Indireta
Área Indígena: | |
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Populações tradicionais: |
Relatar: | |
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A região onde se insere o vale do rio Peruaçu encontra-se legalmente protegida por duas unidades de conservação: Área de Proteção Ambiental - APA (150.000 ha) e Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (60.000 ha). A APA enquadra-se na categoria de uso direto ou manejo sustentável. Esta categoria visa proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais, objetivando a melhoria da qualidade de vida da população, sem alteração do regime de propriedade privada. Já a categoria Parque Nacional inclui áreas delimitadas com a finalidade de preservar os atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora e fauna e das belezas naturais, com a utilização para fins educacionais, recreativos ou científicos, sendo proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais. A APA ainda não tem sido priorizada com recursos e ações que visem seu ordenamento territorial através de um zoneamento ecológico-econômico. Diante disso podem ser identificados, na escala da paisagem, vários tipos de impactos ambientais na região, associados com os diferentes tipos de uso decorrentes das atividades humanas que, direta ou indiretamente, vêm interferindo no conjunto espeleológico e geomorfológico: uso indiscriminado dos recursos hídricos do rio Peruaçu por um número crescente de irrigantes; expansão urbana sem planejamento; desmatamentos clandestinos e aceleração dos processos erosivos. |
Uso e Ocupação
Propriedade do Terreno | ||||
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Público / Federal |
Area Rural |
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|
Area Urbana |
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Fragilidade |
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Elevada |
Dificuldade de Acesso e aproveitamento do solo: |
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Quantificação
Valor Científico (indicativo do valor do conteúdo geocientífico do sítio ou do elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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A1 - Representatividade | 30 | O local ou elemento de interesse é o melhor exemplo, atualmente conhecido, na área de trabalho, para ilustrar elementos ou processos, relacionados com a área temática em questão (quando aplicável) | 4 |
A2 - Local-tipo | 20 | O local ou elemento de interesse é reconhecido como holostratótipo ou unidade litodêmica nos léxicos estratigráficos do Brasil e da Amazônia Legal ou documentos similares, ou é a fonte de um holótipo, neótipo ou lectótipo registrado em publicações científicas, de acordo com o código (ICZN, ICBN ou ICN) vigente na época da descrição e cadastrado na Base de Dados Paleo da CPRM ou bases similares ou é um sítio de referência da IMA; | 4 |
A3 - Reconhecimento científico | 5 | É um sítio já aprovado pela SIGEP e/ou existem artigos sobre o local de interesse em livro, em revistas científicas internacionais... | 4 |
A4 - Integridade | 15 | Os principais elementos geológicos (relacionados com a categoria temática em questão, quando aplicável) estão muito bem preservados | 4 |
A5 - Diversidade geológica | 5 | Local de interesse com 3 ou 4 tipos diferentes de aspectos geológicos com relevância científica | 2 |
A6 - Raridade | 15 | O local de interesse é a única ocorrência deste tipo na área de estudo (representando a categoria temática em questão, quando aplicável) | 4 |
A7 - Limitações ao uso | 10 | A realização de amostragem ou de trabalho de campo é muito difícil de ser conseguida devido à existência de limitações (necessidade de autorização, barreiras físicas, etc.) | 1 |
Valor Científico | 360 |
Risco de Degradação (dos valores geológicos retratados no sítio ou no elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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B1 - Deterioração de elementos geológicos | 35 | Possibilidade de deterioração dos principais elementos geológicos | 3 |
B2 - Proximidade a áreas/atividades com potencial para causar degradação | 20 | Local de interesse situado a mais de 1000 m de área/atividade com potencial para causar degradação | 1 |
B3 - Proteção legal | 20 | Local de interesse situado numa área com proteção legal e com controle de acesso | 1 |
B4 - Acessibilidade | 15 | Local de interesse acessível por veículo em estrada não asfaltada | 2 |
B5 - Densidade populacional | 10 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
Risco de Degradação | 185 |
Potencial Valor Educativo e Turístico (indicativo de interesse educativo e turístico associado ao valor científico do sítio, sujeito à análise complementar dos setores competentes)
Ítem | P.E | P.T | Resposta | Valor |
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C1 - Vulnerabilidade | 10 | 10 | Os elementos geológicos do local de interesse não apresentam possibilidade de deterioração por atividades antrópicas | 4 |
C2 - Acesso rodoviário | 10 | 10 | Local de interesse acessível por veículo em estrada não asfaltada | 2 |
C3 - Caracterização do acesso ao sítio | 5 | 5 | O local de interesse é acessado por estudantes e turistas, mas só depois de ultrapassar certas limitações (autorizações, barreiras físicas, marés, inundações etc...) | 2 |
C4 - Segurança | 10 | 10 | Local de interesse com infraestrutura de segurança (vedações, escadas, corrimões, etc.), rede de comunicações móveis e situado a menos de 10 km de serviços de socorro | 4 |
C5 - Logística | 5 | 5 | Existem restaurantes e alojamentos para grupos de 50 pessoas a menos de 15 km do local de interesse | 4 |
C6 - Densidade populacional | 5 | 5 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
C7 - Associação com outros valores | 5 | 5 | Existem diversos valores ecológicos e culturais a menos de 10 km do local de interesse | 4 |
C8 - Beleza cênica | 5 | 15 | Local de interesse habitualmente usado em campanhas turísticas do país, mostrando aspectos geológicos | 4 |
C9 - Singularidade | 5 | 10 | Ocorrência de aspectos únicos e raros no país | 4 |
C10 - Condições de observação | 10 | 5 | A observação de todos os elementos geológicos é feita em boas condições | 4 |
C11 - Potencial didático | 20 | 0 | Ocorrência de elementos geológicos que são ensinados em todos os níveis de ensino | 4 |
C12 - Diversidade geológica | 10 | 0 | Ocorrem 3 ou 4 tipos de elementos da geodiversidade | 3 |
C13 - Potencial para divulgação | 0 | 10 | Ocorrência de elementos geológicos que são evidentes e perceptíveis para todos os tipos de público | 4 |
C14 - Nível econômico | 0 | 5 | Local de interesse localizado num município com IDH inferior ao se verifica no estado | 1 |
C15 - Proximidade a zonas recreativas | 0 | 5 | Local de interesse localizado a menos de 10 km de uma zona recreativa ou com atrações turísticas | 3 |
Valor Educativo | 345 | |||
Valor Turístico | 335 |
Classificação do sítio
Relevância: | Geossítio de relevância Internacional |
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Valor Científico: | 360 |
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Valor Educativo: | 345 (Relevância Nacional) |
Valor Turístico: | 335 (Relevância Nacional) |
Risco de Degradação: | 185 (Risco Baixo) |
Recomendação
Urgência à Proteção global: | Necessário a longo prazo |
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Urgência à Proteção devido a atividades didáticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades turísticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades científicas: | Necessário a longo prazo |
Unidade de Conservação Recomendado: | UC de Proteção Integral - |
Justificativa: |
Coordenadas do polígono de proteção existente ou sugerido
Ponto 1: | Latitude: -15.071129006894479 e Longitude: -44.30233508663489 |
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Ponto 2: | Latitude: -15.071460520383415 e Longitude: -44.20899628287396 |
Ponto 3: | Latitude: -15.191765709955304 e Longitude: -44.20803958111438 |
Ponto 4: | Latitude: -15.190440405578753 e Longitude: -44.25985634349639 |
Ponto 5: | Latitude: -15.114221425690044 e Longitude: -44.262258445063765 |
Ponto 6: | Latitude: -15.114884317680303 e Longitude: -44.30206469960886 |
Justificativas e explicações sobre a delimitação sugerida para o sítio: |
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Responsável
Nome: | Jose Adilson Dias Cavalcanti |
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Email: | jose.adilson@cprm.gov.br |
Profissão: | Geólogo |
Instituição: | Serviço Geológico do Brasil - SGB-CPRM |
Currículo Lattes: | http://lattes.cnpq.br/5968564202453915 |
Revisor
Nome do Revisor: | O Avaliador optou pelo anonimato |
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Avaliação: | Reprovado |
Data: | 16/11/2023 15:03:56 |
Nome do Revisor: | O Avaliador optou pelo anonimato |
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Avaliação: | Reprovado |
Data: | 16/11/2023 12:22:09 |