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Carste de Lagoa Santa, MG: Berço da Paleontologia e da Espeleologia Brasileira
Matozinhos -
MG , Lat.:
-19.500000000 Long.:
-44.000000000
Última alteração: 25/11/2020 10:11:13
Última alteração: 25/11/2020 10:11:13
Status: Consistido
Geossitio de Relevância Internacional
Valor Científico:
310
Valor Educativo:
300 (Relevância Nacional)
Valor Turístico:
290 (Relevância Nacional)
Risco de Degradação:
120 (Risco Baixo)
Identificação
Designação
Nome do Sítio: | Carste de Lagoa Santa, MG: Berço da Paleontologia e da Espeleologia Brasileira |
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Título Representativo: | |
Classificação temática principal: | Geomorfologia |
Classificação temática secundária: | |
Registro SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) com o Nº com o Nº: | 15 |
Sítio pertence a um geoparque ou proposta de geoparque: | Não |
Localização
Latitude: | -19.500000000 |
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Longitude: | -44.000000000 |
Datum: | SIRGAS2000 |
Cota: | m |
Estado: | MG |
Município: | Matozinhos |
Distrito: | |
Local: | |
Ponto de apoio mais próximo: | Matozinhos |
Ponto de referência rodoviária: | Belo Horizonte |
Acesso: | Partindo de Belo Horizonte pela avenida Presidente Antônio Carlos, toma-se a BR-424, por cerca de 42km. O carste de Lagoa Santa se localizada, a cerca de, 30 km ao norte de Belo Horizonte, e envolve parte dos municípios de Vespasiano, Pedro Leopoldo, Lagoa Santa, Matozinhos, Funilândia, Prudente de Morais e Confins (integralmente). |
Imagem de identificação
Resumo
Resumo |
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Pouco ao norte de Belo Horizonte, na porção centro-sul de Minas Gerais, está uma das regiões brasileiras mais importantes em termos de paisagem cárstica carbonática e da história das ciências naturais do país: o Carste de Lagoa Santa. Tal região apresenta um denso conjunto de feições cársticas em calcarenitos puros da Formação Sete Lagoas (Grupo Bambuí), os quais estão encobertos, em sua maior parte, por formações pedológicas superficiais. O relevo superficial (exocarste) evoluiu a partir da configuração primordial de redes hídricas subterrâneas (endocarste) e de uma dinâminca intensa na interface rocha-solo (epicarste), cuja integração favoreceu o aparecimento de múltiplos pontos de captura de águas superficiais de bacias primárias e secundárias (dolinas e uvalas). Paredões lineares, canyons, vales cegos, poljés e dolinas de abatimento são feições comuns na região. Nos planaltos há “campos de dolinas” com lagos associados. As lagoas sazonais maiores ocupam extensas planícies rebaixadas (poljés). A trama dos condutos subterrâneos, estruturalmente controlados, em grande parte está conectada com a superfície, constituindo centenas de cavernas. A este ambiente estão associados sítios paleontológicos de grande valor, com componentes da megafauna pleistocênica extinta e vestígios muito importantes da ocupação humana pré-histórica no Brasil, entre os quais se encontram os ossos, de cerca de, 12 mil anos descritos por Peter Lund como o “Homem de Lagoa Santa”. A implantação da Área de Proteção Ambiental de Lagoa Santa (APA) tem procurado valorizar e conciliar a preservação do patrimônio natural e científico com o intenso desenvolvimento urbano e industrial da região. (Berbert-Born, 2002) |
Abstract |
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Close to the North of Belo Horizonte, Center–South of Minas Gerais State, is one of the most important Brazilian regions in terms of carbonatic karstic landscape and in terms of the natural sciences history: the Lagoa Santa Karst. This region presents a dense set of typically dissolutive features developed in pure calcarenites of the Sete Lagoas Formation (Bambuí Group) covered, on its major part, by significative pedological formations. The surficial relief (exokarst) evolved from the primordial configuration of underground hydric nets (endokarst) and from an intense dynamics at the interface rock/soil (epikarst), which integration favoured the appearing of multiple points of capture of the surficial waters according primary and secondary basins (coalescent dolines or sinkholes). Other common features are the big linear cliffs, canyons, blind-valleys and collapse dolines placed in fluviokarstic segments, as well as large lowered plains sazonally fooded (poljes). The underground channels net, structurally controlled, is presently connected to surface in most part, forming hundreds of caves. Paleontological sites of great value are associated to this environment, with specimens of the extinct pleistocenic megafauna, and also very important vestiges of the pre-historic human occupation in Brazil, among which, bones aging around 12 thousand years described by Peter Lund as the “Lagoa Santa Man”. The creation of an conservation unit called Environmental Protection Area (APA) increases the value of the natural and scientific patrimony and at the same time looks for to conciliate it with the conditions of intense urban and industrial development of the region. (Berbert-Born, 2002) |
Autores e coautores |
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Mylène Berbert-Born (Serviço Geológico do Brasil - CPRM) Avaliação Quantitativa: José Adilson Dias Cavalcanti (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH) |
Contexto
Geológico
Enquadramento Geológico Geral: |
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Unidade do Tempo Geológico (Eon, Era ou Período): |
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Neoproterozoico |
Ambiente Dominante: |
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Tipo de Unidade: | Unidade Litoestratigráfica |
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Nome: | Formação Sete Lagoas, Grupo Bambuí |
Outros: | |
Rocha Predominante: | Calcário |
Rocha Subordinada: | |
Tipo e dimensões do afloramento, contato, espessura, outras informações descritivas do sítio. : |
CONTEXTO GEOLÓGICO As rochas do Grupo Bambuí ocorrem recobrindo grande parte do cráton São Francisco e, na região a APA de Lagoa Santa, predominam as rochas da Formação Sete Lagoas (Fig. 2 e 3). A estratigrafia considerada aqui é aquela definida por Schöll (1976) e ampliada por Tuller et al. (1991) que reconheceram sete fácies deposicionais que compõem os membros Pedro Leopoldo e Lagoa Santa da Formação Sete Lagoas. Além do reconhecimento das variações faciológicas, reconheceu também as tectonofacies que controlam o arcabouço geomorfológico da região, em diversas escalas. A sequência carbonática é composta, na base (Membro Pedro Leopoldo), por calcários impuros ou silicosos, predominando calcissiltitos e calcilutitos finamente laminados com frequentes intercalações argilosas delgadas. A participação clástica é mais acentuada especialmente no contato com embasamento cristalino. O teor de carbonato de cálcio está sempre abaixo de 90% e pode chegar a 60% (Campos, 1994; Piló, 1998). Esta unidade pode atingir 80 metros de espessura (Campos, 1994; Tuller et al., 1991). Acima dos carbonatos do Membro Pedro Leopoldo, ocorre um pacote de calcarenitos homogêneos do Membro Lagoa Santa, com teor de CaCO3 superior a 94%, que podendo alcançar 200 metros de espessura, segundo Tuller et al. (op.cit.). Esta é a unidade mais sujeita à carstificação. O contato entre os dois membros é muito irregular, podendo ter caráter transicional ou interdigitado, com intercalações de até 20 metros de espessura entre ambos (Campos, 1994), ou ser brusco. A passagem da sequência carbonática para a pelítica da Formação Serra de Santa Helena também pode ser transicional, com a participação de camadas margosas intermediárias a ambas (Campos, 1994), ou em discordância (Tuller et al., 1991). Há locais, onde os pelitos foram depositados diretamente sobre os calcissiltitos basais. A sequência encontra-se variavelmente deformada, em grau de metamorfismo fraco, com predominância de estruturas subhorizontais. Assim, as laminações correspondem a foliações tectônicas coincidentes com o plano de acamamento original, este último já transposto, especialmente na metade oriental da área onde a deformação é mais intensa. Os veios carbonáticos e de quartzo observados nos planos da foliação de transposição reflete a grande mobilização associada a uma deformação de caráter dúctil. O sentido do movimento está bem expresso pela lineação mineral de estiramento de direção E-W e com caimento suave para E. As estruturas rúpteis são representadas por famílias de fraturas de alto ângulo (subverticais) cuja frequência e direções são variáveis sobre cada litotipo, e também em relação ao domínio estrutural ou deformacional. Nos calcários basais predominam estruturas associadas à tectônica dúctil, como as laminações plano-paralelas e onduladas. Nos calcários grosseiros sobrejacentes predomina a tectônica rúptil, onde o faturamento controla a configuração do relevo atual. Entre os principais famílias de fraturas, sobressaem as de direção E-W, N30-40E e N10-20W, podendo haver variações nos diferentes domínios estruturais. Os falhamentos normais identificados são responsáveis pela individualização de blocos estruturais e pelo alinhamento de escarpas e grupos de dolinamentos (Campos, 1994). DESCRIÇÃO DO GEOSSÍTIO A região de Lagoa Santa apresenta terrenos de geomorfologia cárstica, definidos por um relevo acidentado do tipo côncavo-convexo com formas superficiais próprias que resultam da dissolução de rochas carbonáticas e da estruturação de uma hidrografia com importantes componentes subterrâneos. Assim sendo, constitui-se de feições que lhes são típicas tanto em ambiente de superfície (domínio do exocarste), quanto no ambiente subterrâneo (domínio do endocarste), onde se articula uma trama de condutos de dimensões e morfologias variadas. As cavernas são consideradas uma das feições mais representativas da região. Existe ainda um terceiro domínio (epicarste) representado pela interface rocha-solo, particularmente significativo na configuração da paisagem de Lagoa Santa segundo Piló (1998). Relevo superficial – “exocarste” As unidades que melhor caracterizam a compartimentação regional do carste, e que possuem relação genética com o sistema hidrológico são: o planalto cárstico, as superfícies cársticas encobertas e a depressão de Mocambeiro (Auler, 1994). - Planalto Cárstico - Define as áreas com topografia fortemente irregular situada entre as cotas 850 e 700 metros, onde ocorrem grandes concentrações de formas cársticas: maciços aflorantes, paredões lineares, torres e verrugas lapiezadas, destacando-se a grande frequência de dolinas, especialmente as de dissolução e subsidência (aluviais). Neste compartimento incluem-se os desfiladeiros e abismos com altos paredões, o cinturão de uvalas e o planalto de dolinas individualizados em maior detalhe por Kohler (1989). A geomorfologia no planalto cárstico está fortemente vinculada à ocorrência dos calcários puros e homogêneos do Membro Lagoa Santa. Uma característica distintiva entre o relevo desenvolvido sobre calcarenitos calcíticos e os calcissiltitos silicosos, ainda que capeados por mantos pedológicos, refere-se à forma das vertentes das colinas que, segundo Campos (1994), é criteriosamente mais suave sobre os carbonatos silicosos comparativamente àquelas sobre os calcíticos. - Superfícies Cársticas Encobertas - São áreas com espesso manto de solo sobrejacente aos calcários, que limita a expressão das formas cársticas. Tais coberturas ocorrem especialmente nos segmentos ocidental e meridional da área. As rochas pelíticas que ocorrem sobre os calcários recobrem grandes extensões da área. Neste domínio há ocorrências sugestivas de feições cársticas, que podem derivar da carstificação que ocorre em profundidade nos carbonatos. - Depressão Mocambeiro - Corresponde a uma extensa planície rebaixada com cotas altimétricas em torno de 700 metros, limitada por colinas de vertentes abruptas e grandes afloramentos rochosos. Está alojada sobre um manto de solo argiloso que capeia os carbonatos silicosos da base da sequência carbonática, segundo furos de sondagem (Campos, 1994). É também descrita como um poljé. Interface rocha-solo – “epicarste” No carste de Lagoa Santa é possível observar um relevo rochoso irregular sob a cobertura pedológica que, de uma maneira geral, delineia a geometria geral das altas e médias vertentes do relevo superficial. Segundo Piló (1998), o relevo epicárstico é marcado por duas feições expressivas: i) formas residuais ruiniformes maiores tipo torres, e ii) lapiás de carste coberto. Pode haver afloramento parcial das feições residuais no perfil de vertentes, conformando as chamadas “verrugas”. Endocarste Definido pela trama de pequenas “fissuras” e cavernas que são fundamentais na dinâmica d’água. Dentro dos limites da área da APA de Lagoa Santa, foram registradas 387 cavernas (Fig. 3), chegando ao número de 500 se tomado o entorno, incluíndo o município de Sete Lagoas. Considerando a existência de grandes áreas ainda pouco prospectadas, este número serve para dar uma ideia do potencial a novas descobertas. - Características Gerais das Cavernas - No contexto espeleológico regional predominam cavernas de pequeno porte, a maioria com menos de 500 metros de extensão. As cavernas que ultrapassam 800 metros de desenvolvimento já se destacam no conjunto, a termos de dimensão: grutas do Baú, do Boi, Irmãos Piriá, Rei do Mato (turística), Buraco do Medo, Cerca Grande, Lemniskos, Morro Redondo e Cascata II. As maiores ocorrências registradas são a Gruta da Escada, com 1822 metros e Lapa Vermelha I, com 1870 metros. Morro Redondo apresenta o maior desnível total, de 75 metros, havendo um vão livre de 52 metros que interliga dois níveis morfologicamente distintos da caverna. As grutas Tobogã, Salitre, Morena e Lapa Nova de Maquiné, situadas mais ao norte, são também importantes regionalmente, sendo aquela última particularmente relevante por aspectos históricos e turísticos (Fig. 4). Em relação ao relevo externo, as cavernas afloram em grande diversidade de situações, associadas a várias tipologias de dolinas, escarpas e maciços rochosos. Condicionamento Geológico - Quanto a forma, arranjo, distribuição e frequência dos condutos nas cavernas, uma primeira distinção é determinada pela faciologia da sequência carbonática onde se desenvolveu o relevo cárstico. A grande maioria das cavernas se formou em calcarenito homogêneo, pertencente ao Membro Lagoa Santa (da Formação Sete Lagoas), onde relevo cárstico superficial é típico e tabém é onde se encontram os principais sistemas hidrológicos subterrâneos definidos na região. Estatisticamente, há predominância de condutos por certas direções coincidentes com as famílias de fraturas definidas. As galerias subterrâneas são maiores e muito mais frequentes na direção N75-85E e aproximadamente N-S (Berbert-Born et al., 1998). É esperado que as fraturas E-W sejam realmente estruturas mais aptas ao alargamento inicial, uma vez que elas devem representar o principal conjunto aberto da região em decorrência de processos tectônicos extensionais (Beato et al., 1992). O desenvolvimento preferencial de condutos na direção N-S é concordante com padrões locais de alinhamento de dolinas que podem refletir a influência da foliação sub-horizontal que tem leve mergulho para leste (Piló, 1998). Condicionamento hidrológico - Não obstante a caracterização das cavernas em função da configuração litoestratigráfica e estrutural tem-se ainda assim uma grande diversidade morfológica, resultante dos variantes hidrológicos locais. O planalto cárstico, por exemplo, é uma região de grande dinâmica hídrica, de captura e “transmissão” das águas pluviais rumo aos níveis de base locais. Em segmentos fluviocársticos, há cavernas tipicamente configuradas pelo fluxo rápido e turbulento de rios subterrâneos, com galerias vinculadas a diferentes hierarquias tributárias que são normalmente drenagens ativas por curto espaço de tempo. Algumas cavernas que atualmente estão secas, situadas acima do atual fundo das dolinas, com entradas lateralmente dispostas à “meia altura” das escarpas, sendo as grutas da Escada e Cerca Grande, exemplos típicos (Fig. 5). Há outras cavernas que são ótimos registros de diferentes fases evolutivas superpostas, como as cavernas do Baú, Escada e Lapa Vermelha (Fig. 5B e C). PALEONTOLOGIA E ARQUEOLOGIA Desde Peter Lund, um grande número de informações foi gerado nos campos da Paleontologia e Arqueologia. Há ainda um potencial enorme para pesquisas paleontológicas sistemáticas, considerando o grande número de cavernas menores quase desconhecidas e as suas características deposicionais. Entre o material paleontológico já revelado, destacam-se os componentes da fauna pleistocênica extinta, entre eles, preguiça gigante, tigre-dente-de-sabre, lhama, cavalo, tatu gigante, gliptodonte, mastodonte. A arqueologia de Lagoa Santa tem sua importância assegurada não só pelo seu papel na história dessa ciência no Brasil, mas também por suas revelações antropo-biológicas, pelos vestígios das mudanças ambientais no Holoceno e pelos indícios da presença do homem na paisagem e sua sobrevivência, bem como, pelos vestígios da tecnologia pré-histórica (indústrias lítica, do osso, de conchas, madeiras e cerâmica), segundo Prous et al., (1998). A existência de numerosos sítios com “grafismos parietais” elevam Lagoa Santa ao status de uma das mais importantes “províncias rupestres” do país, tendo uma particular importância as informações sobre a cronologia das pinturas e o reconhecimento de várias unidades estilísticas (Fig. 6). Pela primeira vez no Brasil, pinturas rupestres tiveram uma idade “semi-absoluta” (idade mínima) determinada, quando foram descobertos grafismos enterrados abaixo de níveis de ocupação datados por radiocarbono. Os primeiros grafismos tiveram idades reveladas de pelo menos 6.000 anos. O material arqueológico e paleontológico está reunido em coleções científicas e didáticas de instituições reconhecidas, e também em coleções particulares. Muito material foi levado ao exterior por Peter Lund. Citam-se as coleções do Museu de Zoologia de Copenhagen (Dinamarca), Museu do Homem de Paris, Museu Nacional (Rio de Janeiro), Museu de História Natural da UFMG (Belo Horizonte), Museu de Mineralogia da UFOP, Centro de Arqueologia Annette Laming-Emperaire (Lagoa Santa), Centro de Estudos Tecnológicos de Minas Gerais (CETEC/MG). Como coleção particular, cita-se o “Museu Arqueológico de Lapinha”. |
Paleontológico
Local de ocorrência |
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Ramos da Paleontologia: |
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Taxons conhecidos: |
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Caracterização Geológica
Rochas Sedimentares
Ambientes Sedimentares: |
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Ambientes: | Antigos |
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Tipos de Ambientes: |
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Descontinuidades Estratigráficas: |
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Rochas Ígneas
Categoria: | Não se aplica - Não se aplica |
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Aspectos Texturais: |
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Estruturas: |
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Rochas Metamórficas
Metamorfismo: |
Facie Metamorfismo: |
Texturas: |
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Estruturas: |
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Deformação das Rochas
Tipo de Deformação: | Dúctil / Rúptil |
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Regime Tectônico: | Compressional |
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Estruturas Lineares: |
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Estruturas Planas: |
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Feições de Relevo
FR2f - Praias | |
FR5c - Vales encaixados | |
FR11a - Colina | |
FR11b - Morro | |
FR12a - Dolina | |
FR12c - Uvalas | |
FR12d - Poljés | |
FR12e - Caverna | |
FR12f - Surgência e ressurgência | |
FR12g - Vales cegos | |
FR12h - Lagoas cársticas | |
FR12i - Maciços e paredões lapiezados | |
FR12j - Torres, humes e verrugas | |
FR11i - Cabeceira de drenagem | |
FR11j - Depressão | |
FR12m - Abismo | |
FR12n - Abrigo sob rocha | |
FR12b - Sumidouro |
Ilustração
Interesse
Dados
Pelo Conteúdo |
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Interesse associado |
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Pela sua possível utilização |
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Observações
Observações Gerais |
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A região de Lagoa Santa, localizada nas adjacências capital mineira Belo Horizonte, região centro-sul do estado de Minas Gerais, é um importante exemplar brasileiro de ambiente cárstico desenvolvido em rochas carbonáticas. Em termos de geomorfológicos, a região possui morfologia cárstica clássica com um conjunto diversificado de feições especialmente marcantes: i) grande quantidade de dolinas com tamanhos, formas e padrões diversificados; ii) maciços rochosos aflorantes ou parcialmente encobertos; iii) lagos com diferentes comportamentos hídricos, associados às dolinas ou em amplas planícies rebaixadas, e iv) uma complexa trama de condutos subterrâneos, comumente conectados com o relevo superficial e, assim, acessíveis ao homem. A todo esse conjunto feições, ocorrem pequenas formas de dissolução que esculpem os afloramentos rochosos (lapiás) e também é onde à vegetação lhe confere um aspecto peculiar, que marca uma paisagem de grande beleza cênica e, portanto, um importante atrativo turístico. Além do aspecto paisagístico, as propriedades físicas do carste de Lagoa Santa têm importância acadêmica por representarem bons exemplos dos processos dinâmicos integrados de dissolução, transporte, deposição clástica, precipitação química e erosão, no âmbito da superfície do terreno (exocarste), no subterrâneo (endocarste) e na interface rocha-solo (epicarste). O carste de Lagoa Santa também tem um significado especial para a história da ciência e da cultura do povo brasileiro. A região é considerada o berço da paleontologia, arqueologia e espeleologia. O pioneirismo das pesquisas é justificado, em princípio, por se tratar da região do país onde atualmente se registra o maior número de cavernas por área. Essa aglomeração de cavernas guarda grande quantidade de fósseis pleistocênicos, entre eles a chamada megafauna extinta, e “os vestígios mais importantes da ocupação humana pré-histórica no Brasil, que incluem painéis rupestres, utensílios e ossadas, cujos registros mais antigos são datados de aproximadamente 12.000 B.P.” (Prous et al., 1998). Outra característica que é singular ao carste de Lagoa Santa, dentre as demais áreas cársticas do país, é a expressiva ocupação antrópica que implica em risco à sua integridade. A região sofre expansão demográfica e representa um polo industrial e minerário de grande importância econômica. Essa situação conflitante, com crescente comprometimento da água, da vegetação e do relevo, foi um fator decisivo para o estabelecimento de uma Unidade de Conservação com atributo de Área de Proteção Ambiental (APA Carste de Lagoa Santa). A partir do seu zoneamento ecológico-econômico (Souza, 1998), espera-se que o desenvolvimento prossiga em coexistência harmônica ao patrimônio natural. |
Bibliografia |
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Imagens Representativas e Dados Gráficos
Conservação
Unidade de Conservação
Nome da UC | Tipo da UC | Unidade de Conservação | Situação da Uc |
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APA de Lagoa Santa (Privado) | UC de Uso Sustentável | Área de Proteção Ambiental |
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Parque Estadual do Sumidouro (Privado) | UC de Proteção Integral | Parque |
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Parque Estadual de Cerca Grande (Estadual) | UC de Proteção Integral | Parque |
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Proteção Indireta
Relatar: | |
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Uso e Ocupação
Propriedade do Terreno | ||||
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Público / |
Area Rural |
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Area Urbana |
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Fragilidade |
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Dificuldade de Acesso e aproveitamento do solo: |
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Quantificação
Valor Científico (indicativo do valor do conteúdo geocientífico do sítio ou do elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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A1 - Representatividade | 30 | O local ou elemento de interesse é o melhor exemplo, atualmente conhecido, na área de trabalho, para ilustrar elementos ou processos, relacionados com a área temática em questão (quando aplicável) | 4 |
A2 - Local-tipo | 20 | O local ou elemento de interesse é reconhecido como holostratótipo ou unidade litodêmica nos léxicos estratigráficos do Brasil e da Amazônia Legal ou documentos similares, ou é a fonte de um holótipo, neótipo ou lectótipo registrado em publicações científicas, de acordo com o código (ICZN, ICBN ou ICN) vigente na época da descrição e cadastrado na Base de Dados Paleo da CPRM ou bases similares ou é um sítio de referência da IMA; | 4 |
A3 - Reconhecimento científico | 5 | É um sítio já aprovado pela SIGEP e/ou existem artigos sobre o local de interesse em livro, em revistas científicas internacionais... | 4 |
A4 - Integridade | 15 | O local de interesse não está muito bem preservado, mas os principais elementos geológicos (relacionados com a categoria temática em questão, quando aplicável) ainda estão preservados | 2 |
A5 - Diversidade geológica | 5 | Local de interesse com 3 ou 4 tipos diferentes de aspectos geológicos com relevância científica | 2 |
A6 - Raridade | 15 | Existem, na área de estudo, 2-3 exemplos de locais semelhantes (representando a categoria temática em questão, quando aplicável) | 2 |
A7 - Limitações ao uso | 10 | É possível fazer amostragem ou trabalho de campo depois de ultrapassar as limitações existentes | 2 |
Valor Científico | 310 |
Risco de Degradação (dos valores geológicos retratados no sítio ou no elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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B1 - Deterioração de elementos geológicos | 35 | Possibilidade de deterioração dos elementos geológicos secundários | 2 |
B3 - Proteção legal | 20 | Local de interesse situado numa área com proteção legal, mas sem controle de acesso | 2 |
B5 - Densidade populacional | 10 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
B2 - Proximidade a áreas/atividades com potencial para causar degradação | 20 | Não se aplica. | 0 |
B4 - Acessibilidade | 15 | Não se aplica. | 0 |
Risco de Degradação | 120 |
Potencial Valor Educativo e Turístico (indicativo de interesse educativo e turístico associado ao valor científico do sítio, sujeito à análise complementar dos setores competentes)
Ítem | P.E | P.T | Resposta | Valor |
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C1 - Vulnerabilidade | 10 | 10 | Os elementos geológicos do local de interesse não apresentam possibilidade de deterioração por atividades antrópicas | 4 |
C2 - Acesso rodoviário | 10 | 10 | Local de interesse localizado a menos de 500 m de uma estrada asfaltada | 3 |
C3 - Caracterização do acesso ao sítio | 5 | 5 | O local de interesse é acessado por estudantes e turistas, mas só depois de ultrapassar certas limitações (autorizações, barreiras físicas, marés, inundações etc...) | 2 |
C5 - Logística | 5 | 5 | Existem restaurantes e alojamentos para grupos de 50 pessoas a menos de 15 km do local de interesse | 4 |
C6 - Densidade populacional | 5 | 5 | Local de interesse localizado num município com 100-250 habitantes por km2 | 2 |
C7 - Associação com outros valores | 5 | 5 | Existem diversos valores ecológicos e culturais a menos de 20 km do local de interesse | 3 |
C8 - Beleza cênica | 5 | 15 | Local de interesse habitualmente usado em campanhas turísticas do país, mostrando aspectos geológicos | 4 |
C9 - Singularidade | 5 | 10 | Ocorrência de aspectos únicos e raros no estado | 3 |
C10 - Condições de observação | 10 | 5 | Existem obstáculos que tornam difícil a observação de alguns elementos geológicos | 3 |
C11 - Potencial didático | 20 | 0 | Ocorrência de elementos geológicos que são ensinados em todos os níveis de ensino | 4 |
C12 - Diversidade geológica | 10 | 0 | Ocorrem 3 ou 4 tipos de elementos da geodiversidade | 3 |
C13 - Potencial para divulgação | 0 | 10 | Ocorrência de elementos geológicos que são evidentes e perceptíveis para todos os tipos de público | 4 |
C14 - Nível econômico | 0 | 5 | Local de interesse localizado num município com IDH superior ao que se verifica no estado | 3 |
C15 - Proximidade a zonas recreativas | 0 | 5 | Local de interesse localizado a menos de 20 km de uma zona recreativa ou com atrações turísticas | 1 |
C4 - Segurança | 10 | 10 | Não se aplica. | 0 |
Valor Educativo | 300 | |||
Valor Turístico | 290 |
Classificação do sítio
Relevância: | Geossítio de relevância Internacional |
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Valor Científico: | 310 |
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Valor Educativo: | 300 (Relevância Nacional) |
Valor Turístico: | 290 (Relevância Nacional) |
Risco de Degradação: | 120 (Risco Baixo) |
Recomendação
Urgência à Proteção global: | Necessário a longo prazo |
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Urgência à Proteção devido a atividades didáticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades turísticas: | Necessário a longo prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades científicas: | Necessário a longo prazo |
Unidade de Conservação Recomendado: | UC de Proteção Integral - |
Justificativa: |
Coordenadas do polígono de proteção existente ou sugerido
Responsável
Nome: | Jose Adilson Dias Cavalcanti |
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Email: | jose.adilson@cprm.gov.br |
Profissão: | Geólogo |
Instituição: | Serviço Geológico do Brasil - SGB-CPRM |
Currículo Lattes: | http://lattes.cnpq.br/5968564202453915 |