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Cachoeira da Casca D’Anta, São Roque de Minas, MG: Berço do Velho Chico, o rio da integração nacional
São Roque de Minas -
MG , Lat.:
-20.301111221 Long.:
-46.521945953
Última alteração: 25/11/2020 09:50:42
Última alteração: 25/11/2020 09:50:42
Status: Consistido
Geossitio de Relevância Nacional
Valor Científico:
240
Valor Educativo:
290 (Relevância Nacional)
Valor Turístico:
265 (Relevância Nacional)
Risco de Degradação:
115 (Risco Baixo)
Identificação
Designação
Nome do Sítio: | Cachoeira da Casca D’Anta, São Roque de Minas, MG: Berço do Velho Chico, o rio da integração nacional |
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Título Representativo: | |
Classificação temática principal: | Geomorfologia |
Classificação temática secundária: | |
Registro SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) com o Nº com o Nº: | 27 |
Sítio pertence a um geoparque ou proposta de geoparque: | Não |
Localização
Latitude: | -20.301111221 |
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Longitude: | -46.521945953 |
Datum: | SIRGAS2000 |
Cota: | m |
Estado: | MG |
Município: | São Roque de Minas |
Distrito: | São José do Barreiro |
Local: | Parque Nacional da Serra da Canastra |
Ponto de apoio mais próximo: | São Roque de Minas |
Ponto de referência rodoviária: | Belo Horizonte |
Acesso: | A Cachoeira da Casca d’Anta está situada na Serra da Canastra no sudoeste de Minas Gerais, nas coordenadas 20º18’04"S – 46º31’19"W (Fig. 1 e 2). Ela pode ser acessada a partir de Belo Horizonte pela rodovia MG-050 passando por Divinópolis e Formiga. Na altura de Piumhi, toma-se a rodovia MG-341 até Vargem Bonita. Tal percurso, com 330 km extensão, é feito por estradas asfaltadas. A partir dessa cidade, o caminho à cachoeira é feito por estrada municipal de terra em direção a São José do Barreiro, pertencente ao município de São Roque de Minas, e por fim até uma das entradas do Parque Nacional da Serra da Canastra (24 km), de onde se alcança por trilha a parte baixa da cachoeira. A parte alta é acessada de carro após longo percurso passando por São Roque de Minas (mais 15 km desde Vargem Bonita), e a partir daí, rumo a Desemboque, percorre-se uma distância de 35 km na área do parque, sempre em estradas de terra. |
Imagem de identificação
Resumo
Resumo |
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O rio São Francisco nasce em cotas próximas a 1.350 m de altitude, na Serra da Canastra, localizado no sudoeste do Estado de Minas Gerais. Conhecido popularmente como “Velho Chico” ou como “Rio da Integração Nacional” é o mais longo dos rios que fluem inteiramente no país, com mais que 3.000 km de extensão. A Cachoeira da Casca d’Anta, situada a cerca de 20 km de sua nascente, representa o maior desnível de todo o rio. Local de grande beleza cênica, a cachoeira tem sido retratada desde o início do século XIX, e por sua posição na escarpa da Serra da Canastra apresenta também importância geológica estrutural. Neste setor da serra, uma extensa falha de empurrão coloca as rochas quartzíticas do Grupo Canastra (mais antigas) sobre a sequência pelito-carbonática do Grupo Bambuí (mais jovem), ambas as sequências pré-cambrianas. A região é fortemente controlada por uma tectônica rúptil NW-SE, que permitiu o alojamento de dezenas de intrusões kimberlíticas, algumas delas portadoras de diamantes. Esse arranjo estrutural foi gerado durante o Ciclo Brasiliano, no final do Neoproterozoico. Geomorfologicamente, o platô que define o alto serrano entre as cotas 1.350 e 1.250 m, que é correlacionado à superfície de aplainamento “Pós-Gondwana”, do Cretáceo Superior. A área onde se encontra a cachoeira Casca d´Anta esta inserida no Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972, o que tornou a área muito bem protegida. (Chaves et al. 2009) |
Abstract |
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The São Francisco River borns in the Canastra Range up to 1350 m high, at the southwestern of the state of Minas Gerais. Also popularly known as the “Old Chico” or the “National Integration River”, it is one of the longest Brazilian rivers that flows entirely inside the country, reaching more than 3000 km in extension. The Casca d’Anta Waterfall, placed ca. 20 km downstream of its source, is considered the point with higher topographic amplitude along the whole river channel. Because of its strong scenic beauty, this waterfall has been portrayed since the beginning of the XIX century. Besides, due to its position at the Canastra Range slope, this site also presents a structural geology importance, because there youngest pelitic-carbonate rocks of the Bambuí Group has been thrown over older quartzitic rocks of the Canastra Group by a long thrust fault, both sequences of Precambrian age. This region is strongly dominated by a NW-SE brittle tectonic setting that has led to the emplacement of dozens of kimberlite intrusions, sometimes including diamonds. This structural framework was established during the Brasiliano Cycle, by the end of Neoproterozoic era. In a geomorphologic view, the plateau where altitudes varies between 1350-1250 m, is related to the “Pós-Gondwana” plain surface, of Upper Cretaceous age. Since 1972, when the Canastra Range National Park was created where the waterfall is located, the area became one of the most famous conservation units of the country what makes this region to be conveniently protected. (Chaves et al. 2009) |
Autores e coautores |
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Mario Luiz de Sá Carneiro Chaves (Instituto de Geociências da UFMG) Leila Benitez (Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFES) Kerley Wanderson Andrade (GEOMIL - Serviços de Mineração Ltda.) Avaliação Quantitativa: José Adilson Dias Cavalcanti (Serviço Geológico do Brasil, CPRM, Sureg-BH) |
Contexto
Geológico
Enquadramento Geológico Geral: |
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Unidade do Tempo Geológico (Eon, Era ou Período): |
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Ambiente Dominante: |
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Tipo de Unidade: | |
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Nome: | |
Outros: | |
Rocha Predominante: | |
Rocha Subordinada: | |
Tipo e dimensões do afloramento, contato, espessura, outras informações descritivas do sítio. : |
Paleontológico
Local de ocorrência |
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Ramos da Paleontologia: |
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Taxons conhecidos: |
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Caracterização Geológica
Rochas Sedimentares
Ambientes Sedimentares: |
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Ambientes: | Antigos |
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Tipos de Ambientes: |
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Descontinuidades Estratigráficas: |
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Rochas Ígneas
Categoria: | Não se aplica - Não se aplica |
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Aspectos Texturais: |
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Estruturas: |
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Rochas Metamórficas
Metamorfismo: |
Facie Metamorfismo: |
Texturas: |
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Estruturas: |
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Deformação das Rochas
Tipo de Deformação: | Dúctil / Rúptil |
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Regime Tectônico: | Compressional |
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Estruturas Lineares: |
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Estruturas Planas: |
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Feições de Relevo
FR1b - Terraços Fluviais | |
FR1d - Leques Aluviais | |
FR5c - Vales encaixados | |
FR5d - Corredeiras | |
FR5e - Cachoeiras | |
FR6a - Superfícies de aplainamento | |
FR11a - Colina | |
FR11d - Serra | |
FR11f - Crista | |
FR11i - Cabeceira de drenagem |
Ilustração
Interesse
Dados
Pelo Conteúdo |
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Interesse associado |
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Pela sua possível utilização |
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Observações
Observações Gerais |
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O Rio São Francisco tem sua nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais, nas cotas próximas a 1.350 m de altitude, e sua extensa bacia hidrográfica abrange grande parte do oeste do estado. No local denominado Casca d’Anta, cerca de 20 km da nascente, uma cachoeira com 200 m de altura constitui o maior desnível do rio. Popularmente designado de “Velho Chico”, conhecido também como o “Santo Rio” e ainda o “Rio da Integração Nacional”, é o mais longo dos rios que correm inteiramente no país. Com 3.161 km de extensão, desemboca no Oceano Atlântico entre os estados de Sergipe e Alagoas. Ele foi conhecido inicialmente pelos europeus na sua foz onde, em 4 de outubro de 1501, o navegador genovês Américo Vespúcio o batizou em homenagem a São Francisco de Assis, festejado naquela data. Os indígenas dali o chamavam de “Opará”, que significa algo como rio-mar. A Cachoeira da Casca d’Anta representa um marco geomorfológico excepcional do Rio São Francisco pela localização na escarpa da Serra do Canastra, possuindo, também, importância histórica e turística, o que justificou, entre outros atributos da área, a criação do Parque Nacional da Serra da Canastra em 1972. Diversas pesquisas vêm sendo feitas nessa região desde a década de 1990, visando principalmente o conhecimento da(s) possível(is) fonte(s) dos diamantes encontrados em terraços aluvionares do rio, a jusante da cachoeira (Chaves, 1999; Chaves & Benitez, 2007; Chaves et al., 2008). O sítio Cachoeira da Casca d’Anta, no Rio São Francisco, integra-se à borda da Serra da Canastra, e constitui um cenário de grande beleza paisagística, com vegetação de transição entre a mata atlântica e o cerrado. Nessa área predominam os campos de altitude que abrigam inúmeras espécies da fauna e flora do cerrado, onde a água é o fator preponderante, e cujo número de pequenas nascentes chegam às centenas. Contexto geomorfológico Com suas nascentes no extenso platô desenvolvido sobre a Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, o Rio São Francisco apresenta como primeira e uma das maiores expressões de sua grandeza a Cachoeira da Casca d’Anta. Com cerca de 200 m de altura, a cachoeira se destaca na paisagem pelo efeito da regressão de escarpa promovida pelas águas provenientes das nascentes do rio, em local fortemente controlado pela estrutura geológica. A escarpa quase vertical por onde a água da cachoeira despenca, é definida por uma grande falha de empurrão, de direção aproximada NW-SE com mergulhos fracos para NE. A falha coloca unidades geológicas mais antigas (Grupo Canastra) sobre unidades mais novas (Grupo Bambuí), e a quebra de relevo é controlada por um contato de falha que é facilmente reconhecível em imagens de satélite (Fig. 3a). Provavelmente, fraturamentos transversais que ocorrem a nível regional também contribuíram para a configuração da cachoeira. Em termos geomorfológicos, a Serra da Canastra também constitui uma estrutura de direção NW-SE, extremamente alargada ao norte, que é divisora de águas dos rios que fluem para SE na bacia do Rio São Francisco (os rios Samburá e Bambuí), daqueles que vertem para a bacia do Rio Paranaíba a N-NE (os rios Quebra-Anzol e Araguari) e ainda os pequenos rios que fluem para a bacia do Rio Grande a S-SW. Essa região separa contextos geomorfológicos bastante distintos: o Planalto Central brasileiro a norte, a bacia do São Francisco a leste e a depressão do Rio Grande a sul e oeste. De acordo com Barbosa et al. (1970), na faixa deste planalto divisor encontram-se restos de uma superfície de aplainamento, variável entre 1.350 e 1.250 m na na Serra da Canastra (Fig. 5) até aproximadamente 1000 m em Sacramento (a sudoeste) e Coromandel (a norte), o que indicaria um forte pendor para essas direções. Contudo, Braun (1971) questiou esse desnivelamento regional, considerando a altitude inferior como pertencente à superfície “Sul-Americana”, de idade terciária. Na Serra da Canastra, a superfície de 1.350-1.250 m secciona níveis quartzíticos pré-cambrianos e unidades cretáceas; por conseguinte é mais jovem do que essas unidades. Tal superfície foi designada de “Canastra” por Barbosa (1955), “Pós-Gondwana” por King (1956) e “Pratinha” por Almeida (1956). O “Chapadão da Babilônia”, cuja borda sul já pertence à bacia do Rio Grande, se caracteriza por incluir restos dissecados desse ciclo (Fig. 3b). A partir dessa superfície de aplainamento e de seus relevos residuais deu-se a dissecação do modelado regional, propiciado pelo soerguimento epirogenético ocorrido após a estabilização cretácea, enquanto a zona cratônica sofria soerguimento lento e contínuo. Durante o Terciário, moldaram-se outras superfícies aplainadas. Ao norte da Serra da Canastra ocorre uma superfície rebaixada, observável entre 1.200 m na “chaminé” alcalina de Tapira e 1.100 m na “chaminé” de Araxá, a qual se apresenta em restos de pequena expressão sobre o relevo arrasado. Essa segunda superfície deve corresponder também ao que King (1956) denominou de superfície “Sul-Americana”, possuindo grande importância econômica uma vez que o intemperismo relacionado a este ciclo foi responsável pela mineralização de nióbio e fosfato nos maciços alcalinos (Braun, 1971). Ao sul da Canastra, a mesma superfície aparece em direção ao vale do Rio São Francisco e ao sul do Rio Grande. Na porção superior do Médio São Francisco observa-se uma terceira superfície, de cotas entre 900-800 m, que Barbosa et al. (1970) correlacionaram à superfície “Araxá”, descrita por Barbosa (1955). Ainda no âmbito dessa bacia, uma faixa tendo o rio como eixo abriga outra superfície mais baixa, da ordem de 700-600m. Barbosa et al. (1970) sugeriram que tal superfície poderia corresponder ao ciclo “Velhas” de King (1956). Essas duas últimas superfícies, talvez do Pleistoceno, poderiam também representar distintos estágios de evolução de uma mesma fase de aplainamento. Elas ainda não foram datadas precisamente na região, e encontram-se na atualidade sendo objeto de estudos. Os terraços que são explorados para diamantes a jusante da Cachoeira da Casca d’Anta provavelmente relacionam-se a uma dessas superfícies ou de seus estágios evolutivos. |
Bibliografia |
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Alkmim, F.F.; Brito-Neves, B.B.; Alves, J.A.C. 1993. Arcabouço tectônico do Cráton do São Francisco – uma revisão. In: J.M. Domingues & A. Misi (Eds.), O Cráton do São Francisco. Salvador, Convênio SBG-SGM-CNPq, p.45-62. Almeida, F.F.M. 1956. Botucatu, um deserto triássico da América do Sul, Brasil. Notas Preliminares e Estudos DGM/DNPM, 86:1-21. Almeida, F.F.M. 1977. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7: 349-364. Barbosa, O. 1955. Guia das Excursões do IX Congresso Brasileiro de Geologia. Rio de Janeiro, Noticiário 3, p.1-5. Barbosa, O.; Braun, O.P.G.; Dyer, R.C.; Cunha, C.A.B.R. 1967. Projeto Chaminés: geologia da região do Triângulo Mineiro. Petrópolis, Convênio DNPM/PROSPEC, Relatório Final, 116p. Barbosa, O.; Braun, O.P.G.; Dyer, R.C.; Cunha, C.A.B.R. 1970. Geologia da região do Triângulo Mineiro. Boletim DNPM/DFPM, 136:1-140. BRASIL, 1972. Decreto nº 70.355, de 3 de abril de 1972. Cria o Parque Nacional da Serra da Canastra, no Estado de Minas Gerais, com os limites que especifica, e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 4 de abril de 1972. Braun, O.P.G. 1971. Contribuição à geomorfologia do Brasil Central. Revista Brasileira de Geografia, 32:3-39. Chaves, M.L.S.C. 1999. Geologia e mineralogia do diamante da região de Vargem Bonita, Minas Gerais. Belo Horizonte, Projeto de Pesquisa CNPq-UFMG 23072.027794-05, Relatório Final, 10p. (Inédito). Chaves, M.L.S.C.; Benitez, L. 2007. Kimberlito Canastra-1 (São Roque de Minas, MG): primeira reserva diamantífera primária comprovada do país. In: Simpósio de Geologia de Minas Gerais, 14, Diamantina. Anais: 129-129. Chaves, M.L.S.C.; Benitez, L.; Andrade, K.W. 2009. Cachoeira da Casca D’Anta, São Roque de Minas, MG: Berço do Velho Chico, o rio da integração nacional. SIGEP 27. In: Winge et al. 2009, Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil, Volume 2. SIGEP- CPRM, p. 151-162. Chaves, M.L.S.C.; Brandão, P.R.G.; Girodo, A.C.; Benitez, L. 2008. Kimberlito Canastra-1 (São Roque de Minas, MG): geologia, mineralogia e reservas diamantíferas. Revista da Escola de Minas, 61: 357-364. CPRM, 2014. Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, Escala 1:1.000.000. Formato Digital. Disponível em: http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa. EMBRAPA, 2004. Brasil Visto do Espaço. In: E.E. Miranda & A.C. Coutinho, coords., Embrapa Monitoramento por Satélite. Campinas, Disponível em Heineck, C.A.; Leite, C.A.S.; Silva, M.A.; Vieira,V.S. 2003. Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais, Escala 1:1.000.000. Belo Horizonte, Convênio COMIG/CPRM, 1 folha. King, L.C. 1956. A geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia, 18: 147-265. Lamego, A.R. 1935. Contribuição à geologia do Valle do Rio Grande, Minas Gerais. Boletim do Serviço Geológico e Mineralógico, 70:1-29. Liber Herbarum Minor, 2008. Disponível em Pereira, R.S.; Fuck, R.A. 2005. Archean nucleii and the distribution of kimberlite and related rocks in the São Francisco craton, Brazil. Revista Brasileira de Geociências, 35: 93-104. Saint-Hilaire, A. 1847. Voyages dans l’Intérieur du Brésil – Troisiéme Partie: Voyage aux Sources du Rio de S. Francisco. Paris: Arthus Bertrand Librarie-Éditeur (Tradução Regina R. Junqueira, Ed. Itatiaia/EDUSP, Belo Horizonte, 1975, 190p. |
Imagens Representativas e Dados Gráficos
Conservação
Unidade de Conservação
Nome da UC | Tipo da UC | Unidade de Conservação | Situação da Uc |
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Parque Nacional da Serra da Canastra ( Federal) | UC de Proteção Integral | Parque |
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Proteção Indireta
Corredor Ecológico: |
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Relatar: | |
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A Cachoeira da Casca d’Anta encontra-se inserida na área do Parque Nacional da Serra da Canastra, uma das mais importantes e afamadas unidades de conservação do país. O ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) é o órgão responsável pela manutenção e administração do parque através do escritório mantido na cidade de São Roque de Minas. O parque foi criado em 1972, a partir do Decreto nº 70.355 com o objetivo principal de proteger as nascentes do Rio São Francisco (BRASIL, 1972), que brota no imenso chapadão como um pequeno “olho d’água” (Fig. 10) e muitos outros ribeirões, bem como manter amostra representativa dos campos de altitude e de conservar sítios arqueológicos históricos. A criação do parque, então administrado pelo IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) em uma época ainda de pouca conscientização ecológica, veio como resposta a uma forte seca que, pela primeira vez na história, interrompeu a navegação no médio/baixo Rio São Francisco. Tal fato desencadeou uma mobilização da sociedade que mostrou ao poder público a necessidade de proteção das nascentes do rio. Pelo decreto original, o parque deveria possuir cerca de 200 mil hectares, entretanto posteriormente (1974) o Governo Federal declarou de interesse social, para fins de desapropriação, uma área de aproximadamente 106 mil hectares, sendo que deste montante apenas 71.525 hectares foram efetivamente desapropriados. O IBDF, sucedido pelo IBAMA e agora o ICMBio, passou a gerenciar a unidade de conservação segundo os últimos limites. De tal maneira, diversos atos administrativos governamentais, tais como expedição de licenças ambientais e de títulos minerários para extração de quartzitos e pesquisa de diamante, permitiram a instalação de novas atividades na área “exclusa” do parque, de cerca de 130 mil hectares. Somente em 2001, com o processo de elaboração de um novo plano de manejo (concluído em 2005), o IBAMA constatou o equívoco institucional e passou a reconhecer novamente a área do parque em aproximadamente 200 mil hectares (Fig. 11). Ressalta-se, entretanto, que a Cachoeira da Casca d´Anta já se encontrava dentro da área protegida dos 71 mil hectares originais e, portanto, o sítio apresenta um reduzido grau de vulnerabilidade. Esse aspecto é relevante, não apenas pela localização da cachoeira, como também, pelo fato de que as atividades potencialmente degradantes que ocorriam nas proximidades, destacando-se o garimpo/mineração de diamantes, estarem controladas pelos órgãos responsáveis. Outro fator de grande importância ecológica do sítio é a ocorrência de diversos animais, facilmente observáveis nas proximidades da parte alta da cachoeira, como o tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o tatu canastra (Priodontes giganteus) e o lobo guará (Chrysocion brachyurus). Ressaltando ainda esta característica, pode-se também citar a intensa atividade observadora de pássaros, que conta com muitas espécies destacando-se o pato mergulhão (Mergus octosetaceus). Essa ave tem a área como um dos seus dois únicos habitats no país (o outro é no Rio do Sono, em Tocantins), estando incluso na lista de espécies brasileiras com alto risco de extinção, mas que no local encontra-se devidamente protegida pela existência do parque. Video sobre o parque Nacional da Serra da Canastra - https://tvbrasil.ebc.com.br/parques-do-brasil/2018/08/parque-nacional-da-serra-da-canastra |
Uso e Ocupação
Propriedade do Terreno | ||||
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Público / Federal |
Area Rural |
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Area Urbana |
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Fragilidade |
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Razoável |
Dificuldade de Acesso e aproveitamento do solo: |
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A partir de Vargem Bonita, o caminho à cachoeira é feito por estrada municipal de terra em direção a São José do Barreiro, pertencente ao município de São Roque de Minas, e por fim até uma das entradas do Parque Nacional da Serra da Canastra (24 km), de onde se alcança por trilha a parte baixa da cachoeira. A parte alta é acessada de carro após longo percurso passando por São Roque de Minas (mais 15 km desde Vargem Bonita), e a partir daí, rumo a Desemboque, percorre-se uma distância de 35 km na área do parque, sempre em estradas de terra. |
Quantificação
Valor Científico (indicativo do valor do conteúdo geocientífico do sítio ou do elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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A1 - Representatividade | 30 | O local ou elemento de interesse é um bom exemplo para ilustrar elementos ou processos, relacionados com a área temática em questão (quando aplicável) | 2 |
A2 - Local-tipo | 20 | O local ou elemento de interesse é reconhecido, na área de trabalho, como local-tipo secundário, sendo a fonte de um parastratótipo, unidade litodêmica ou de um parátipo | 2 |
A3 - Reconhecimento científico | 5 | É um sítio já aprovado pela SIGEP e/ou existem artigos sobre o local de interesse em livro, em revistas científicas internacionais... | 4 |
A4 - Integridade | 15 | Os principais elementos geológicos (relacionados com a categoria temática em questão, quando aplicável) estão muito bem preservados | 4 |
A5 - Diversidade geológica | 5 | Local de interesse com 3 ou 4 tipos diferentes de aspectos geológicos com relevância científica | 2 |
A6 - Raridade | 15 | Existem, na área de estudo, 2-3 exemplos de locais semelhantes (representando a categoria temática em questão, quando aplicável) | 2 |
A7 - Limitações ao uso | 10 | É possível fazer amostragem ou trabalho de campo depois de ultrapassar as limitações existentes | 2 |
Valor Científico | 240 |
Risco de Degradação (dos valores geológicos retratados no sítio ou no elemento geológico)
Ítem | Peso | Resposta | Valor |
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B1 - Deterioração de elementos geológicos | 35 | Existem reduzidas possibilidades de deterioração dos elementos geológicos secundários | 1 |
B2 - Proximidade a áreas/atividades com potencial para causar degradação | 20 | Local de interesse situado a mais de 1000 m de área/atividade com potencial para causar degradação | 1 |
B3 - Proteção legal | 20 | Local de interesse situado numa área com proteção legal e com controle de acesso | 1 |
B4 - Acessibilidade | 15 | Local de interesse acessível por veículo em estrada não asfaltada | 2 |
B5 - Densidade populacional | 10 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
Risco de Degradação | 115 |
Potencial Valor Educativo e Turístico (indicativo de interesse educativo e turístico associado ao valor científico do sítio, sujeito à análise complementar dos setores competentes)
Ítem | P.E | P.T | Resposta | Valor |
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C1 - Vulnerabilidade | 10 | 10 | Possibilidade de deterioração de elementos geológicos secundários por atividade antrópica | 3 |
C2 - Acesso rodoviário | 10 | 10 | Local de interesse acessível por veículo em estrada não asfaltada | 2 |
C3 - Caracterização do acesso ao sítio | 5 | 5 | O local de interesse é acessado sem limitações por estudantes e turistas | 4 |
C4 - Segurança | 10 | 10 | Local de interesse sem infraestrutura de segurança (vedações, escadas, corrimões, etc.) nem rede de comunicações móveis e situado a mais de 50 km de serviços de socorro | 1 |
C5 - Logística | 5 | 5 | Existem restaurantes e alojamentos para grupos de 50 pessoas a menos de 50 km do local de interesse | 3 |
C6 - Densidade populacional | 5 | 5 | Local de interesse localizado num município com menos de 100 habitantes por km2 | 1 |
C7 - Associação com outros valores | 5 | 5 | Existem diversos valores ecológicos e culturais a menos de 10 km do local de interesse | 4 |
C8 - Beleza cênica | 5 | 15 | Local de interesse habitualmente usado em campanhas turísticas do país, mostrando aspectos geológicos | 4 |
C9 - Singularidade | 5 | 10 | Ocorrência de aspectos únicos e raros na região | 2 |
C10 - Condições de observação | 10 | 5 | A observação de todos os elementos geológicos é feita em boas condições | 4 |
C11 - Potencial didático | 20 | 0 | Ocorrência de elementos geológicos que são ensinados em todos os níveis de ensino | 4 |
C12 - Diversidade geológica | 10 | 0 | Ocorrem 2 tipos de elementos da geodiversidade | 2 |
C13 - Potencial para divulgação | 0 | 10 | O público necessita de algum conhecimento geológico para entender os elementos geológicos que ocorrem no sítio | 3 |
C14 - Nível econômico | 0 | 5 | Local de interesse localizado num município com IDH inferior ao se verifica no estado | 1 |
C15 - Proximidade a zonas recreativas | 0 | 5 | Local de interesse localizado a menos de 15 km de uma zona recreativa ou com atrações turísticas | 2 |
Valor Educativo | 290 | |||
Valor Turístico | 265 |
Classificação do sítio
Relevância: | Geossítio de relevância Nacional |
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Valor Científico: | 240 |
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Valor Educativo: | 290 (Relevância Nacional) |
Valor Turístico: | 265 (Relevância Nacional) |
Risco de Degradação: | 115 (Risco Baixo) |
Recomendação
Urgência à Proteção global: | Necessário a médio prazo |
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Urgência à Proteção devido a atividades didáticas: | Necessário a médio prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades turísticas: | Necessário a médio prazo |
Urgência à Proteção devido a atividades científicas: | Necessário a médio prazo |
Unidade de Conservação Recomendado: | UC de Proteção Integral - |
Justificativa: |
Coordenadas do polígono de proteção existente ou sugerido
Responsável
Nome: | Jose Adilson Dias Cavalcanti |
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Email: | jose.adilson@cprm.gov.br |
Profissão: | Geólogo |
Instituição: | Serviço Geológico do Brasil - SGB-CPRM |
Currículo Lattes: | http://lattes.cnpq.br/5968564202453915 |