Segundo London (2018), pegmatitos são rochas de composição principalmente granítica, formadas essencialmente por quartzo, feldspato potássico, plagioclásio e micas, que possuem cristais de granulação extremamente grossa, e apresentam variação sistemática no tamanho dos cristais e/ou abundância de cristais com hábito gráfico, esqueletal, além de outros com crescimento fortemente direcional, e com um proeminente zoneamento espacial da assembleia mineral, incluindo zonas monominerálicas. Qualquer um desses atributos texturais pode ser o suficiente para definir um corpo pegmatítico, no entanto, eles tendem a ocorrer associados.
A geração dos pegmatitos está associada à cristalização de líquido magmático gerado a partir da fusão de rochas (Cerny, 1991c). Líquidos fundidos ricos em voláteis são reconhecidos como a fonte intermediária para a geração de pegmatitos tipo elemento raro. Dessa forma, a fonte parental desse líquido magmático é uma questão relevante para compreender a origem desse grupo de pegmatitos (Cerny, 1991c).
A formação desse líquido fundido costuma ser associada à fusão de grandes intrusões graníticas, que são consideradas como provável origem parental (Cerny, 1991c). Os pegmatitos seriam formados através de fracionamento, imiscibilidade e enriquecimento de voláteis do líquido da fusão formado a partir desses granitos (e.g.: Cerny 1991a, b, London 2008, Cerny et al., 2012). Em alguns casos os campos pegmatíticos apresentam zoneamento químico regional, sugerindo a associação genética a esses granitos.
Como a correlação geoquímica, espacial ou geocronológica nem sempre é observada entre granitos e pegmatitos, é possível afirmar que o tradicional modelo de fracionamento a partir de granitos parentais seja apenas um dos processos capazes de gerar pegmatitos tipo elemento raro e que diferentes processos poderiam resultar em produtos semelhantes, isto é, pegmatitos tipo elemento raro altamente evoluídos (Muller et al. 2017).
Há ainda diversos autores que consideram que a origem dos pegmatitos tipo elemento raro seja anatética, tendo como base as similaridades composicionais entre os pegmatitos e os xistos encaixantes (e.g. Shaw et al., 2016; Simmons et al., 2016; Muller et al., 2017). A questão associada à origem dos pegmatitos tipo elemento raro segue em discussão e possui grande importância, na medida em que novos modelos possam ser utilizados para a descoberta de novos depósitos e a melhor compreensão dos já existentes.
Os pegmatitos são uma das principais fontes minerais para uma grande quantidade de metais raros e elementos exóticos, como Li, Rb, Cs, Be, Ga, Sc, Y, ETR (Elementos Terras Raras), Sn, Nb, Ta, U, Th, Zr e Hf, utilizados nas principais indústrias de tecnologia, além de uma fonte importante de insumos para a indústria cerâmica e construção civil, sendo fonte de feldspatos, quartzo, micas. Nos pegmatitos também são encontradas grandes variedades de gemas, como turmalinas e água marinha (Cerny, 1992 e Cerny & Ecrit 2005).
O lítio em pegmatitos está associado à presença de alguns minerais, sendo os mais comuns: espodumênio, petalita, ambligonita, montebrasita, lepidolita e trifilita. Boa parte deles é ou tem potencial para ser considerado minerais de minério, sendo o espodumênio e a petalita os mais utilizados pelas indústrias na fabricação de baterias amplamente utilizadas nos aparelhos eletrônicos e carros elétricos.